11. A JOGADA DE HOSANA

9 0 0
                                    


Ao retorno de Gerald e Nicole a São Paulo, a campanha eleitoral de Gerald recupera o vigor anterior.

Pedro Roth aciona a máquina e Gerald torna-se outra vez presença constante na televisão, rádio e jornais. Fala para grande multidão no Rio de Janeiro e em São Paulo, sempre afirmando que o novo estado precisará de empresários. Lá receberão subsídios do governo estadual para desenvolver Tapajós. Realiza comícios em várias montadoras de automóveis como a Audi, Renault, Volkswagen, Toyota, em Curitiba, no Paraná. Fala sobre as imensas possibilidades de se ganhar dinheiro num estado que está apenas começando. E isso será apenas o início de uma aventura, fadada a dar certo.

Pedro Roth prepara ônibus de campanha para levar Gerald em todos os municípios do estado de Tapajós, inclusive aos lugarejos mais incipientes. Ele garante aos habitantes que haverá empregos, casa, boa educação para os filhos e que Tapajós despontará no cenário nacional.

Ocorre grande almoço em homenagem a Gerald. Servem pato no tucupi, acompanhado de arroz branco e farinha de mandioca, comida tradicional do Pará.

Os índices de Gerald nas pesquisas sobem com rapidez. A única interrupção na campanha é motivada por seu casamento.

Enquanto isso, Gerald está em extrema apreensão. Conversa a respeito com Pedro Roth.

— Acha que Hosana fará alguma coisa para me prejudicar, não é?

— Claro que não. E mesmo que ela queira, fará o quê? Esqueça ela.

Gerald espera que Roth tenha razão. Afinal, tudo corre às mil maravilhas. Não há razão para preocupações. Nada poderá detê-lo agora.

***

No final da tarde do dia da eleição, Hosana senta sozinha em seu apartamento, diante da tevê, acompanhando a apuração. Município por município, a vantagem de Gerald se amplia cada vez mais. Quando faltam cinco minutos para a meia-noite, o candidato Adilson faz seu discurso de reconhecimento da derrota. Hosana desliga a televisão. Levanta-se decidida. Está na hora.

***

O senador Roberto Denis está com a manhã movimentada. Voa para São José dos Pinhais, no Paraná, para passar o dia, a fim de participar de leilão, para compra de um puro-sangue especial.

— É preciso manter as linhagens — explica ele a Pedro Roth, enquanto observam os esplêndidos cavalos, entrando e saindo da enorme arena. — É isso o que conta, Pedro.

O esperado puro-sangue está agora no centro da arena.

— Aquele é o Emperator — fala o senador, vidrado no animal. — Eu o quero.

O leilão é concorrido, mas, quinze minutos depois, Emperator pertence ao senador Denis. O telefone celular toca. Pedro Roth atende.

— Alô? — Ele escuta por um momento, depois se volta para o senador. — Fala com Hosana Stein?

O senador Denis hesita, depois atende.

— Como vai, Srta. Stein?

— Lamento incomodar, senador Denis, mas será que podemos nos encontrar? Preciso de um favor.

— Voarei de volta a Brasília amanhã à noite, e assim...

— Pode ser em qualquer lugar. É muito importante.

O senador Denis silencia por pouco segundos.

— Se assim, minha jovem, darei um jeito para receber você. Estarei na minha fazenda nas redondezas de Curitiba dentro de poucos minutos. Quer se encontrar comigo lá?

PARIS VERMELHAOnde histórias criam vida. Descubra agora