4. AJUDA DE CARLA ZATTEL

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Na parte da tarde, Hosana sai em busca de um telefone público. Liga para Carla Zattel, solicitando ajuda. Ela já sabia que a amiga está com Gerald. O sumiço dela na mesma época do dele era prova cabal da situação.

— Por que não pensaram em falar comigo antes? Eu ajudaria com documentos, dinheiro e vocês não passariam por esse perrengue agora.

— Me desculpe Carla, mas ficamos muito assustados quando o mandado de prisão foi expedido. Não sabemos como Gerald se envolveu nisso.

— Não sabemos? Quem lhe garante que ele desconhece o que fez para criar essa confusão? Está com o nome sujo, sem dinheiro e os bens bloqueados, a mídia já noticiou tudo isso por aqui.

— Eu acredito nele... — sussurrou Hosana.

— Imagino — corta Carla com aquele seu jeito abrupto de falar. Ela sempre se dispunha a resolver os problemas, deixando qualquer supérfluo fora da conversa. — Vamos ser objetivas. Vocês precisam de novos documentos falsos para saírem daí. Por favor, pintem os cabelos de loiro e compre um par de lentes azuis para você. Ele coloca barba, enfim... Disfarce é o que não falta. Tirem fotos e enviem para meu celular, com endereço. Recebo, copio e apago em seguida, para não ser rastreada. Vou enviar dinheiro vivo e um jato da empresa de meu pai.

— Terá que pedir a ele... — Hosana fala, sabendo que a relação de Carla com o pai não é agradável. — Como fará isso?

— Não se preocupe. Farei. Vou desligar.

Hosana ouve o clac do telefone desligando e o apito no ouvido.

***

Ela caminha para o hotel com passadas cansadas, abatida. Agora sim, é uma fugitiva junto com Gerald. Mas é importante provar a inocência dele, para que possam voltar à vida normal. Será que ele é inocente? pergunta-se. Precisa de uma resposta.

***

Tardinha. O sol desaparece de mansinho. Resquícios dourados pintam o céu. Hosana apoia-se no gradil da sacada. Os pensamentos voam em busca de lembranças.

É como se ouvisse o vento assobiar. Fora uma longa viagem até Holbox, no México. Uma ilha banhada pelo mar caribenho, com praias desertas e águas calmas, onde vivem apenas pescadores locais. Uma das menores na parte norte do estado de Quintana Roo. As dimensões são de apenas 40 km de comprimento e cerca de 2 km de largura, mas abrange cenários fantásticos e maravilhosos.

A luz do sol naquela tarde cintila por dentre as folhagens. Hosana anda pela areia branca, quase imaculada. Pensa estar no paraíso com ele.

A primeira visão que têm, enquanto caminham do hotel para o mar, é de tirar o fôlego, e ambos ficam impressionados pelo tom verde-esmeralda das águas. Começam a rotina de caminhadas e explorações pela ilha.

E pensar que alguns dias atrás estavam em Lucerna, a porta de entrada da Suíça. Nenhum dos dois jamais visitara aquela cidade e puderam atestar que é onde se encontram os atributos geográficos e arquitetônicos do País. A cidade não é movida pelo turismo, mas recebe alguns estrangeiros, por isso fora escolhida por Carla.

Gerald e Hosana conheceram a cidade a pé. Em Lucerna, encontraram pontes cobertas, fontes e construções decoradas com pinturas, além de uma natureza exuberante.

Depois optaram por fazer um tour pelo Lago Lucerna. Hosana lembrou-se do passeio de cinquenta minutos até Vitznau e Weggis. Depois subiram o Monte Pilatus por teleférico. Ela não quis a viagem de trem. A inclinação a apavorava.

Ainda está envolta em suas doces lembranças, quando o céu toma cor cinza e tudo escurece. O vento enfurece-se de uma hora para outra.

Com a escuridão da noite iluminada, transformando-se no cinza da madrugada, Hosana abraça mais apertado os ombros de Gerald. Eles fazem amor até quase uma hora da manhã e ele dorme cansado e feliz.

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