5. ENCONTRO COM ANNA ZANATA

27 1 0
                                    

— Olá!

Vira-se e dá com Anna Zanata. A antiga conhecida e amante dos velhos tempos diante dele. Ela esteve com ele na época em que se viciou em cocaína e o ajudara a sair do vício. Como policial, livrou-o inúmeras vezes de ser preso. Em uma ocasião foi encontrada na residência dele grande quantidade de cocaína e ele foi indiciado. Porém, novamente Anna o auxiliou e o salvou da situação. Ele ficou grato a ela, na época.

Ela está bela, alta, cabelos escuros faiscando sob a luz do sol. Sorri para ele. Estático, não encontra palavras.

— Perdeu a língua — brinca. Seu humor um tanto infantil, mas que o encantara à época do romance, continua lá.

— Não... Claro. Como vai, Anna? Quantos anos...

— Dez — responde.

— Parece que o tempo não passa para você.

— O que há? Está se sentindo velho?

Ele a observa. Lembra-se dos tempos de faculdade, da turma, dos sonhos.

Seus sonhos de glória, na empresa Champoudry, esmagados.

Desde o momento em que foi indiciado, todos acreditaram em sua culpabilidade. Ninguém lhe deu a presunção de inocência. Tanto seus advogados como seus amigos mais chegados diziam ser arengas sua inocência. Como uma policial de carreira, orgulhosa como Anna, acreditaria em sua inocência? Ela também comungava da opinião dos demais. Todos pareciam ter sofrido uma lavagem cerebral. Se até a Interpol e a Polícia Federal brasileira estavam convencidas de sua culpa, não seria ela a confiar nele. Consideravam-no cidadão indigno, capaz de cometer crime de evasão de divisas.

Gerald indaga, sem muitas esperanças:

— Você acredita na minha inocência ou também tem o mesmo pensamento dos outros?

—Como um homem com sua inteligência se envolve com um bando de vigaristas e fica metido nessa lama?

— Já me fiz essa mesma pergunta pelo menos mil vezes. Não tenho resposta plausível.

Ele de novo a observa. Talvez fosse imaginação, mas Anna parece quedada a acreditar nele.

— Pois hoje você está com sorte! Vim buscar você. Melhor não fazer qualquer movimento para fugir. Temos homens da Polícia Federal brasileira e da Interpol por todos os lados.

Após momento de surpresa, Gerald sai do marasmo, levanta-se lento. É o suficiente para entrar em desespero. Anna percebe o olhar brilhante do animal em fuga.

— É melhor vir conosco. Assim evitaremos cenas desagradáveis de algemas ou outras coisas. Acabaram as férias, Gerald. Você não receberá ajuda alguma — fala com ironia. — Terá um fim de semana encarcerado. Responderá pelos seus crimes dentro da prisão até o último dia de sua pena. Desta vez, sou a ganhadora dessa batalha.

***

Roberto Denis é viúvo. Multimilionário, o senador possui plantações de cana-de-açúcar na Zona da Mata nordestina, dominando o ciclo completo da produção de etanol, desde a lavoura de alta produtividade até a instalação dos equipamentos para as destilarias, gerando esse biocombustível. Além disso, é concessionário de minas de pedras preciosas em Minas Gerais e proprietário de um haras de categoria internacional, para seu prazer pessoal. Como líder do maior partido no Senado, integra o grupo das pessoas mais poderoso de Brasília. Está no seu sexto mandato. É homem com filosofia simples:

Nunca esqueça um favor. Jamais perdoe uma desfeita.

Orgulha-se de escolher vencedores, tanto nas corridas de cavalos quanto na política e, desde o início, reconheceu Gerald Champoudry como muito promissor. Ainda o fato de Gerald ser solteiro e poder casar com sua única filha é uma bonificação inesperada.

PARIS VERMELHAOnde histórias criam vida. Descubra agora