Capítulo 13 - Reações

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- Mat On -

Mat - Como é que é possível? Eu mandei-lhe uma mensagem! Eu falei com ela antes do acidente! Não me consigo imaginar sem ela! Eu não posso perdê-la pai! - chorei mais desesperadamente.
Marcelo - Mateus, nós não temos certeza de que ela não se vai lembrar de ti! Nós não temos a certeza de que ela perdeu alguma memória ou não! Isso só se pode ver quando ela acordar...
Mat - E se ela não acordar? - levei a mão à boca de tão grande que era o sofrimento só de imaginar que a Luísa poderia não voltar a acordar.
Marcelo - Filho, não vamos pensar negativo... Ela está a reagir bem aos medicamentos. Agora temos de esperar! - olhei-o mais uma vez com os olhos cheios de lágrimas à procura de algum conforto. - Tem calma... - abraçou-me dando-me um pouco de coragem pra pensar que a algum momento ela vai acordar.
   Depois de me acalmar, o meu pai foi confortar os pais da Luísa. O pai dela achou melhor não acompanhar o caso para não atrapalhar a recuperação da filha então pediu ao meu pai pra que continuasse a cuidar dela.
Marcelo - Quanto ao Francisco e à Sofia, talvez os possam ver agora.
   Os pais acentiram e eu distanciei-me. Achei melhor deixá-los do que me meter...
Isabel - Mateus, vem connosco. Tenho a certeza de que os queres ver... - Na verdade, não sei se queria. Naquele momento só queria que a Luísa acordasse, me olhasse com os seus olhos lindos e puros e, por fim, me dissesse "Olá amor!"... Sei que isso não vai acontecer tão rapidamente.
   Segui-os e entrei no quarto onde estava o Francisco. Todos o cumprimentámos e perguntámos como é que ele se sentia, até que ele começou a chorar amargamente... Olhou para os pais com os olhos a transbordarem de sofrimento.
Francisco - Mãe! Eu vi-as! Elas estavam cheias de sangue! A Luísa! Oh... A minha irmãzinha!  - soluçou. - Eu ouvi o grito dela e quando olhei ela já estava com os olhos fechados! E se eu nunca mais vir os olhos dela, mãe? Eu sou o culpado por isto! Se eu fosse mais devagar, o camião não nos tinha acertado! - suspirou. Talvez à espera da reação dos pais que se mantinham imóveis. - A Sofia! Eu tentei acordá-la! E à Luísa também! Mas nenhuma abriu os olhos! Eu gritei, mãe, eu gritei a Deus pra que ele não levasse as minhas irmãs embora! Mas ele está a levar a mais pequenina! Ele está a levar o maior pedaço do meu coração!
   Nunca vi tamanho amor mostrado por um rapaz! Pela forma como ele falava, parecia que se tinha mesmo chateado com Deus! Tentei não me abraçar a ele a chorar também. Fiquei quieto, no canto do quarto. Apenas a olhar. A ver o sofrimento daquela família e a pensar como tudo estaria se aquele acidente não tivesse acontecido...
Isabel - Meu filho, tu não tens culpa! - abraçou-o. - Aquele camião é que embateu contra o carro! Não imaginas como estamos felizes por tu e a Sofia estarem bem! Mas a Luísa... Eu rezo a cada segundo pra que Deus não a leve, Francisco! Ele vai ouvir-me! Só temos de esperar, meu querido! - o pai dele continuava imóvel. Parecia olhar para algum lado, à procura de alguma coisa... Não sei o quê... Talvez quisesse desabafar, ou talvez gritar, mas não conseguisse. Gostava de poder entender o olhar dele para o confortar, mesmo que eu também não estivesse nada bem... Porque por mais que eu possa sofrer com isto, eles irão sofrer sempre mais, e mais, e mais...
   Saio do quarto. À memória vêm as melhores recordações que tenho da Luísa. Desde a primeira vez que a vi, no 1° ano... A menina das trancinhas que desde início mexeu com o meu coração, mas eu nunca o admitira. Porquê? Porquê agora? Um acidente tão grave... Espera!
   Um acidente... Uma ideia que me está a saltar na cabeça. Terá aquele bilhete alguma coisa a ver com isto?? O Miguel! O Miguel avisou-me de que a Verónica andava a tramar alguma! FOI ELA!! Mas como?! Esquece essas perguntas estúpidas...
   Pego no skate e vejo as horas. Intervalo na escola... Não penso mais e sigo para a secundária.
   Chego lá e avisto logo quem eu queria...
Mat - Verónica! - praticamente grito quando chego ao pé dela.
Verónica - Mateus... - diz com ar de sínica. - O que queres de mim?
Mat - Deixa de ser puta. - digo o mais naturalmente que posso. - Foste tu, não foste?
Verónica - Eu o quê? - fez-se de desentendida. Agarro-lhe o braço com força. - Ai! Estás a magoar-me!
Mat - Ouve muito bem o que eu te vou dizer: se a Luísa não voltar a acordar, a acabo contigo!! Percebeste??
Verónica - Não estou a entender, Mateus... - Preciso de forças para não a bater.
Miguel - Mateus... - a voz do Miguel surge atrás de mim. - Larga-a. Ela vai acabar por beber o próprio veneno... - respiro fundo e largo o braço dela. Saio dali acompanhado de Miguel. Encontramos o pessoal...
Bia - Como é que ela está?? - forma-se um nó na minha garganta assim que ouço a pergunta.
Sónia - Então Mateus?
Mat - Ela... - olho pra eles. - Ela sofreu um traumatismo craniano... - todos suspiram alto. - E... Está em coma... - olho para o céu para que as lágrimas não saiam dos meus olhos.
Inês - Não! - ela cai e todos se baixam para a apoiar. A Bia continua em pé, a olhar pra mim com a mão a tapar a boca. Olho pra ela sem me importar se as lágrimas caem ou não... Subitamente, ela abraça-me e chora. Chora bem alto enquanto a Inês permanece sentada a encarar o chão. Todos se calam. Por entre soluços, resolvo dizer...
Mat - Os médicos pensam que ela possa ter perdido alguma memória, mas só quando ela acordar é que poderão ter a certeza... - já não me importo se me vêm a chorar ou não. Já não suporto mais a dor que tenho no peito.
Inês - Isso... Quer dizer que ela pode não se lembrar de nós? - olho-a tentando transmitir a ideia contrária mas acabo por não conseguir... Então, ela olha para o lado. Está lá o Rúben... Acho que ela não pensou sequer se estaria a fazer a coisa certa ou não... Mas abraçou-o. E chorou. Todos os outros mantiveram-se calados, talvez a tentar não chorar. Não quisemos saber se nos estava alguém a ver ou não. Abraçámo-nos, incluindo o Miguel. Abraçámo-nos com tanta força que talvez pudéssemos partir algum osso. Queríamos partilhar a dor que sentíamos para que ela pudesse ser menor... Acho que não resultou. Pelo menos pra mim.
   Depois de algum tempo, não sei se cinco ou quinze minutos, desfazemos o abraço e olhamos uns para os outros...
Paulo - Nós temos de lá ir.
Mat - Não vale a pena. Não me deixaram vê-la... - olho para o chão a tentar deixar de imaginar o meu amor deitada numa maca, adormecida.
Luís - E agora?
Mat - Eu vou descobrir quem fez isto. - olho para o Miguel.
Miguel - Eu posso ajudar. E vou ajudar...
Todos - Nós também!

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Beijos
Dani
(Capítulo sem revisão)

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