Coisas de Adolescentes

Capítulo 5 - Será?

Foto multimédia: Bia.

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- Lu On -

A meio do caminho para a enfermaria recebi uma mensagem:

- Nova Mensagem -

De Inês ♥: Luzinha, falei com a stora e ela disse que não vai marcar falta e que se fosse preciso, podiam aí ficar a aula toda... Divirtam-se! :P

Mat - Está tudo bem? - ele deve ter notado que eu fiquei corada quando li a mensagem... Aquela Inês...
Lu - Ahm... Sim, era a Inês a dizer que já avisou a stora. Ela disse que podemos cá ficar a aula toda se for preciso.
Mat - Ok... Tens a certeza que queres faltar à aula?
Lu - Sim, porquê?
Mat - Sei lá... Tu normalmente não pareces gostar de faltar às aulas...
Lu - Oh, mas eu não podia ir prá sala e deixar que fosses para a enfermaria sozinho quando andaste à bulha por minha causa!
Mat - Até parece que lidas bem com o que ele te tentou fazer Luísa...
Lu - É claro que não! Mas a minha irmã ia resolver o problema! Não sei porque te meteste!
Mat - É, realmente não sei porque me meti! Se não o tivesse feito, agora não estaria aqui! - mas que raio está ele a dizer?! O Mateus e as suas mudanças repentinas de humor... Concordo!
Lu - Estás a querer dizer o quê??
Mat - Já que tinhas tudo resolvido eu não precisava meter-me ao barulho! Eu nem sei porque te fui defender! Se o tempo voltasse atrás, eu não mexia um dedo...
Lu - Eu não tenho de ficar aqui a ouvir isto. - dei meia volta e comecei a vir embora, ainda nem tínhamos chegado à enfermaria.
Mat - Ei, espera... - disse quando agarrou a minha mão fazendo com que um arrepio passasse pelo meu corpo... - Eu não queria dizer aquilo, mas porra! Eu não aguentei saber que o Miguel tentou...
Lu - Está bem Mateus, mas eu não tive culpa do que aconteceu! E tu é que quiseste bater-lhe...
Mat - E batia outra vez se fosse preciso...
Lu - Quê? - ele disse mesmo aquilo?! Já mudou outra vez de humor?!
Mat - Ah! Se ele voltar a meter-se contigo diz-me!
Lu - Ahm... Ok... Tu estás bem? - perguntei quando estávamos a chegar. Bem da cabeça é coisa que ele não está.
Mat - Sim. - disse firmamente. - Só com algumas dores... - coçou a cabeça com um jeito tão trapalhão que me fez rir. - Que foi?
Lu - Nada... - disse ainda a rir. - É que agora foste engraçado...
Mat - Ui! Porquê?
Lu - Parecias um cão a coçar-se quando mexeste no cabelo... - gargalhei.
Mat - O quê? Assim? - mexeu no cabelo da mesma maneira que tinha mexido antes. Parti-me a rir. - Luísa, isto chama-se estilo!
Lu - Então é um estilo muito engraçado! Ahahah!
Mat - Crianças...
Ia para lhe responder mas apareceu uma senhora que aparentava ter uns 40 anos...
Enfermeira - Mateus, querido, o que se passou?? - parecia preocupada... Como é que ela sabia o nome dele? Quem é que não sabe o nome de um gajo bom Luísa Maria?? Ok, tens razão...
Mat - Não foi nada tia. - agora percebi. - Esta é a Luísa, Luísa esta é a minha tia Tina.
Cumprimentámo-nos e depois de lhe explicarmos toda a situação...
Tina - Esse Miguel... Anda sempre metido em sarilhos. Tem cuidado Luísa, ele é filho de pais divorciados e a mãe não quer saber dele pra nada... E o pai está em Inglaterra, se ele visse o que o filho anda a fazer, punha-o num colégio interno, mas ele nunca cá vem... Tem cuidado.
Lu - Sim, eu vou ter...
Tina - Bom, eu não tenho cá gelo então vou à cantina ver se elas têm e já volto... Se quiseres podes limpar o sangue e pôr uns pensos rápidos aqui no gladiador... Assim ainda podem apanhar um bocadinho da aula...
Lu - Ahm... Eu vou tentar. - sorri nervosa. Nem sei bem o porquê mas eu estava nervosa por tratar do Mateus! Hum... Porque será? Está calada!
A Dona Tina saiu e o silêncio invadiu a enfermaria...
Lu - Então... Acho que vou limpar o sangue que tens no lábio, ok? - aquela situação já era constrangedora e pra sair dali o mais rápido possível eu tinha de fazer o que a Dona Tina tinha dito...
Mat - Força! Sou todo todo teu! - disse abrindo os braços e mostrando o seu sorriso galã. E que sorriso! Acho que fiquei hipnotizada. Agora já percebo porque é que as raparigas caem aos pés dele sempre que ele sorri... Tu também caíste agora mesmo... Não estás a ajudar, consciência!
Bufei e dirigi-me para uma banca onde estavam uns panos brancos. Deve ser isto... Molhei um deles com alguma água e voltei para junto do Mateus.
E agora?? O que faço?? Oh Meu Deus, ajuda-me!!
Mat - Não precisas ficar nervosa Luísa. - disse em tom de gozo.
Lu - Eu não estou nervosa! - menti descaradamente.
Mat - Nota-se... - riu baixinho.
Bufei mais uma vez.
Lu - Vira a cara.
Ele virou a cara para o lado e aí eu pude ver o seu maxilar bem definido... Porra! Mas que maxilar! Foca Luísa!!
Agarrei o seu queixo com cuidado e comecei a limpar o sangue que escorria pelo lábio cortado...
Mat - Fogo! Eu até pareço um recém-nascido...
Lu - Porquê?
Mat - Eu nem estou a sentir o pano no lábio Luísa!
Lu - Oh, tá calado.
Mas era verdade. O pano quase nem tocava no lábio do Mateus... Também, eu não queria carregar demasiado senão magoava-o!
Bem, mas mesmo cortado, aqueles lábios era tentadores... Luísa, foca no que estás a fazer!! Está bem! Mas eu tenho olhos, ok?
Lu - Já está... - lavei o pano e procurei a caixa dos pensos rápidos. Quando a encontrei peguei num e voltei-me para o colocar no lábio do Mateus...
Mat - Não desinfetas? - Xiiiiii! Esqueci-me dessa parte... Aiii... O que o Mateus faz.... Foi apenas distração! Provocada por quem? Aposto que toda a gente sabe menos tu! Oh! Não me chateies...
Procurei o desinfetante, apliquei-o no lábio dele e, finalmente, pus o pensos rápido.
Mat - Não és muito boa para Medicina... -disse quando estava a colocar-lhe o penso.
Lu - Eu não gosto de médicos, nem Medicina, nem hospitais.
Mat - Então, porque foste pra Científicos?
Lu - Biologia... E tu?
Mat - Medicina.
Lu - Já está. - disse quando acabei. - Mas tu não vais ser um bom médico...
Mat - Porquê? - perguntou fingindo-se de ofendido.
Lu - Porque vais passar o tempo todo a dar em cima das pacientes... - piquei-o.
Mat - Ei! Eu já não faço isso!
Lu - Como queiras...
Mat - Quanto ciúme, Luísa!
Lu - Desculpa?? - eu com ciúmes? De quem? Dele?? Era bom...
Mat - Tu estás com ciúmes!
Lu - Tu estás é a sonhar! - ele levantou-se e começou a aproximar-se de mim e eu, automaticamente, comecei a andar pra trás...
Mat - Diz lá então... Diz que não tens ciúmes... - Quero ver o que vais fazer agora! Ahahah! Mas que chata que tu és!
Lu - Eu... Não... Tenho... Ciúmes. Satisfeito?? - perguntei aliviada por não ter gaguejado.
Mat - Hum... Não! - e num segundo começou a fazer-me cócegas!
Lu - Mate... Ahah! Pára!
Mat - Só paro quando disseres a verdade. - eu encolhia-me e esticava-me de tantas cócegas...
Lu - O... Ok!... Eu tenh... Eu tenho ciúmes... - e, finalmente, ele parou.
Mat - Eu sabia!
Lu - Não sejas parvo! Eu só disse aquilo pra me livrar das cócegas!
Mat - Tu mentes muito mal Luísa! - começou a rir.
Lu - Não minto nada! Pera quê? - aí ele começou a gargalhar! E gargalhava muito! Até se sentou na maca a rir! - Não gozes! Todos se enganam!
Ele só se ria! E que risada linda!
Lu - Mateus pára! - tinha de parecer uma rapariga normal. Não podia ceder à risada dele! Mas ela era contagiante! Ele continuava a rir. E.... Eureka! Comecei a fazer-lhe cócegas. E pelos vistos, ele tinha tantas como eu!
Mat - Luísa pára quieta... - ele tentava defender-se mas eu continuava. - Tu é que pediste! - e ele começou a fazer-me cócegas também a mim!
Nós parecíamos duas crianças de 6 anos a brincar, naquele momento.
Até que chega a Dona Tina...
Tina - Mas que dois!
Lu - Desculpe Dona Tina... - desculpei-me quando me recompus e dei uma cotovelada ao Mateus para que ele fizesse o mesmo.
Mat - Ah! Sim, desculpe tia! - ele coçou a cabeça de um modo desajeitado... Acalma o coraçãozinho Lu... Ele está bem calmo, obrigada pela preocupação!
Tina - Duas coisas: Primeiro o meu nome é Tina, não Dona Tina. E segundo vocês são muito bonitos os dois!
Lu e Mat - O QUÊ?!
Tina - Deixem lá. Desinfetaste o corte Luísa?
Lu - Ahm... Sim Dona... Tina. Sim Tina!
Mat - Tá difícil... - falou em tom de gozo.
Lu - Tá calado! - ele levantou os braços em sinal de rendição.
Tina - Bom, se o corte está tratado, agora pões este saco de gelo na cara para isso não inchar, pode ser?
Mat - Ó tia, eu não posso andar assim na escola!
Tina - Shiiu! Podes sim... E se estiveres com muitas coisas põe só durante a aula. Em casa pões mais.
Mat - Oh, está bem!
Tina - Vá, vão lá para a sala...
Despedimo-nos e saímos da emfermaria, em silêncio, em direção à sala...
Acho que devíamos estar os dois a pensar no que a Tina disse... E a Tina não mentiu em nenhuma palavra que disse! Mas já que vocês os dois são mais burros que a própria porta, ainda não chegaram à conclusão final! E que conclusão é essa, hã?? QUE VOCÊS GOSTAM UM DO OUTRO!! Burra...
Eu gosto dele? Ele gosta de mim? Naaa... Não é possível! Só hoje é que nós tivemos uma "conversa" em condições, como é que gostamos um do outro? E mesmo que eu possa gostar dele um bocadinho, por mais pequenino que seja, ele não se interessa por raparigas como eu! Eu não gosto de faltar às aulas, não me atiro aos rapazes, uso roupa normal, ou seja, não uso daquelas roupas que mais parecem um biquíni... É só dessas que o Mateus gosta. Está bem, fica lá com a tua burrice...
Ele não gosta de mim, mas será que eu gosto dele?? Será??

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