Capítulo 15 - Ela tem de acordar!!

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- Inês On -

Corro pelo corredor à procura de algum médico até que encontro o pai do Mateus...
Inês - A Luísa... - digo ofegante. - Ela apertou o meu dedo!
Ele arregala os olhos e corre para o quarto dela. Depois de a examinar...
Marcelo - A Luísa está a recuperar! Quantas mais visitas os amigos e a família lhe fizerem, melhor! - não percebi. A Bia e a Sónia olhavam para ele com ar de desentendidas. - Deixem-me explicar... Visto que, face ao toque da Inês, que é amiga da Luísa, ela talvez possa ter tentado que o seu corpo acordasse. Se as pessoas que ela mais ama a apoiarem e falarem que estão aqui à espera dela, ou qualquer coisa assim, poderão ajudá-la a acordar! - uma esperança cresceu no meu peito. Agradecemos e saímos do quarto para contar a toda a gente o ocorrido.

- Mat On -

Estávamos à espera das raparigas quando elas aparecem todas sorridentes...
Mat - O qu'é que se passa??
Inês - A Luísa apertou o meu dedo quando eu peguei na mão dela! E o teu pai disse que a temos de encorajar a acordar do coma! Só assim a podemos ajudar... - os pais da Luísa abraçaram-se a chorar de felicidade e todos nós suspirámos de alívio.
Depois de cada um entrar no quarto da Luísa, decidimos que estava na hora de irmos embora.
Todos se foram embora, inclusive os pais da Luísa. Mas eu fiquei! Não a deixarei passar sequer uma noite sozinha!
Entrei no quarto e sentei-me na poltrona ao lado da cama. Comecei a acariciar-lhe a mão...
Mat - Olá amor! Parece que estás a melhorar e nem imaginas como isso me deixa feliz! - beijei-lhe a mão. - E eu vou estar aqui quando acordares, à tua espera... Não tenhas pressa Luísa, leva o tempo que precisares. Eu sei que irás acordar... - e depois adormeci.

2 semanas depois...

Acordei com alguém a chamar-me, abro os olhos e vejo o Francisco... E a Sofia ao seu lado numa cadeira de rodas.
Queriam que eu fosse pra casa descansar. Era sábado de manhã. Francisco - Vai lá, a Sofia quer ficar um pouco com a Luísa... Eu trato dela! - sorri e fui embora.
Nestas duas semanas, a Luísa tem continuado a dar sinais de vida... Uma vez apertou, novamente, o dedo do pai quando este falava com ela e lhe dizia que quando ela acordasse iriam fazer uma viagem em família... Outra vez, mexeu um dedo quando a Bia lhe pediu para o fazer. Eu estava lá...

"Flashback On

Bia - Lu, se me estás a ouvir, mexe um dedo por favor... - ela estava um pouco em baixo por causa de a Luísa só ter reagido à Inês... Depois dos pais, claro!
Então, eu vi... Eu vi o dedo dela a levantar. Foi então que a Bia desatou a chorar agarrada a ela e a dizer-lhe coisas como "Eu estou aqui!" ou "És a minha irmã de outra mãe e sabes isso!"
Não aguentei e saí do quarto em direção à casa de banho. Chorei quanto pude... Porquê?! Nós já tínhamos entragado as provas à Polícia e eles ainda Não tinham feito nada! Porquê?! A Luísa ainda não tinha reagido a nada do que eu lhe tinha dito! Eu enchi-lhe o quarto de ursos de peluche, balões e todos os dias troco as flores da jarra ao lado cama! Eu estou lá sempre! Porqu'é que ela ainda não reagiu as minhas palavras ou ao meu toque?! Porqu'é que ela ainda não acordou??!!
As esperanças começam a falhar-me...

Flashback Off"

Regressei ao hospital depois de comer qualquer coisa e de tomar um banho em casa... Ficaria lá o dia inteiro!
As minhas notas começaram a baixar... Acho que os meus pais ainda não me puseram de castigo porque sabem o motivo...
Emagreci 6kg desde que a minha rotina passou a ser "hospital-escola-hospital-casa-hospital...". Lá tenho tempo pra comer! As minhas esperanças até podem ser menores, mas vou levar a minha promessa até ao fim! Vou estar sempre ao lado da Luísa!

Passei o dia sem comer nada... Tem sido sempre assim... Nem sequer tenho vontade de sair do quarto dela. Só saio quando lhe têm de fazer exames...

Batem à porta...

Mat - Entre... - nem me dou ao trabalho de abrir a porta.
Marcelo - Mateus? Importaste de vir aqui fora um bocadinho? - levanto-me e saio do quarto, não sem antes verificar que está tudo bem com a Luísa e lhe deixar um beijo na testa...
Uma vez cá fora, o meu pai começa.
Marcelo - Vamos comer, sim?
Mat - Não tenho fome. - por acaso até tinha, mas não quero sair do quarto da Luísa. Nesse momento, o meu estômago ronca... Filho da mãe! Penso comigo mesmo.
Sigo com o meu pai para a pastelaria ao lado do hospital. A comida do refeitório é uma merda, o que me faz perder logo o apetite...
Chegados à pastelaria, eu peço um hambúrguer e uma Coca e o meu pai pede uma garrafa de água.
Mat - Não vais comer nada??
Marcelo - Estamos aqui para te obrigar a comer, filho. Eu sei que Luísa está mal, mas tu também tens de cuidar da tua saúde! - bufo derrotado. - Não te vou proibir de a visitares, mas por favor começa a estudar, Mateus... O diretor da escola ligou-me a dizer que as tuas notas estão uma porcaria! Ele compreende a situação, mas pediu que te tentasses esforçar mais, ok? - acenti. Logo chegaram os nossos pedidos e eu comecei a comer...
Marcelo - Ah, só mais uma coisa... Eu não te quero envolvido em lutas na escola entendido? - já estava a faltar esta. Eu não vos contei, pois não? Nos últimos dias, eu tenho andado metido numas lutas lá na escola... Tenho de descarregar os nervos, não? Pois é, sou um gajo completamente diferente... Efeitos secundários da falta da Luísa!
Pedi-lhe desculpa e acabei de comer. Depois pagamos e voltamos para o hospital...
Os pais da Luísa tinham voltado entretanto, então eu decidi ficar na sala de espera, até que adormeci por volta das onze e meia da noite...

- Verónica On -

Agora não se tem falado de mais nada na escola senão a pequena recuperação da Luísa! Que raiva que ela me mete!! Até deitada numa cama, inconsciente, ela me estraga a vida!
As amiguinhas dela ameaçaram-de que iam falar com a polícia e acusar-me de ter planeado o acidente, mas até agora não chegou cá nada! Burras...
Mas se querem saber, sim! Eu planeei aquilo tudo, mas não fiz nada! Eu apenas estava sentada na esplanada mais próxima a apreciar o acidente! A única coisa que tive de fazer foi passar uma noite com o gajo do camião. Uma noite bem forte! Ahah! E que noite! Lembro-me muito bem, mas só pra causar inveja, nem vou fazer "Flashback"!! Só digo uma coisinha... Fui bem fodida! Eheh...
Adiante... Eu não vou deixar que aquela gaja me estrague a fama que demorei anos a contruir! Não que ela seja muito boa, mas eu sou uma pessoa muito conhecida nesta escola... Se é que me entendem... Sou uma santa a que todos, principalmente os gajos, gostam de prestar adoração! Mentira! Sou a gaja mais foda de toda a escola, mas eu gosto de ter essa fama... Não sei porquê, mas gosto!
Começo a pensar num plano que acabasse duma vez com a vida da Luísa. Desta vez, não vou contar nada às outras duas...

Horas: 11:50 pm

Saio de casa sem fazer barulho. Não quero ouvir nem ver a minha irmã, se é que a posso chamar disso...
Apanho um autocarro em direção ao hospital. Chegada lá, vou à receção e pergunto em que quarto está a Luísa.
Apanho o elevador e saio no andar correspondente à ala em que ela se encontra. Sigo pelo corredor e encontro o Mateus a dormir na sala de espera... Estou no caminho certo... Penso confiante.
Finalmente encontro o quarto da Luísa. Entro e vejo-a ligada a montes de fios e com uma máscara respiratória...
O plano é simples! Só preciso de uma almofada...

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