Capítulo 2

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Depois daquela noite a minha vida... Bom, seguiu em frente. É isso que deve acontecer, não é? Mas o meu pai nunca mais foi o mesmo. Ainda o pegava sorrindo tristemente para o nada, ou chorando baixinho em algum canto da casa. Ele se tornou mais reservado e falava sozinho as vezes. Corriam fofocas e boatos em todo lugar de que ele estava louco. Eu revirava os olhos e saía de lugares onde falassem sobre isso ou me fizessem perguntas (e até afirmações) nada discretas. Mas meu pai continuou me amando. Pra mim, ele era o melhor pai do universo inteiro. Sorria ao ouvir suas histórias e ele amava me ouvir ler. As vezes ele sentava e pedia pra eu ler algo pra ele.
- Você é igualzinha a sua mãe. - Ele afirmava e sorria, quando eu terminava.
Eu desviava os olhos e sorria, meio sem graça.
Eu havia seguido o conselho de minha mãe. E com certeza, se magia existe, ela está nos livros. Era o que me acalmava e me animava quando eu precisava. O que nos leva ao meu lugar favorito daquela cidade: a livraria! Eu sempre lembrava da minha mãe ao ir lá. Ainda tinha alguns livros em casa, mas era mágico entrar lá e deparar-me com tantos livros e histórias diferentes. Poderia ler por horas e horas e nunca me dar conta do tempo passando.
Conforme os anos foram passando, eu fui crescendo até me tornar uma (linda, segundo o meu pai) jovem. Mas a situação financeira de casa foi se tornando cada vez pior. Eu tentava ajudar do jeito que podia, mas a crise só piorava, e a minha raiva só aumentava. Não só a minha, na verdade. Em todo lugar havia raiva daquele rei. Ele havia quase acabado com o país.
E acho que até ele prestou atenção nisso, pois, um dia quando eu voltava da biblioteca, vi um cartaz. Se existe algo que pode ser uma benção e uma maldição ao mesmo tempo era aquele cartaz, e o que estava nele.
Nele continuam informações sobre... Bom, como salvar a sua família. Basicamente o rei estava abrindo inscrições para as pessoas irem trabalhar no castelo em troca de dinheiro para a sua família. Aquilo me irritou. Me irritou de verdade. Como o rei tinha a AUDÁCIA de fazer aquilo? Ele não tinha o direito! Talvez aquelas pessoas nunca mais vissem as suas famílias para trabalhar para uma pessoa suja como o rei? Eu sabia que aquilo era obra do rei pra calar a boca dos cidadãos. Algo como: "Olha como eu sou bondoso. Estou dando proteção, comida, roupas, um emprego e dinheiro para a família de vocês."
Voltei pra casa soltando fumaça de tão irritada. Abri a porta rudemente e entrei. Assim que pus os pés pra dentro de casa, o meu pai apareceu.
- Oi, Bela.
- Oi, pai.
Meu pai arregalou os olhos, percebendo a irritação na minha voz.
- O que houve?
Sentei numa cadeira e começei a contar sobre o cartaz que tinha visto. A cada comentário sobre manipulação do rei, o seu rosto ficava mais surpreso e apreensivo.
- Acredita nisso, pai? - Perguntei, ao final do monólogo.
- É... - Disse ele, com um suspiro - Eles realmente passaram dos limites dessa vez.
*****
O que acharaaaaam? Haha, aguardem surpresas! E me contem o que acharam! Pra quem lê Reflection, eu to tentando postar o mais rápido possível, mas a inspiração não ta colaborando. Agradeço a todos vocês por lerem minhas obras! Tchauzinho!

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