Eu estava arrumando algumas coisas quando a minha nova companheira de quarto chegou.
Anos depois eu olharia para trás e sorriria com o nosso primeiro encontro.
Uma menina que aparentava ter uns 10 anos entrou no quarto. Virei-me para observá-la. Suas roupas eram sujas, velhas e até um pouco rasgadas. Ela era negra, de cabelos escuros e assanhados. Com os olhos escuros voltados para baixo, ela me dirigiu a palavra.
- Eu... Posso ficar aqui?
- Claro... - Disse, me surpreendendo com a pergunta.
- Obrigada. - Disse ela, se dirigindo a cama contrária que eu estava arrumando.
Ela deitou-se, abraçou os joelhos e começou a chorar.
Arregalei os olhos de surpresa. Ela... Estava chorando? Será que era possível ela saber no que estava se metendo também? Mas... Ela era tão pequena! Nunca fui de interagir com as pessoas, mas quando a ouvi chorando senti uma necessidade imensa de confortá-la.
- Tá tudo bem com você? - Perguntei, sentando ao lado dela cautelosamente.
Ela mexeu a cabeça negativamente.
- Qual o seu nome?
- Di... Diana. - Falou em meio a soluços.
- Cadê os seus pais, pequena? - Perguntei com compaixão.
- Eu n-não t-tenho pais. - Falou, soluçando.
Como uma criança tão pequena pode estar sozinha em meio a esse inferno que todos chamam de salvação?
- Minha irmã me disse: "não confie em ninguém" antes de morrer. - Falou com um pouco de dificuldade, limpando as lágrimas - Mas como eu vou viver sozinha?
Ela voltou a chorar, triste.
Eu a observava, cada vez mais estupefata com aquela história.
- Você está em qual grupo, pequena?
- Co-cozinheiros.
- Você sabe cozinhar?
Ela balançou a cabeça negativamente.
Mau sinal. Pequena, sozinha, negra, sem saber trabalhar. Ela logo seria descartada.
- Pequena, sua irmã disse isso pra te proteger das pessoas ruins. Mas eu não sou uma delas. Pode confiar em mim.
Ela saiu da posição fetal e sentou na cama.
- É...? - Me olhou meio desconfiada.
- É!
- Então ta!
Entendi exatamente o porque da irmã dela dizer isso. Ela se doava muito facilmente. E isso era um problema.
- Qual é o seu nome? - Ela perguntou.
- Meu nome é Bela.
- Oi Bela!
Momento de silêncio. Meus neurônios funcionavam arduamente pra bolar um jeito de salvá-la.
- Pequena, o que você acha de eu te ensinar a cozinhar?
Os olhos dela brilharam.
- Eu quero!
- Olha pequena, aqui é um lugar onde é preciso saber como servir. Se você não souber, você vai embora. Você não quer ir embora, não é?
Ela mexeu a cabeça negativamente.
- Nem eu. Por isso vou te ensinar a cozinhar. Mas você não pode contar pra ninguém, certo? NINGUÉM. Se você contar, nós duas vamos embora daqui.
Ela assentiu, séria.
- Tem que prometer se esforçar bastante. E se algum cozinheiro mandar você fazer algo, você tem que obedecer, certo?
- Certo.
- Vem cá, sua roupa está horrível. Eu acho que tenho algum vestido de quando eu era menor. Quando todos estiverem dormindo nós vamos à cozinha, certo?
- Certo. Ahn, Bela?
- Sim? - Respondi, me levantando.
- Obrigada por me ajudar. - Falou, meio encabulada encarando o chão.
Assumi uma expressão surpresa.
- Não há de quê, pequena. - Sorri - Agora vem cá. Vamos te deixar dignamente vestida.
*****
Olá gente! Desculpa a demora, mas eu estou totalmente sem inspiração e criatividade nos últimos meses :/ O próximo capítulo provavelmente vai demorar pra sair. Sorry :(
Mas, espero que vocês gostem desse Cap ♡
Obs: A Bela não é racista, ta? Nem eu! Mas a sociedade da idade média era, e Beast se passa durante a idade média, apesar de eu ter adaptado um monte de coisa! Por isso ela faz menção a ser negra ser um problema. Mas ser negro não é um problema de jeito nenhum! É uma pessoa, assim como as pessoas de pele de cor clara! A cor da pele não muda nada! Se você é negro, nunca deixem fazer nenhum tipo de depreciação com você por causa da sua pele! Você é lindo, e merece ser amado ♡
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Beast
Fantasy"Oi, eu sou a Bela. Não. Não aquela de 'A bela adormecida', por favor não me confunda com ela. É, aquela de 'A bela e a fera'. Lembra da história que lhe foi contada? É, sobre um príncipe que virou fera por sua soberba e só poderia voltar a ser home...