Capítulo 6

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Depois de um tempo eu levantei, limpei as lágrimas e dei um último abraço no meu pai. Sai rápido dali, antes que começasse a chorar novamente e fechei a porta.
— Tchau, pai. — Sussurei.
Lágrimas inundaram meus olhos, mas dessa vez eu não tentei esconder. Desci, peguei meu livro, dei uma última olhada na minha casa, onde tinha vivido toda a minha vida e fechei a porta com força, tentando não olhar pra trás.
Andei, segurando o meu livro com força como se fosse minha última esperança.
Ao chegar na entrada da cidade eu me deparei com várias carruagens de madeira, cada uma atada a dois cavalos e vários guardas tentando organizar todas aquelas pessoas.
Fugi do aglomerado de pessoas e fiquei mais atrás, acariciando um cavalo da última carruagem.
— Também não gosto de aglomerados, mas acho que é melhor você se aproximar mais, pra marcar sua presença.
Virei na direção da voz e identifiquei o guarda que tinha ido me buscar no dia anterior. Sua expressão era suave, como se só estivesse ali jogando conversa fora com uma pessoa que ele conhecia a anos.
— Só quero fugir disso um pouco.
Voltei a acariciar o cavalo, que parecia estar gostando.
— Parece que ele gostou de você — Ele disse, se referindo ao cavalo.
— Tem tanta gente pra você conversar. Pessoas mais animadas que eu, até. Porque puxar conversa justo comigo? — Meu tom de voz não era irritado, só curioso.
— Porque você é a única aqui que sabe no que está se metendo. — Voltei minha atenção pra ele — Todos aqui estão agindo como se o seu sonho estivesse sendo realizado. Mas isso não é um sonho. É um pesadelo. Como você sabe disso?
Suspirei.
— Viver sem ler é perigoso. Te obriga a acreditar no que dizem.
Seus olhos se voltaram para o livro em minha mão e tudo passou a ter sentido em sua cabeça.
— Mas... Então porque você está aqui? — Ele voltou os olhos para mim.
— Nem todas as famílias desse país tem dinheiro. Principalmente com a crise que se estabeleceu.
— Ah. — Ele disse.
Voltei a minha atenção para o cavalo e ouvi seus passos ficarem cada vez mais distantes.
Suspirei aliviada. Pessoas sempre me deixaram nervosa. Era muito melhor mergulhar em livros do que falar com pessoas.
— CHAMADA! JÁ VAMOS PARTIR! CONFORME O SEU NOME FOR CHAMADO, DIRIJA-SE PARA UMA CARRUAGEM. — Ouvi um dos guardas gritando e me aproximei do aglomerado.
Ouvi alguns nomes até o meu ser chamado e eu marcar presença e me dirigir a última carruagem. Fiz um pouco mais de carinho no cavalo e entrei na carruagem, preparando-me para o que estava por vir.

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