Ciclos Eternos- Superfície - Livro 2

Capítulo 2 - Amor ou sonhos?

Após retornar à sua casa, de onde saiu para comprar quatro carteiras de cigarro. Sim, ela estava fumando bem mais do que era habituada, se sentou em sua pequena mesa e começou a escrever uma carta. Iria despertar a atenção da escritora, agora que já sabia em que apartamento morava, só precisava voltar lá e colocar a correspondência embaixo da porta.

— Pense, Lisa, pense!

Ela sabia que precisava se concentrar ao máximo para que, assim que a Melanie Warn lesse sua carta, entrasse em contato imediatamente. Sabia que milhares de fãs deveriam escrever várias mensagens desesperadas, mas não ela. Primeiro, não era uma fã, não sabia nem explicar o que era, mas sabia que precisava encontrar essa mulher. Após cinco minutos segurando o papel em branco, palavras foram surgindo em sua mente, assim como um arrepio gelado que subia por toda a espinha, fazendo levantar os pelos dos seus braços. Como que inspirada por uma força maior. Ela começou a escrever.

"O rei dos reis do Submundo, um homem sedutor e envolvente, tem a face pálida e olhos tristes, era o responsável por governar todos os imortais nesse mundo paralelo, uma terra mágica, onde nenhuma imaginação poderia expressar a sensação de vivenciar essa experiência ou nenhum escritor seria capaz de descrever o sentimento de dúvida ao olhar de perto aqueles olhos docilmente cruéis. Um rei solitário que decidiu visitar o que chamam de Superfície em busca de calor humano, a nova aventura começa quando uma jovem aceita visitar o Submundo, tomada pela curiosidade da magia, porém, não contava que a magia faria parte dela e ela encontraria mais do que um rei, encontraria seu verdadeiro amor, embora o maior empecilho para a eterna união, tenha sido o medo que ambos sentiam."

— Pronto! Agora, se ela quiser saber a continuação, terá que me receber! E como diabos vou conseguir voltar lá? Tenho que arrumar um marido! Deus do céu, é cada coisa que acontece comigo! — Lisa falava sozinha e pensava aflita, enquanto discava um número no telefone.

— Alô? Sim, sou eu. Escuta, eu estou com um problemão. Quer ser meu marido?

Uma gargalhada foi ouvida do outro lado.

— Para de frescura, Miguel. Não é pra casar de verdade, só por alguns minutos!

Miguel era um ator fracassado, veio do México muito jovem, ansioso para fazer grande carreira em Hollywood, não é necessário dizer que nunca teve nem mesmo a chance de tentar, pois o trabalho para ajudar no sustento da família consumiu seus anos e seus sonhos. Hoje, vivia sozinho. Vendendo desenhos à mão livre, o único talento que ainda lhe restava, também tinha se tornado alcoólatra e praticamente desenhava para beber, mas era uma boa pessoa e a Lisa gostava dele, na verdade, era a única pessoa com quem ela conversava e poderia dizer ter como amigo.

Tudo que o tio lhe dava, dividia com ele, inclusive roupas que ele deixava quando vinha visitá-la. Ela arrumava uma maneira de desaparecer com uma ou duas calças.

Ele tinha 45 anos, mas seu semblante cansado aparentava bem mais, mas isso pouco importava. Se ele iria se passar por um político importante e milionário, nada mais normal que andar com uma garota de dezenove anos.

— E você acha que esse cara vai mesmo acreditar que sou rico? Acha que vai fazer milagre, Lisa? — A voz do outro lado da linha perguntou.

— Tenho roupas novas aqui! Meu tio deixou um terno muito chique, você nem imagina! E depois, se formos ao salão no centro, eu sei que eles vão dar um jeito nessa sua cara!

— Isso não vai dar certo, Lisa. Desde quando eu tenho cara de irlandês?

— Isso não faz a menor diferença! Só não pode beber e nem falar muito, deixa que faço tudo!