11 - Tortura Mutua

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- Samira? ... Sam?

A voz de Amber e seu toque em meu braço conseguem me fazer despertar do sonho interminável. Levanto rapidamente.

- Você está suando frio. Estava inquieta.

- Sonho ruim – passo as mãos pelos cabelos, numa tentativa de ajeitar os fios – Você está melhor?

- Sim. Acordei um pouco atordoada esta manhã, mas Edwin veio me ver e já estou bem melhor.

- Foi horrível – me sento ao seu lado no leito.

- Você e o servidor me salvaram. Ele matou outro servidor para me salvar.

- Eliot salvou a nós duas.

- Ele estava certo sobre o chamado quando nos avisou.

- Começará a entender agora Amber.

Enzo entra no local onde estávamos e me puxa pelos ombros antes de dizer o que veio fazer.

- Precisa fugir agora. Isis não aceita que você tenha desacatado suas ordens ontem. Está reunindo todos os guardiões contra você, dizendo que abandonou o chamado de batalha. Alega que você não está ferida e só voltou para salvar sua irmã enquanto todos corriam perigo. Não pode continuar aqui Samira, não é seguro.

- Você quer que eu fuja? Por quê? – pergunto incrédula.

- Não há tempo. Eu consigo dar cobertura para que você consiga passar pelos portões. Depois disso você pode se esconder no limite da grande floresta com a floresta de nihthi. Podemos nos corresponder antes que precise ir para mais longe.

- Não acha que sou uma traidora?

- Você é a resposta que todos nós precisamos. A coragem que nenhum de nós tem. Passaremos por tempos difíceis, onde vamos perder tudo que construímos por tanto tempo. Mas é preciso que tudo se perca para que seja reedificado.

- Eu não...

- Temos que ir agora.

- Mas e quanto a Amber? Não posso deixa-la assim – hesito assim que ele me puxa para fora do aposento.

- Me encarregarei de que ela fique segura até que possa se encontrar com você novamente.

- Eu estou bem. Edwin já vira me mandar para casa e assim que puder eu e Enzo nos juntamos a você – me encoraja preocupada – Vá depressa.

Concordo com um aceno de cabeça antes de sair ás pressas com Enzo. Quanto mais rápido encontrasse Eliot, mais rápido salvaria Amber.

- Eu cuidarei dela – Enzo reafirma.

Andamos rapidamente até a saída da grande casa. Sou pega de surpresa por uma angustia repentina. Meus braços começam a arder na região dos pulsos, senti minha face começando a ficar vermelha. Com uma certeza assustadora, apenas uma coisa me veio á cabeça:

- Eliot...

Antes que Enzo pudesse perguntar, saí em disparada sem me preocupar com quem pudesse me ver. Eliot era tudo o que eu conseguia pensar enquanto fugia pelos portões do reino para alcançar a arvore. Minhas pernas fraquejaram com uma dor latejante, mas não interrompi a corrida até chegar onde queria.

A arvore continuava solitária e ele não estava em parte alguma a vista, eu não sabia para onde mais ir. Meus pulsos agora ardiam como se houvesse fogo sob a minha pele, a aflição queria me sufocar. Sentei-me na relva e encostei-me no tronco assim que senti minhas pernas fraquejarem novamente. Escondi meu rosto entre as mãos e esperei que tudo aquilo acabasse logo.

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