14 - O Verdadeiro Início

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Assim que atravessou os portões do reino em plena luz do dia, saiu em disparada sem saber para onde ir. O destino era o que menos importava e a ultima coisa na qual queria pensar agora, a incerteza era convidativa e não fazia a menor diferença em que lugar encontraria isso contanto que fosse longe. Aumentou a velocidade a cada metro percorrido, que floresta era aquela? Nunca havia saído dos arredores do reino daquela maneira, talvez não conseguisse mais retornar e esse pensamento era estranhamente reconfortante. Em dado momento pensou estar correndo em círculos, não era possível haver arvores tão idênticas. Com novo fôlego decidiu achar a saída daquele lugar traiçoeiro após passar pelo o que pensou ser um lago prateado. Algumas folhas prata a guiaram para campo aberto, onde pôde correr mais livremente. Quase caiu quando a depressão sob seus pés mudou sem a sua percepção, de repente corria numa decida íngreme e no outro instante estava se esforçando numa subida sutil. Parou no cume da segunda colina, suas pernas queimando de dor, respirou profundamente uma vez apoiando as mãos nos joelhos, a visão ficou turva e os olhos marejaram quando gotas de suor escorreram de sua testa.

Nenhum outro guardião diria novamente o que ela deveria fazer com sua vida, qual seria seu dever ou o motivo de estar neste mundo. Sendo Raziel guardião supremo ou qualquer um de seus seguidores, não importava, nenhum deles tinha o direito de dizer-lhe que era insignificante o bastante para casar-se com William, outro guardião inútil. William! Nem ao menos tinha ouvido este nome até esta manhã, como poderia se unir a ele? A ideia de conviver dia após dia com alguém que mal conhece era no mínimo perturbadora, ainda mais se pensasse que seria cobrada para gerar um filho assim que estivessem unidos em cerimônia. Sua expressão foi de puro pânico quando Isis, uma guardiã da família de braços direitos, anunciou no inicio daquele dia que o casamento fora marcado para a chegada da próxima lua cheia. Tudo que pôde fazer foi correr sob os protestos de sua mãe, que tentou acalma-la sem sucesso.

Inalou profundamente mais uma vez, o ar entrando com dificuldade nos pulmões devido a garganta seca. Fitou os próprios pés esperando que sua respiração se normalizasse. Nem a exaustão de seu corpo frágil esvaziou sua mente por um minuto que fosse.

- Você está bem? – uma voz masculina interrompe-lhe os pensamentos. A sombra do estranho a assusta, fazendo-a erguer os olhos – Precisa de alguma ajuda?

Ela o olhou confusa por alguns instantes, sem saber exatamente o que fazer a seguir já que nunca teve como interagir com nenhum outro ser místico antes.

- Estou... estou bem – responde ainda se recuperando.

- Consegue manter-se em pé? Melhor procurar uma sombra – se aproxima cauteloso – Posso buscar água se quiser.

- Não é necessário. Já estou bem – ela nega mesmo estando com sede e endireita-se.

- Foi uma corrida e tanto. Estava tentando se matar?

A pergunta a alarmou, então passou a examina-lo melhor. Ele não tinha nada de ameaçador aparentemente. Não era muito alto ou atlético, mas provavelmente não se cansaria como ela se tivesse se aventurado na mesma corrida de minutos atrás, não estava carregando nenhuma arma também. Tinha o cabelo castanho escuro, quase preto e olhos negros. Vestes simples sujas de terra, assim como a pele sob suas unhas.

- Você não me parece nem um pouco familiar. Devo estar muito longe de casa.

- Na verdade o reino dos guardiões é perto, mas nenhum de vocês nunca vem por esta direção.

- Então de onde você vem? – uniu as sobrancelhas – Eu não sabia que haviam outros povos místicos parecidos conosco, ainda mais aqui por perto – o rosto dela se ilumina com a possibilidade indicada em seus pensamentos – Você também é um fugitivo?

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