Capítulo 1x03

66 16 68
                                    

Para todos os poemas escritos sobre o amor não correspondido, há tão poucos sobre a dor de ser o objeto desse afeto.

The Dark Secret. - primeira temporada.

Abro meus olhos com dificuldade, o teto cor de gelo e as paredes brancas fazem meu estomago revirar.

- Onde estou? - questiono com a voz fraca, o que parecia ser uma enfermeira se vira me encarando. - Onde estou? - novamente pergunto.

- Hospital regional.

- Hospital? - me sinto confusa. - Como... porquê?

Flashes invadem minha mente, imagens da mulher toda queimada diante dos meus olhos... e depois a falta de ar, a sensação do ar sento tirado de mim, fecho os olhos rapidamente. Minha cabeça doe.

- A senhorita teve um colapso, uma crise de nervos muito forte. Sua avó chamou uma ambulância, você apagou por uma semana.

Colapso mental... crise de nervos... uma semana. as palavras tentavam se encaixar na minha cabeça.
Retiro as agulhas enfiadas em meus pulsos, a enfermeira tenta me impedir, consigo me levantar antes.
Uma tontura fora do comum, por pouco não me faz desmaiar.

- Preciso sair daqui. - digo a minha mesma, desnorteada.

- O médico precisa examina-la antes. Por favor volte para cama.

- Não. - encontro estabilidade, mesmo vendo tudo girando caminho até uma poltrona antiga, com um buraco no assento. Há uma calça juntamente com uma blusa dentro de uma bolsa, as reconheço.

- Ao menos me deixe ligar para sua avó, não pode sair assim. - vejo a preocupação em seu semblante, a ignoro me trocando a ponto de desabar a qualquer instante.

Passo pela porta, não consigo deduzir se é dia ou noite, o corredor está tranquilo, o cheiro é péssimo.

- Irei chamar os seguranças. Por favor senhorita Anderson.

- Estou bem, agora me deixe ir. - as palavras saem apressadas de meus lábios. Por fim dou de costas, e ela não vem atrás de mim.

Os hospitais da cidade são péssimos, mais parecem casas antigas, não demoro a conseguir achar a porta de saída, há apenas um guarda gordo dormindo.
É noite, a neve no chão, carros cobertos pela neve ainda fresca que cai. Não sei como sair dali, andando talvez....
Minha cabeça doe, a toco com a mão.
Reuno minhas forças, o que restou delas pelo menos, ando em passos largos, virando a rua e sigo até chegar a um beco escuro.

- Droga. - praguejo ao me assustar com um corvo preto.

Outro barulho me faz arregalar os olhos, detesto essa cidade onde as pessoas parecem temer a noite, dormem e acordam com os galos.

- Seline.

Ao me virar novamente, dou de cara com a mesma mulher que vi no dia do meu aniversário, ao seu lado um corvo.

- Não se assuste. - ela diz, como se lesse meus pensamentos. - Precisamos conversar.

- Não a conheço. - dou um passo para trás, tolice a minha, a mulher chega a mim tão rápido quanto meus passos. - Quem é você? O que quer de mim?

The Dark SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora