'Estou a enlouquecer com a minha loucura'

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Olho para ele sem dizer uma única palavra e quando repara nos meus olhos marejados de lágrimas de certeza pensou duas vezes antes de gritar comigo no seu tom frio habitual de quando está chateado comigo. Harry suspirou profundamente antes de falar novamente, com mais calma:

- Rose, amor o que se passa?- disse, agora visivelmente mais calmo e com a preocupação evidente nos seus olhos. Estranhei o apelido querido que só era usado em casos extremamente raros de 'graxismo' , mas neste caso, de preocupação.

- E-eu n-não sei.. - respondo enquanto sentia cada vez mais vontade de chorar.

Ele não disse nada e apenas puxou o meu braço cuidadosamente para que eu me levantasse e conduziu-me ao meu quarto.

- Consegues vestir-te? - perguntou e rapidamente me lembrei que ainda me encontrava apenas de toalha, uma no corpo e outra no cabelo.

- Sim. - respondo fracamente, recebendo um olhar de quem não estava muito convencido por parte do meu irmão.

Este assentiu e deixou o quarto. Faço um esforço para acordar para a realidade e deixar o meu fantástico mundo de loucura que faz questão que eu passe a maior parte do tempo lá em vez de o fazer na pura e dura realidade. Levanto-me e vou à cómoda retirando de lá umas cuecas de renda azul e um pijama que consistia numa t-shirt e numas calças curtas da kitty. Penso para mim que o melhor será dormir, dessa forma evito perguntas do meu irmão, evito pensar no meu estado e no fundo evito estar aqui, sempre posso ir para outro mundo que não envolva loucura nem realidade.

Os meus pensamentos foram interrompidos pela entrada de Harry no meu quarto o que me fez desistir da melhor ideia que tive provavelmente o dia inteiro, dormir.

- Toma, bebe. - disse dando-me um copo com água que rapidamente bebi, sentindo a minha garganta que antes estava seca a voltar ao normal.

- Obrigada Harry. - digo forçando um sorriso que é correspondido por ele.

Ele levanta-se e vai à casa-de-banho voltando de lá com uma escova e pede-me para me sentar na cama enquanto que ele faz o mesmo. Tira-me a toalha que estava a envolver o meu cabelo e começa a pentear-me cuidadosamente para não me magoar. Como se essa dor fosse alguma coisa comparada com a que sinto no meu coração, ou devo dizer com a falta dele, visto que mais parece que tenho um buraco no meio do mesmo.

- Rose, eu preciso que me expliques o que é que se passa contigo. Eu estou a ficar seriamente preocupado com o facto de chegar todos os dias a casa e dizeres sempre que estás bem. Achas que eu sou parvo? Eu sei que não estás! Já tive a tua idade, sei que não queres estar a falar dos teus problemas, mas agora cheguei ao meu limite, porque isto já vai para além do temperamento difícil de uma adolescente porra! Eu sou teu irmão, estou preocupado contigo e se tu não estás, devias, porque tu não estás bem. - disse muito rápido e bastante alto, quase como uma bomba que estava prestes a explodir. Espantei-me pelo enorme discurso que saiu da boca do meu irmão, realmente não estava a espera.

- Eu só... não estou bem, tens razão. - digo por fim, como se estivesse a dar uma notícia extraordinária a alguém, o que de facto, não era o caso.

- Isso eu sei Rose, explica-me o que está a acontecer!

- Harry eu preciso de ajuda, - digo começando a chorar- eu estou a enlouquecer com a minha própria loucura. - admito.

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