Na sombra do irmão

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Nos dias que se passaram as coisas não foram tão calmas como eu desejaria. Tive de ir prestar depoimento na esquadra da polícia durante várias horas, o Harry como era de esperar encheu-me de perguntas e acabei por lhe contar tudo.
Por outro lado as coisas não iam tão bem com o Zayn. Esperava que ele me apoiasse apesar de ainda ter vários assuntos para falar com ele já que não conseguia perceber a sua ligação com o Dylan, mas o que aconteceu foi o oposto do que esperava. Nada. Simplesmente nada. Não falou comigo, não o vi mas sei que ele falou com o Harry.

- Rose tens uma visita. - o Harry gritou e pude ouvir os passos de alguém a dirigir-se ao meu quarto.

Não tive tempo de nada, apenas de ficar como estava, sentada na cama enquanto ouvia música e fazia um desenho, mas também não me importei. Bateram à porta e respondi que podia entrar.

- Olá. - vejo Zayn a espreitar para dentro do meu quarto. O meu coração parou completamente. Não sei quem é que esperava mas ele não era de certeza.

- Decidiste aparecer foi? - olhei pare ele com uma cara nada feliz, mas por outro lado sentia me agradecida por ele estar aqui.

- Eu não desapareci... Só não te queria incomodar. - ele disse ligeiramente nervoso.

- Acho que precisamos de conversar. - esperei que ele sentasse ao pé de mim e olhei-o nos olhos percebendo que tinha sentido a sua falta.

- Tens razão. Antes de mais eu tenho de te dizer uma coisa, mas ouve-me até ao fim antes de tirares conclusões precipitadas. - olhou-me reprovador.

- Eu nunca tiro conclusões precipitadas! - reclamei.

- Tiras pois! - revirou os olhos.

- Eu vou ouvir até ao fim.

- Eu e o Dylan somos irmãos. - arregalei os olhos e forcei-me para ficar calada. - Ok, talvez não tenha sido a melhor maneira de começar... - hesitou um pouco. - Eu não fazia a mínima ideia de que era ele o causador de tudo isto e de tudo o que me contaste nas consultas, eu juro. Ele ainda vive na casa dos nossos pais mas eu saí de lá logo que fui para a faculdade e foi um alívio para mim. - ele fez uma pausa. - Antes de ele nascer as coisas eram normais, mas depois eu fui completamente ignorado pelos meus pais, segundo eles ele era um menino especial. - Ele falava com amargura. - Mas a verdade é que isso foi a forma de eles darem um nome ao facto de ele ser diferente. O comportamento dele era diferente, tanto era mau como parecia um anjo. Conforme eu fui crescendo comecei a aperceber-me cada vez mais do seu comportamento até que as coisas ficaram más para o meu lado, ele incriminava-me pelas merdas que fazia e os nossos pais não hesitavam em acreditar nele.

- Estás bem? - pus a mão na sua cara.

- Estou, - sorriu - mas é difícil falar sobre isto.

- Se quiseres não precisas de continuar. Eu percebo.

- Não te preocupes. - sorriu. - Acho que foi principalmente por causa do Dylan que eu decidi estudar psicologia e conforme ia estudando apercebi-me do que sempre suspeitei, o Dylan sofre de transtorno bipolar.

- E ele sabe?- perguntei ainda chocada, mas não espantada.

- No fundo ele sabe mas nega completamente. Por isso é que ele fez o que fez no fundo, não estou a desculpa-lo como é óbvio, mas a doença faz com que ele seja impulsivo, agressivo e outras vezes é um amor.

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