A verdade por trás de toda a história

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Começo a andar de um lado para o outro desesperada para falar com ele. O meu nervosismo só fazia os meus sintomas piorarem e consequentemente me deixando mais desesperada.

Corro até à casa de banho e vomito pela segunda vez neste dia. Olho-me ao espelho e vejo que o meu estado é lastimável, as olheiras profundas do cansaço por não ter dormido nada esta noite e os meus cabelos curtos mal penteados.

Ouço um barulho em casa e olho rapidamente para a porta da casa de banho certificando-me de que esta se encontra fechada e tento recompor-me passando a cara por água fria e lavo também os dentes.

- Jane? - ouço a voz do Peter e respiro profundamente numa mistura de alívio e nervosismo.

Abro a porta e vejo-o parado em frente à mesma com um olhar confuso para mim.

- Estás bem? O que é que se passa? - ele aproxima-se de mim preocupado e acaricia a minha bochecha.

- O que é que estás aqui a fazer? Não devias estar a trabalhar?- pergunto enrolando o assunto.

- A mãe foi lá ter e pediu-me que viesse para casa porque te tinhas sentido mal e não foste com ela para casa dos Senhores Johnsons.

- Preciso de falar contigo Peter. - é a única coisa que consigo dizer tentando conter as lágrimas.

Ele não diz nada e caminhamos até ao meu quarto onde me sento e respiro fundo vendo-o começar a ficar nervoso também.

- O que é que passa? - volta a repetir a pergunta feita por ele mesmo à pouco tempo.

- Eu acho que estou grávida. - baixo a cabeça e sinto as lágrimas rolarem pelos meus olhos.

- O quê? - ele praticamente grita. - Mas nós só fizemos uma vez!

- E o que é que isso importa Peter? - esfrego a minha testa tentando afastar a tensão.

- Mas como é que tens a certeza?

- Eu não tenho a certeza, mas a minha menstruação está atrasada e tenho estado enjoada, já lá vai algum tempo desde que aconteceu.

Ele senta-se ao meu lado e pega na minha mão tentando me acalmar, mas ele próprio está com bastante medo, eu consigo sentir.

- O que é que nós vamos fazer? - digo com voz chorosa.

- Eu não faço a mínima ideia...

...


- Tens a certeza disto? - pergunto pela milésima vez desde que planeámos isto.

- Vê bem Jane, nós não temos uma forma melhor de fazer as coisas, eu estou prestes a casar com a Mary porque o pai me obrigou, tu já tens um possível pretendente, estás grávida...

- E nós somos irmãos para piorar toda a situação...

- Nós não temos culpa da situação! - ele beija suavemente os meus lábios.

- Então vamos mesmo?

- Sim, vamos fugir.

...
Levanto um pouco a minha blusa e acaricio a minha barriga que já se encontrava ligeiramente saliente, mas que eu tinha o cuidado de manter escondida.

Estávamos prestes a desaparecer, a verdade é que não tínhamos rumo para onde ir e nem um plano confiável para o nosso futuro mas uma coisa sabíamos, o nosso futuro não poderia ser ali, em casa dos nossos pais e com um bebé nos braços.

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