Liberdade

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- Estamos voltando para casa! - Anunciou a Srª Krivell, com amargura.

Rinny nem se deu ao trabalho de prestar atenção. Caminhou até o espelho e ficou se observando.

Seus olhos eram castanhos, a pele morena, cabelo ondulado e volumoso, escuro com algumas mexas mais claras, ao sorrir aparecia um furinho perto da boca, era grande para sua idade, mas tinha um rosto de menina, arredondado, a franja caia sobre os olhos... "Parecida com Alissa". Rinny tentava a partir de sua imagem, criar outra um pouco mais madura.

- Ei garota. Estamos de saída. Vai ficar aí até quebrar o espelho? - Escutou a voz de Berlyan.

- Na próxima, me lembre de não correr atrás de você para ajudá-la quando alguém tentar te bater. - Rinny rebate encarando a outra pelo espelho.

- Entrei em uma floresta com bichos selvagens e sequestradores por sua causa, não te devo mais nada. - Retruca Berlyan.

Rinny rir de canto vendo a garota sair do batente da porta.

Quatro horas depois, ela estava de volta em seu porão.

- O que é isso? - Perguntou o Sr. Krivell, entrou no quarto e encarou a mala feita de Rinny.

- Vou viajar depois de amanhã. Resolvi deixar tudo preparado, como o senhor Stevin pediu. - Respondeu naturalmente. Ela ficou olhando para as malas, então voltou-se ao homem - Se eu lhe perguntasse o motivo... Sobre me esconder. O senhor me contaria?

- Você só tem que entender que tudo o que fiz foi para manter minha família protegida...

Rinny se encolheu em cima da cama.

- Isso te inclui também, você ouviu, sou primo da sua mãe... Uma espécie de tio. - Falou friamente.

- Que maneira estranha de me incluir Sr. Krivell. Me manteve a vida inteira aqui em baixo, me proibindo de ter contato com as pessoas, mentindo sobre os meus pais... Me fez achar que eu era uma órfã abandonada... - Seus olhos arderam, soltou um riso triste. - O senhor não sente remorso por ter transformado a minha vida desse jeito?

- Não seja ingrata, eu acolhi você na minha casa...

- Não seja hipócrita! - Disse com tanta firmeza que se surpreendeu. - Eu sou ótima em guardar informações Sr. Krivell, o senhor precisava de mim, a ingrata aqui não sou eu. Usou a guarda sobre mim para ser perdoado...

- Você mora em uma mansão, eu poderia te jogar em um orfana...

- Uma mansão que é um cativeiro para mim... Mas quer saber Sr. Krivell?! Eu lhe sou grata sim. Por todos os anos que me manteve aqui em baixo, por me tirar refeições como castigo por meu cabelo não ser comportado. Por me fazer trabalhar mesmo com tantos empregados. Assim, me fez um favor. Me poupou de ser como o senhor. Me ensinou como eu não deveria ser. - Disse olhando-o nos olhos - Por isso eu sempre serei grata..

- Está mostrando as garrinhas?! Falou como sua mãe. - Disse ele mudando o olhar de perplexidade para desdém. - Ela também falava demais, uma petulante, abusada. Por isso foi...

- Não fale da minha mãe... Ela foi uma guerreira admirável. - Rinny o interrompeu, lembrando da forma carinhosa de Stevin ao se referir aos seus pais. Ela se pôs frente a frente com seu tio. Não sabia muito sobre isso, mas sua mãe lutou até a morte por algo, bastava! Ela havia sido uma grande mulher, não deixaria a triste porém nobre informação que tinha dela, ser manchada por esse homem.

- Não vou ajudar você a ir pelo mesmo caminho.

- Eu não dependo do senhor... Tio Ralph, mas de alguém bem maior do que o senhor.

Rinny Jay e a Armadura Do Príncipe Onde histórias criam vida. Descubra agora