Assim como na primeira vez, nossas respirações estavam ofegantes e devido ao fato de nossos rostos estarem apenas a alguns poucos centímetros de distância, se misturavam.
Após fazer o sinal com a mão, ele afasta a cabeça dele para olhar seja lá o que for detrás das árvores. Rapidamente, o rosto volta para onde estava e novamente ele faz sinal com a mão para que eu permanecesse calada, enquanto a outra mão ainda estava tampando minha boca; nos encaramos durante alguns segundos.
Os olhos dele... de alguma maneira estão diferentes, na verdade muito diferente de quando nos "encontramos" pela primeira vez. Não são mais aquelas águas cristalinas sombrias que me encararam com fúria querendo me afogar, mas pelo contrário, agora essas águas cristalinas estão...calmas? Tranquilas? Não sei qual a palavra certa a se usar, apenas sei que estão diferentes.
Novamente ele afasta a cabeça como da primeira vez, mas dessa vez percebo o alívio em seus olhos, já que é a única coisa que está descoberta. Logo sinto sua mão deixar minha boca livre.
— Cadê o Jay?
— Eu acho que talvez ele já esteja chegando na casa.
Suspiro aliviada, até me dar conta de uma coisa.
— Ei, por que você fez isso? Por que me salvou do seu irmão?...
Encaro seus olhos e pequenos flashbacks passam por minha cabeça. Primeiro o flashback do pedaço de madeira me protegendo da flecha, depois o flashback da bala se chocando com o vidro da janela, e logo em seguida o flashback do que acabou de acontecer.
—Espera aí, você tem alguma coisa haver com...com...ah, com os acontecimentos que me salvaram? — pergunto. Confundindo um pouco as palavras.
— Shiu, ele pode te ouvir e se ouvir e vier aqui te matar, eu deixo — diz ele tentando ser um pouco sarcástico.
— Não, você não deixaria. Se você quisesse que eu estivesse morta você mesmo já teria me matado — digo calma e procurando os olhos dele, que por sua vez fugiam dos meus — Mas você ainda não respondeu minha pergunta. Você tem alguma coisa haver com as coisas que me salvaram ultimamente?
Finalmente ele me olha.
—Talvez sim, talvez não...
— Não foi nenhum dos meus amigos e nem das minhas amigas! — interrompo-o.
—Talvez possa ter sido o teimosinho no qual meu irmão baleou na perna — fala se virando e começando a andar.
— Por favor — caminho e fico bem na frente dele, impedindo-o de continuar caminhando — Eu preciso saber.
— Desculpe — diz ele colocando as mãos na cintura — Mas o que eu acho que você precisa é ficar quieta e não ficar questionando quem está te salvando. Você está viva, não é? Isso não é o que importa?
— Sim, importa muito. Mas eu só...quero saber quem está me protegendo; e...agradecê-lo — dou um sorriso fraco.
Nos encaramos por alguns segundos.
— Eu acho melhor você voltar, já devem estar preocupados — diz ele sério e voltando a caminhar passando por mim.
— Espera... — me viro para olhar para ele, mesmo que ele não faça o mesmo e não faz —, Eu quero agradecer pelo o que você acabou de fazer e também quero agradecer pelas outras duas vezes que você também me salvou. Apesar de você não admitir, eu tenho quase certeza de que foi você, então, obrigada… — suspiro, encarando-o.
Vejo-o virando e olhando para mim.
— De nada.
Não sei se ele deu algum sorriso debaixo do pano preto que cobria seu rosto, mas me vejo novamente sozinha nesta floresta escura. Olho para um lado e para o outro e começo a correr de volta para a casa.
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Férias (Nada) Normais
Mistero / ThrillerContém TRAILER. REVISANDO... Para quem gosta de um misto de gêneros, ai vai: Suspense, Mistério, Espiritual e Romance. Ao chegar das férias, um grupo de jovens adultos decidiram passar suas férias, juntos, em uma casa de campo longe da cidade com o...