Quem foi?

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Acharam o corpo dela em seu quarto. Ninguém sabe quem foi que a matou, ninguém sabe se foi alguém da escola ou alguém de fora. Só sabemos até agora que alguém matou Rosa Helena, a minha primavera.

O enterro foi um pouco estranho, havia tantas pessoas naquele lugar que faltou espaço para alguns. Vieram de tantos lugares apenas para despedirem da minha rosa.
Sua família inteira estava lá.
Mãe, pai, irmã, tia, tio, avó, prima e assim por diante. Mas o que era estranho é que em alguns momentos Rosa Maria sorria para sua mãe como se elas haviam conquistado algo que sempre tentaram.

Suspiro ao ouvir a voz do pastor me chamando para fazer um discurso fúnebre, me levanto da cadeira onde estava sentado, ao lado de minha mãe, e vou em direção do cachão. Observei Rosa Helena por alguns instantes e sorrio ao saber que um mais um anjo voltou aos céus.

- O que posso falar sobre Rosa Helena? - digo assim que me posiciono no altar improvisado. Suspiro novamente e sinto algumas lágrimas nos olhos.

Abaixo a cabeça enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto, olho a folha que estava escrito o discurso e a guardo no bolso, fecho os olhos e tento criar forças para voltar a falar.

- Vou contar uma pequena história. Prometo ser um pouco rápido. - sorrio fraco - Era uma vez, um pequeno jardim onde tinha muitas margaridas de apenas uma só cor, mas certo dia uma rosa floresceu nesse mesmo jardim. As outras margaridas ficaram com inveja porque a essa rosa era a mais linda flor que já nascerá naquele jardim. Suas pétalas era azuis, seus espinhos eram fortes mas não machucava quem ela amava. - abro os olhos - Mas ela era muito afastada, porque as outras flores diziam que ela ela era feia, sendo que era mentira, até que um cravo se apaixonou pela Rosa, ou como ele chamava ela, Primavera.

Vejo o sorriso de alguns amigos e desconhecidos, e ao mesmo tempo, vejo também o olhar de indignação de sua irmã e mãe, mas mesmo assim eu continuo.

- Mas alguém matou minha primavera, alguém tirou sua vida e não foi apenas a dela, a minha também foi arrancada. Amava muito Rosa Helena, conheci suas flores e seus espinhos e amei cada um deles. E eu prometo não deixar isso desse jeito, pequena primavera não deixarei sua morte ficar sem justiça.

Suspirei e encarei Rosa Maria e sua mãe. Desci do altar e fui até o cachão novamente, beijei seu rosto pálido e coloco uma rosa azul perto da pequena primavera.

- Ainda vamos nos ver pequena. - sussurro e logo após volto a me sentar perto da minha mãe e abaixo a cabeça.

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