Rhaegar Targaryen

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Aquela montanha era mais alta do que imaginava. Teve que deixar os cavalos lá embaixo com Jon Connington, que insistiu em subir a montanha. Sor Arthur Dayne subiria com ele a fim de resguardar a integridade do Príncipe frente a qualquer problema que pudesse ocorrer. Notou os olhos de índigo puro de Arthur Dayne postos nele, atenciosos, assim como seus cabelos louros-prateados esvoaçando com o vendaval do fim de tarde. Rhaegar enxergava em seu protetor da Guarda Real traços inquestionáveis de sua ascendência valiriana, herdada dos Targaryen. O cavaleiro desembainhou Amanhecer, sua espada branca como o leite e mortal como Luminífera.

Subiram a montanha devagar, o sol desaparecia no horizonte e a noite prometia uma boa chuva, porém sabia muito bem que Fantasmas odeiam a luz do dia. A melhor forma de encontrar esse Fantasma é durante as sombras, onde os demônios se escondem. Pensou. Percebeu, naquele momento, que daria tudo para ter em suas mãos a espada ancestral de sua família. Blackfyre. Sussurrou o nome dentro da sua mente, um nome que em Westeros era temido em alguns lugares e amado em outros. Daemon Blackfyre não era tão diferente de mim, eu presumo. Afinal, ambos somos considerados o Guerreiro vivo e... Tão distantes da realidade de nossos mundos.

A Casa Targaryen odiava, de todas as formas, qualquer ideia ou pensamento a respeito da Casa Blackfyre, mas Rhaegar sempre teve um pensamento guardado consigo. Daemon era filho de Aegon IV, o Indigno, o pior de todos os Reis de sua família, assim como era filho de Daena Targaryen, esposa de Baelor, o Santo, e amante do quarto Aegon. Pensou em como tudo poderia ter sido diferente, em quantas vidas poderiam ter sido salvas se todos tivessem agido diferente. Seu antepassado imbecil com sua prole de bastardos, que decidiu entregar a espada ancestral de sua família a um deles, por mais que tivesse sangue puro em sua veias e, talvez, o direito de carregar o nome Targaryen. O filho deste, que negou-lhe Lady Daenerys, casando-a com Maron Martell, ele próprio, que deveria ter reconhecido que, apesar de tudo, não tinha direitos a mais que seus irmãos mais velhos, a despeito dos desejos de um Rei Louco.

Rei Louco. Era assim que chamava Aerys Targaryen naqueles dias e nada o feria mais. Precisava ter cuidado de todas as formas. Muitos poderiam questionar seu pai, ainda mais desde que Tywin Lannister deixou de ser a Mão-do-Rei.

- Se ficar pensando muito, sua cabeça vai entrar em chamas e você vai virar um Dragão em carne e osso. - disse Arthur.

- Talvez sim, meu pai adoraria ter um Dragão, ah como adoraria. - sorriu enquanto subia com cuidado por uma escada feita de pedras antigas, os ventos fortes o deixavam alerta. Seu sangue pertencia aos senhores dos dragões, mas não lhe foram dadas as asas para voar, então seria mais seguro não cair da montanha.

- Precisa mesmo subir essa montanha?

- Quero falar com o Fantasma do Coração Alto. - respondeu fazendo uma pausa, ofegante. -Dizem que pode prever o futuro, e eu quero conhecer o futuro.

- Novamente a história de Azor Ahai?

A verdade sempre fora clara, Azor Ahai vivia em seus pensamentos. Respirou fundo e continuou subindo, os ventos os empurravam contra as rochas, mas ainda sim o Príncipe estava firme em sua subida, um Dragão não desistia nunca e este em particular tinha muita força de vontade. A lua cheia surgiu em meio as nuvens, trazendo consigo um ar gélido e sons assustadores da noite. Pois a noite é fria e cheia de terrores. Pensou. As típicas palavras dos seguidores de R'hllor. Eles estariam corretos e o Grande Outro se levantaria?

Continuou caminhando juntamente de Sor Arthur Dayne, as rochas começavam a ficar maiores conforme avançava e a escadaria começava a desaparecer. Encontrou uma caverna quando chegou próximo ao topo, onde o Fantasma deveria estar, mas esperou um pouco para tomar ar.

- Esse é o momento, Sor. - disse Rhaegar. - Não ameace o Fantasma a não ser que seja necessário.

- Confie em mim, meu Príncipe.

As Crônicas de Um Amor InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora