As Crônicas de Um Amor Invernal

Rhaegar Targaryen

Olhou diretamente para a campina e percebeu todos os desafiantes em suas tendas, ociosos e aguardando apenas o começo das justas para se apresentarem. Ele sentou-se em frente a sua tenda, os cavalos estavam bem alimentados e ele precisava respirar ar puro antes de começar oficialmente o Torneio de Harrenhal. O senhor Walter Whent vestia uma armadura leve para aguardar o sorteio, também pode ver estandartes da Casa Haigh, Blount e Frey logo à frente, mas não pode ver os cavaleiros. Viu claramente o rosto de Sor Barristan Selmy caminhando até o seu cavalo, acariciando-lhe a crina e brincando com o animal. A vida dos cavaleiros era assim, sempre unida com seus animais.

Lorde Yohn Royce se retirava de sua tenda para respirar o ar profundo e saboroso do dia, retesando duas mãos para o alto e bocejando, o homem poderia ficar em seu caminho durante o torneio, então precisava estar atento. Sor Arthur Dayne e Brandon Stark caminhavam lado a lado, conversavam sobre algo que Rhaegar não pôde compreender, mas sabia que o Stark participaria das justas, assim com Dayne, mas desconhecia as habilidades do mesmo. Se Brandon for como Lorde Cregan Stark, então terei de ficar duplamente atento. Certa vez Lorde Cregan Stark foi a Mão-por-um-dia, onde presidiu julgamentos e execuções depois da Dança dos Dragões. Sor Aemon Targaryen, o Cavaleiro do Dragão, sempre dizia que jamais tinha enfrentado um espadachim tão fino e habilidoso quanto Cregan. Aemon nunca mencionou nada a respeito de lanceiro habilidoso, mas mesmo assim preciso me atentar.

Sor Arthur Dayne aproximou-se devagar, despedindo-se do Stark. Rhaegar permaneceu sentado, observando o dia. Trajava seu ocasional camisão de linho branco e calças de couro vermelhas como o sangue. Suas botas eram da mesma cor e seus cabelos soltos pareciam um emaranhado de capim.

– Vai enfrentar Lorde Yohn Royce, meu príncipe. – disse Arthur. – O sorteio já foi feito. Desafiarei Lorde Eon Hunter.

– Robert Baratheon participará das justas?

– Robert? – Dayne gargalhou. – Ele não costuma a familiarizar com lanças e justas. Até onde sei, participará ativamente do combate corpo-a-corpo. Um problema a menos para que eu possa ser campeão.

Rhaegar sorriu.

– Um bom espadachim nem sempre é um bom cavaleiro. Sor Duncan, o Alto, sempre foi o melhor no corpo-a-corpo, derrotou Lucas Longinch e matou o terceiro Daemon Blackfyre. Mas quando desafiou Sor Utor Underleaf, foi nocauteado e perdeu a justa sem muita dificuldade.

– Utor havia sido pago para matá-lo, para derrubá-lo de seu cavalo.

– Sim, e o dever do cavaleiro é não ser morto, primeiramente. – Rhaegar se levantou e caminhou até a barraca, tomou a jarra com vinho e trouxe duas taças. Um bom jeito de começar o dia.Retornou até Arthur e serviu-o com o melhor Dourado da Árvore. – Alguém mais que eu deva me preocupar?

– Oberyn Martell, dizem que é muito habilidoso com lanças. Jon Arryn, Jon Connington, Sor Gerold Hightower e Oswell Whent. – Arthur tragou alguns goles do vinho, saboreando-o. – Além destes, ninguém mais, eu devo dizer.

– O Touro Branco não será um problema tão grande. Sor Gerold sempre foi melhor espadachim do que cavaleiro. De todo isto não é ruim, o Rei precisa de ótimos espadachins o protegendo enquanto ele fode com o Reino.

Arthur sorriu um tanto desajeitado.

– Refere-se ao seu pai?

Rhaegar assentiu.

– Não o reconheço mais, não desde Valdocaso. – suspirou. – Infelizmente as coisas estão piorando e meu pai se aproxima cada vez mais daqueles piromantes. Desde que Lorde Tywin Lannister abandonou o cargo de Mão-do-Rei, a situação financeira do Reino vem piorando e todos questionam o Rei Aerys. O problema é que o questionam e me apontam como aquele que pode solucionar todos os problemas, o que piora a loucura de meu pai, ao ponto de fazê-lo vir a Harrenhal por medo de seu filho herdeiro planear uma rebelião em sua ausência.