Lyanna Stark

201 13 0
                                    


  Aquele quarto não era tão grande quanto esperava e nem mesmo se encontrava dentro o castelo de Harrenhal. Estavam ali por pelo menos meia hora enquanto Rhaegar Targaryen estudava alguns livros sentado na cama, procurando por algo que Lyanna não sabia dizer. Enquanto isso se concentravam em olhar pela estreita janela e sentir o cheiro da tarde quente que lhe fazia, apenas um pouco, sentir saudade do frio incessante do Norte. Coçou a cabeça e fechou os olhos rapidamente, deixando-se levar pelos pensamentos.
– O que realmente está procurando?
Rhaegar levantou o rosto.
– Sinais e Presságios. respondeu calmamente. Um livro escrito por Daenys Targaryen, a Sonhadora, que previu a Perdição de Valíria e salvou a Casa Targaryen do fim iminente. Ela previu coisas que chegam aos nossos dias, ouvi falar, então às vezes alguém tem uma cópia aqui ou acolá.
– É comum vocês sonharem e acharem que vai acontecer?
– A Casa Targaryen carrega esse dom por séculos. Rhaegar continuou folheando o velho livro. Não seria estranho que Valíria realmente fosse destruída depois de uma previsão destas. parou por um segundo. Se não acredita, depois de tudo o que viu, por que está aqui?
Lyanna Stark sorriu.
– De certo modo sou tola e acredito, Rhaegar.
Ele sorriu. Acreditar não era a coisa mais fácil a se fazer quando se falava a respeito de Azor Ahai. Lyanna se perdeu em seus pensamentos enquanto olhava fixamente pela janela, esperando pelo príncipe.
– Onde conseguiu esses pergaminhos antigos?
Tudo que provinha de antes da Guerra da Conquista era demasiadamente raro, ainda mais se fosse de origem valiriana. Isso somente reforçava tudo o que já sabia. Alguém conseguira isso para Rhaegar.
– Tenho meus contatos, Lyanna Stark. - ele sorriu e olhou-a atentamente. - Está tão bela, perdão por não haver notado antes.
Homens quando fugiam do assunto sempre faziam isso. Ned sempre fora assim, da mesma que Brandon, Benjen e até Lorde Rickard Stark. Sentiu o cheiro doce da madrugada e sorriu, apreciava esse sentimento acima de muitas outras coisas. Amava as coisas mais simples da vida de uma forma extraordinária. Provavelmente esse sempre foi o maior motivo de ser amada pelos plebeus da forma que era. Reconhecia muito de si em Rhaegar Targaryen e sentia seu coração mais ligado ao dele do que imaginava. Ele é casado com Elia Martell. Esqueça isso. Por mais que desejasse deixá-lo de lado, a profecia se tornava cada vez mais real neles.
A verdade era tão simples quanto imaginava ser. Não podia simplesmente cumprir a suposta profecia sem antes enfurecer os dorneses, Lorde Rickard Stark, e a própria princesa. Ao mesmo tempo sentia o dever dentro do seu ser, algo que lhe dizia coisas tolas, coisas como: deveria fugir com Rhaegar Targaryen de uma vez por todas e acabar com aquilo. Sem amor, Lyanna não faria nada. O problema era o sentimento pelo doce Príncipe de Pedra do Dragão que nascia dentro de si, algo demasiadamente perigoso para alimentar. Se a profecia fosse certa, sua condenação daria uma chance ao mundo.
Sentou ao lado dele e tentou ler um pouco do texto, sem compreender muito. Deduziu que estava tudo em Alto Valiriano e que, provavelmente, jamais conseguiria ler aquilo como deveria. Percebeu aos poucos o quanto aquela presença forte do galante Rhaegar a encantava milhares de vezes mais do que a de Robert Baratheon, cujas únicas ocupações resumiam-se a foder, lutar e beber, sempre repetindo esta ordem. Começou a pensar a respeito do que o Fantasma de Coração Alto lhes havia dito e percebeu que seria tolice não acreditar. Azor Ahai era real, ela gostando ou não, assim como os Outros. Os Primeiros Homens não podia se esquecer da Batalha pela Alvorada e o sacrifício dos grandes heróis do passado. "Seu filho será a promessa viva... Por que não acreditar?". Pensou. Respirou fundo e percebeu os olhos índigos de Rhaegar sobre ela.
– Está pensativa demais, milady. - disse Rhaegar. - Se teme pelo que Lorde Stark dirá a respeito dessa nossa pequena fuga, posso levá-la de volta. Se desejar.
– Não há com o que se preocupar, meu príncipe, eu...
Sentiu o leve toque da mão direita dele sobre seu ombro esquerdo, primeiramente de uma forma um tanto tímida, atravessando a sua alma. Aquela mão alcançou o seu pescoço e seus cabelos, deixando-a excitada e sem jeito. Nunca permitira que um homem a tocasse daquela forma, mas Rhaegar era diferente. Tentou avisar a sua mente que ele era casado, mas não bastava. Perguntou-se o que Ned, o Honrado, faria naquele momento. "Algo digno de Daeron II. Enquanto você age como Aegon IV, o Indigno". Os valirianos não se importavam em tomar mais de uma esposa, o próprio Aegon Targaryen, o Conquistador, fizera de suas irmãos, Visenya e Rhaenys, suas esposas. Incesto seguido por poligamia, os sacerdotes e septões enlouqueceram, ainda mais quando Aenys Targaryen, filho de Rhaenys, se tornou o novo rei, morrendo sem resolver a revolta que Maegor Targaryen, o Cruel, resolveria de forma sanguinária, quase que destruindo os laços dos Sete com os Sete Reinos e a Casa Targaryen. Jaehaerys, o Conciliador, resolveu o impasse e consolidou tudo o que Aegon conquistou. O resto era história e Lyanna não precisava disso agora.
"Do que o chamarão? Rhaegar, o Tolo?". O príncipe era amado por todos em Westeros. Respirou fundo e sentiu os lábios deste mesmo homem beijando o seu pescoço com delicadeza e paixão, havia algo em seus olhos quando os encarou e percebeu a verdade. Ele não a desejava, ele a amava. Com todo o seu ser. Pensou em suas atitudes e na tolice que estava se permitindo cometer, aquela não deveria ser ela em nenhum lugar de Westeros, a Lyanna Stark que todos conheciam era simpática, amavél, mas mesmo assim rebelde como um gato das sombras.
Westeros era um reino duro e frio, não havia tempo para amores tolos, por isso as moças tinham seus casamentos arranjados com homens mais velhos. Teria a sorte ss realmente se casasse com Robert Baratheon, o homem tinha quase a sua idade, além de ser belo e forte. Pena um homem com doces qualidades não conseguir deixar a cama de outras mulheres. Ele seria apenas mais um Aegon, o Indigno. Virou o rosto para encará-lo e sorriu, sem jeito, seus olhos novamente se encontraram com os de Rhaegar, que beijava delicadamente seu ombro e fixou os olhos em seu rosto. O calor entre eles era intenso e não sabia o que fazer.
– Vamos nos arrepender se fizermos isso. - disse Lyanna. - Deveríamos retornar para o castelo.
Rhaegar sorriu.
– Não vou forçá-la a nada. - responder Rhaegar.
– Não farei nada por dever, Rhaegar. Farei por amor.
– E você acha que faço pelo isso por dever?
Lyanna fungou. O homem tinha Elia Martell e os Targaryen eram aliados dos Nymeros Martell de Lançassolar até os ossos. Ainda temia no que aquilo poderia se tornar.
– Estou atraída por ti, não há o que negar, Rhaegar. - Lyanna Stark se levantou e sorriu. - Preciso retornar para meu pai e meus irmãos... Teremos tempo para falar a respeito do que ouvimos e o resto.
Às vezes desejava não ter ido até o Coração Alto, mas sabia que já era tarde de demais para quaisquer arrependimentos. Lyanna saiu da casa e caminhou pelas ruas um tanto sem destino, procurando pelas ruas que deveriam levá-la até o castelo. Os ventos sopravam e a noite adentrava com todas as suas forças, encerrando a quente tarde de verão. Percebeu alguns marginais nas ruas de Harrenhal, mas não tinha com obque se preocupar. Sou uma nobre, uma Stark de Winterfell. Meu destino? Não faço ideia. Pensou. Sorriu para si mesma, afinal, o que faria?
Percebeu que estava sendo seguida por dois dos marginais que acabara de encontrar pelas ruas. Bastava ignorar e passaria com segurança, acreditava que ninguém desejaria ser castrado ou eviscerado por violar uma nobre. Um mundo um tanto injusto, tendo em vista que os nobres faziam isto com frequencia avassaladora. Por sorte cavaleiros andantes inspirados em Sor Duncan, o Alto, traziam dias mais justos ao mundo tão deturpado.
Lyanna Star acelerou o passo, mas continuava sendo perseguida. Respirou fundo e tentou encontrar uma saída daqueles malditos becos, tentativas que se provaram absolutamente vãs. Virou-se rapidamente e golpeou a garganta de um dos marginais com um punhal que sempre carregava consigo sobre a coxa esquerda. O sangue esguichou fino e vermelho, podia sentir a vida do homem partindo dele levemente, não podia negar a pontada de prazer que sentia naquele momento. Virou-se com o punhal apontado na direção dos comparsas. Eram seis agora e todos carregavam suas próprias facas e punhais. Trazia consigo um punhal com cabo de ouro e adornado com um rubi e uma safira, seu pai sempre lhe dissera que era uma inspiração nas Canções de Gelo e Fogo, mas nunca deve ter imaginado que caíria tão bem nela. O aço era valiriano e reluzia firme por onde as camadas foram batidas firmemente uma sob a outra. A luz a noite deixava a lâmina ainda mais bela.
– Afastem-se! - declarou aos seus atacantes. - Não vão desejar atacar a filha de Lorde Rickard Stark. Sabem que o vosso destino será muito pior do que a morte!
O homem da frente, um ruivo sardento e pequeno olhava-a lascivamente.
– Nunca tive o prazer de foder uma boceta da nobreza, ainda mais uma que seja de tão longe quanto Porto Branco.
– É Winterfell, Wull. - corrigiu o colega, um homem atarracado de cabelos desarrumados e rosto cheio de cicatrizes de varíola.
– Pode ver que não tive o mesmo prazer de viajar tanto quanto o meu amigo, mas qualquer boceta que venha do norte do gargalo é iguaria por estes lados. - ele sorriu, seus dentes eram podres. - Levante esse vestido e torne o trabalho mais fácil e prazeroso para nós, milady, prometo que depois você vai desejar todo o pau plebeu que ver por aí. - ele tentou levantar o vestido, mas Lyanna afastou-se. - Deixe-me ver sua boceta de uma vez e cale a boca!
Lyanna Stark limitou-se a cuspir na face do ruivo.
– Se me tocar, vou enfiar o punhal no seu cú. - ameaçou com firmeza.
O homem parecia divertido com suas ameaças, estava disposta a cumpri-las a risca. Um deles avançou por detrás e surpreendeu-a. Lyanna tentou golpeá-lo com o cotovelo esquerdo, mas foi em vão. Sentiu o membro enrijecido do idiota roçando suas nádegas, sentiu repulsa daquilo. O ruivo se aproximou e levou as duas mão diretanente aos seus seios, apertando-os e tocando-os. Ele desnudou os seios dela e retirou seu membro de dentro das calças, uma coisa pequena e pálida, Lyanna sentiu nojo. Ele começou a se masturbar enquanto a tocava, o outro homem que a segurava começava a levantar o seu vestido a fim de tocá-la entre as pernas, a mão era fria e pegajosa, nojenta.
– Chegou a hora de foder a sua boceta, cadela!
As palavras dele se afogaram em sangue no momento em que uma lança transpassou sua garganta e foi jogado para o lado esquerdo por um golpe poderoso de cabo ds lança. Lyanna girou o punhal e rasgou a garganta do homem que a segurava e depois chutou-o com a sola do pé, fazendo o corpo sangrento cambalear entre as pedras. O homem que a salvara estava de costas e, enquanto Lyanna dava cabo do ladrão que a segurava, o seu salvador já eliminara todos os inimigos com sua lança. Por um momento aparentava ser Oberyn Martell, mas os trajes cor de musgo não traziam lógica ao que via.
– Salva novamente? - indagou seu salvador.
–Howland Reed... - Lyanna sorriu. - Por um momento pensei que era Rhaegar ou Oberyn Martell.
– Martell? - Howland gargalhou. - Estava me dirigindo até o local das justas e, inadivertidamente, percebi que alguém precisava de ajuda.
Reed começou a caminhar na direção das listas, mas Lyanna agarrou o seu ombro e puxou-o levemente.
– Se eu contar um segredo...
– Eu o guardarei a Sete chaves, milady. - o cranogmano sorriu, confiante.
– Pois bem... Tenho muito a lhe contar, Reed.  

As Crônicas de Um Amor InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora