Jaime Lannister

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Os homens da Casa Stark haviam sido mortos na entrada da Fortaleza Vermelha, assim que Lorde Rickard atravessou os portões há três semanas. Seu filho mais velho, Brandon, fora preso há dois dias quando viera resgatar o pai das mãos do Rei Aerys II. Infelizmente uma atitude tola, mesmo que corajosa. Jaime esteve presente em ambas às prisões e manteve-se ao lado do Rei o tempo todo depois, nas reuniões do Conselho e todo o resto. Ambos morreriam por desafiarem a Casa Targaryen. Podia dizer que, particularmente, estava familiarizado com a forma que os Reis Dragões tratavam seus súditos em sua fúria. Muitas vezes via como o próprio Rei tratava os seus, incluindo a Rainha.

Respirou fundo e tentou manter a calma enquanto via Brandon Stark ser arrastado pelo grande salão do palácio. Um Guarda Real deve se manter silencioso e calmo. Tente não demonstrar emoções. Você protege o Rei, você não o julga. Pensou. Deveria manter-se silencioso enquanto o seu monarca governava e julgava estupidamente. Sou filho de Rochedo Casterly, sou um Leão de Lannister. Eu deveria fazer algo. Mas não podia nem mesmo se mexer, a única coisa que podia fazer era observar o Stark sendo arrastado até próximo ao trono enquanto seu pai, Lorde Rickard, era pendurado por umas cordas novas e colocado sobre uma fogueira ainda não acesa.

Brandon praguejava e gritava, ofendendo aos novos deuses e também aos membros da Guarda da Cidade que o arrastavam. Foi amarrado com a corda em sua garganta, naquele momento a corda não foi apertada, mas Brandon também não podia se mexer e muito menos retirar a corda do pescoço. O Rei Aerys assistia tudo com um sorriso malicioso em sua face, esperando pelo melhor momento. Ele bateu as mãos e gargalhou algo um tanto grunhido e chamou Sor Jaime Lannister, que caminhou devagar até próximo ao trono.

- Dê-lhe uma espada, Sor. – murmurou o Rei. – Mas coloque-a um tanto distante do maldito Stark... Deixe-o lutar para escapar, deixe que use suas forças inutilmente! Deixe que pragueje, que tente escapar e quando as forças lhe faltarem, deixe que chore pela sua derrota! Estes nortenhos precisam aprender quem é o Rei!

Um homem que precisa dizer que é o Rei não é um Rei de verdade. Pensou. As palavras pertenciam a Lorde Tywin Lannister, seu pai, mas não deixavam de ser verdades nem mesmo por um minuto. Deixou as palavras para trás e aproximou-se de Brandon caminhando lentamente. Quando se aproximou, pôde observar o ódio nos olhos do nortenho quando desembainhou sua espada e jogou-a um metro dele. O Rei gargalhou, assim como alguns membros da corte, mas Jaime não. Sentiu-se mal por aquela situação, mas o que poderia fazer?

Os exércitos de Rochedo Casterly estavam distante no oeste e o pai não viria para socorrer os homens do Norte a não ser que tudo estivesse quase ganho. Sabia bem como os Lannisters se portavam em situações difíceis: optavam pelo lado vencedor. Ou o lado mais próximo da vitória. Fosse qual fosse o lado. Caminhou de volta para a sua posição, porém com um sentimento de culpa e fraqueza. Todos o olhavam e admiravam sua beleza, seus cabelos lisos e dourados, seus olhos verdes esmeraldinos e seu busto forte e atlético coberto pela armadura branca da Guarda Real. Era um galante cavaleiro na qual as donzelas poderiam cantar suas prosas e canções por todo o sempre, dizendo como fora respeitável e galante, além de corajoso e audacioso. Mas o que estava sendo naquele momento? Temia o Rei. Estava sendo um covarde a nada mais.

Os olhos se desviaram dele e retornaram para Brandon e Rickard, para o espetáculo mais grotesco que veria em toda a sua vida, além de ser a coisa mais tola que um Rei faria com seus servos. Houveram Reis Targaryen loucos antes de Aerys, mas nunca a um nível tão exacerbado e tão imbecil. Quem é você para questioná-lo frente a todo o Reino? Quer se juntar ao Lorde Stark? Perguntou-se em pensamentos, mas suspirou furiosamente dentro de si, sentindo-se um inútil. O Rei ordenou que a fogueira fosse acesa por Lorde Rossart, o novo Mão-do-Rei, homem que muitos diziam ser um poderoso necromante.

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