As Crônicas de Um Amor Invernal

Eddard Stark - Winterfell

Alcançava os bosques do Norte, próximo a Winterfell. Não sabia bem o que era mais doloroso: voltar para casa depois de tudo, ou retornar ao início de tudo. Enviara Howland Reed e Wylla Sunsfall até os portos de Lançassolar, onde poderiam encontrar um barco que os levaria até as Terras do Rio, onde passariam algum tempo antes de Reed encontrá-lo em Fosso Cailin. Depois de alguns meses Reed e Wylla se despediram (e Ned deixara uma bolsa com muito ouro para a mulher, em agradecimento aos seus serviços). Agora podia ver a sua casa mais uma vez, as torres que se levantavam imponentes, as muralhas grossas, o Bosque Sagrado. Tudo estava diante dele.

Mas não exatamente como esperava, pois carregava dentro da carruagem uma criança pequenina e amorosa. Seguido pelo seu exército que retornava para o lar (os que serviam diretamente a Casa Stark, pois os outros foram autorizados a seguir seus caminhos depois de Fosso Cailin). Cinco mil soldados agora retornavam aos seus lares e suas antigas vidas. Irmãos da Patrulha da Noite o aguardavam para levar Sor Jaremy Rykker e Sor Allister Thorne para a Muralha, pois Tywin Lannister lhes dera uma escolha: vestir o negro ou morrer.

Porém o que mais temia seria o reencontro com Catelyn Tully, agora uma Stark de Winterfell. Temia aparecer diante dela com um "bastardo", mas sabia bem qual seria o preço por revelar a verdade a qualquer um, mesmo sua própria esposa. Tanto Eddard quanto Howland tinham concordado em manter o segredo de Lyanna e Rhaegar com suas vidas se fosse necessário, pois nada impediria uma guerra pelo corpo do filho do Último Dragão.

Howland Reed retornaria para Atalaia da Água Cinzenta depois de uma quinzena, mas antes o ajudaria a planejar certas coisas.

- É uma criança maravilhosa. – murmurou Howland brincando com o pequenino. – Tem certeza que continuará com o mesmo nome?

- Jon não me parece mal.

- Mas ele será um Snow, não um Stark, ou Targaryen. – continuou Howland, falando baixo suficiente para que ninguém ouvisse do lado de fora.

Eddard Stark sentiu um calafrio subir por sua espinha.

- Jon Snow. – suspirou. – Não é um nome ruim, afinal, posso dizer que combina. O nome dele não me preocupa. Mantê-lo a salvo sim.

- Isso será fácil.

"Sim. Difícil será entrar em Winterfell e suportar o turbilhão de lembranças". Pensou. E realmente se sentiu assim. No momento em que os portões foram abertos, Ned percebeu o quão doloroso era olhar o seu lar e já não poder enxergar Brandon, Rickard e Lyanna. Benjen Stark o aguardava na entrada juntamente com sua esposa, Catelyn. "Ao menos você me sobrou, irmão". Suspirou ao enxergar as torres cinzentas, rostos camponeses cinzentos, olhos postados nos soldados que acabavam de chegar. Os ventos sopravam e arrastavam as folhas velhas do Bosque Sagrado para todos os lados, espalhando-os, um presságio para a sua volta.

Desceu da carruagem com o bebê em seus braços. Jon não era do tipo que chorava muito, às vezes parecia ter herdado a dureza da mãe. O garotinho dormia calmamente no momento em que Eddard desceu juntamente com Howland, que o ajudava, carregando seus pertences. Deparou-se com Catelyn Tully, mas foi surpreendido. A Rebelião durou quase um ano, mas o período de reconstrução e reorganização foi tão longo quanto à própria guerra. Ned visitou Robert em Porto Real e chorou ao lado dele, diante dos ossos de Lyanna. Depois ajudara o amigo a manter o controle de Porto Real por algum tempo.

Jon Arryn fora escolhido como Mão do Rei, enquanto Lorde Tywin recebia venerações e elogios. A despeito da morte grotesca dos filhos de Rhaegar, a morte de Lyanna reunira o Lobo e o Veado novamente em um momento de tristeza. Viajou através das Terras do Rio, observando o Coração Alto, onde tudo começou para sua irmã, mas nada viu ali. Seguiu até Correrio e passou algum tempo com seu sogro, ajudando-o a reorganizar algumas coisas. Atravessou o Tridente e partiu rumo Fosso Cailin, onde pode encontrar Reed e o resto fora a parte mais fácil (ou difícil, para alguns da viagem).