3. Fantasmas do passado.

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Os dias vão se passando e é como se cada dia mais, eu estivesse mais distante de mim. É como se eu deixasse de ser a Kali, a qual sou hoje em dia, e voltasse a ser a Kali-adolescente-insegura que eu era antes. Odeio me sentir assim e odeio perceber que estou mudando até o jeito que trato Sebastian, estou fria e distante. Daniel insiste em falar que estou assim por causa da Leona, e por eu ainda não ter superado tudo o que a gente tinha vivido, mas não é, bom, pelo menos eu acho que não. Já superei nossa história a muito tempo, só que é estranho tê-la de volta assim na minha vida de uma hora pra outra, uns dias atrás ela era uma mera lembrança e do nada ela virou mais do que presente.

A exposição de arte foi adiada para o final do mês de Abril, um cano estourou no salão de eventos e então tiveram que fazer uma reforma. O senhor Cohen adorou, pois assim tínhamos mais tempo para trabalhar na divulgação do trabalho dela. Ele está tão empolgado com essa nova parceria que acabou marcando uma sessão de fotos com a Leona para os banners que ficarão na parede, no dia da exposição, isso quer dizer que provavelmente eu terei que passar um dia inteiro com ela dentro de um cubículo de sala.

Rose e Sarah se tornaram melhores amigas, e pra compensar, Rose não parava de falar da Leona nem um segundo sequer. Daniel e eu fomos levá-las para brincar no parque, colocamos um lençol na grama e ficamos sentados ali, jogando conversa fora. Ele está me contando das últimas novidades do seu relacionamento. Eu amo escutar as loucas história que Dani sempre tem pra contar, pois sempre acaba em risada.

— Mas eu estou falando sério, não sirvo para casar não. — afirma, revirando os olhos.

Nós rimos.

— Ser dona de casa não é nada fácil. — falo.

— E ele quer adotar uma criança, Kali. Uma criança. — repete, como se fosse a coisa mais absurda do mundo.

— Ah, mas vocês já estão juntos há muitos anos, Dani. Ele quer algo mais sério.

— Não tenho responsabilidade nenhuma, nem com a Rose, imagina eu cuidando de um bebê.

É hilário imaginar Daniel dentro de casa cuidando de uma criança, fazendo mamadeira, e acordando de madrugada. Mas, eu acho que seria um belo passo no relacionamento dele com o Matt.

Quase tenho um infarto quando vejo o Ethan caminhando do outro lado da rua, e pra piorar ainda mais, ele nos viu e logo veio na nossa direção. Ethan está diferente, sua barba parece estar sem fazer há meses, ele está com um casaco de couro e o cabelo um pouco bagunçado por causa do vento. Daniel troca olhares comigo, e com os olhos procuro Rose e Sarah, no meio das outras crianças. Peço mentalmente pra que ela fiquem quietinha lá, e não inventem de vir pra cá agora.

— Daniel, Kali! — diz com certo entusiasmo — Que bom ver vocês aqui, eu estava mesmo precisando falar com vocês.

— Pena que aqui não tem nenhuma piscina para você nos empurrar, não é mesmo? — falo em um tom irônico.

— Kali! — Daniel chama minha atenção.

Levanto rapidamente nervosa, minha vontade é de dar na cara daquele infeliz.

— Nada de Kali. — murmuro indignada — Como você ousa, depois de tudo que você fez na nossa vida aparecer do nada e achar que tem algum direito de vim conversar com a gente?

— Kali, quero me desculpar, naquela época...

— Guarde suas desculpas pra você, Ethan, eu não preciso ouvi-las. Você quase acabou com a vida do meu irmão!

— Por isso mesmo acho que devo desculpa à vocês dois. — insiste — Eu mudei, Kali!

— Pra mim você continua o mesmo cretino, nojento e lamentável de c...

 Não ouse me esquecer | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora