Cadê minha lagosta?

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Ela ia embora, ela ia embora e eu ainda tava deitado me virando de um lado pro outro da cama, enfiando minha cara no travesseiro e sentindo o restinho do cheiro de shampoo dela que ainda tava ali. Mas que merda que eu fui fazer? Por que eu tinha que ser tão idiota? Por que eu tinha que ser tão moleque e sem reação? É claro que ela ia se sentir insegura com aquilo tudo. Por que eu tava tão confuso? Ela tava certa afinal de contas? Eu tive vergonha do jeito que a Seulgi tava insinuando as coisas, mas não era assim que eu me sentia... eu não pensava aquilo de verdade e não tava nem ai pra o que qualquer pessoa de fora pensasse, mas quando era alguém próximo, alguém como a Seulgi, tão diferente da Ceci e tão parecida comigo... eu acho que no fundo acabei me importando com o que ela achava.

O que não justifica em nada o fato de eu não ter respondido quando ela disse aquilo. Meu Deus a minha anãzinha me amava. Ela amava a mim e mais ninguém, ela queria ficar comigo, esse idiota. Saber daquilo era melhor do que comer e dormir, as duas melhores coisas do mundo. Saber daquilo me dava vontade de comer e dormir sorrindo. Só não era melhor do que transar com ela, na verdade saber daquilo só podia melhorar ainda mais o que já estava perfeito. Eu fiquei surpreso na hora, mas é claro que eu sentia o mesmo. Eu não dormi a noite inteira pensando naquela carinha pequena e em como ela havia me olhado envergonhada. Aquilo me deixava uma sensação ruim demais e azeda por dentro. Cecília me dava o melhor dela sem hesitar e eu ali, que nem um garotinho que precisava de orientação pra saber que caminho seguir.

Tinha passado a manhã inteira inquieto, provavelmente parecendo um zumbi. Checando o celular de cinco em cinco minutos. Eu não sabia se ela queria falar comigo, tava dando um tempo pra ver se ela se acalmava já que não entendi o que seria aquele "a gente da um jeito", pra mim ela só queria ficar sozinha. O fato é que a gente não tinha mais tempo pradar um jeito. Minha mãe notou que tinha alguma coisa errada, Hyun mal agüentou ficar perto de mim durante a tarde. Ceci ia pro aeroporto cedo por que tinha bastante coisas pra despachar e agora já eram cinco da tarde. Era melhor eu correr.

Troquei só a minha camisa de dormir por uma branca larga e permaneci de calça de moletom, lavei o rosto e coloquei um boné escondendo a bagunça do cabelo. Peguei as chaves do carro e sai rapidamente de casa. Dirijo mexendo os dedos impaciente no volante, olhando atentamente pra frente. Depois de vários minutos chego na rua da sua casa e noto que seus pais já arrumavam algumas coisas dentro de um táxi. Cecília estava na porta, sofrendo pra carregar umas três malas relativamente grandes. Estaciono e desço do carro correndo.

- Oi Senhor e Senhora Prado... – cumprimento com um aceno, passando por eles.

- Oi rapaz, achei que não ia aparecer a tempo – o senhor Prado responde amigável.

Eu só tento dar meu melhor sorriso e ando apressado até Ceci, que me encara séria. Pego uma das malas da sua mão e paro na sua frente.

- Tive a pior noite de todas – confesso prontamente.

- Acho que a minha cara também não está tão boa... – coloca a outra mala no chão – Você não deu nenhum sinal de vida, eu não sabia se te ligava ou ...

- Eu achei que você queria ficar sozinha, mas também não quis que você fosse embora sem falarmos nada.

- Agora ta um pouco tarde na verdade, não da pra gente conversar direito.

- Só me diz o que fazer pra dar um jeito nas coisas.

Ela faz uma careta meio sem graça e coloca o cabelo atrás da orelha. Pude perceber que não era aquilo que ela queria ouvir.

- Olha... eu acredito que você sinta alguma coisa por mim, de verdade...

- Cecília, eu te a...

Tipo Ideal Perfeito - pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora