As segundas e quartas começaram a demorar para chegar e passavam num piscar de olhos depois daquele dia. Park Jimin e eu ainda vivíamos a base de revanches em pelo menos uns três jogos, era uma disputa acirrada. Eu gostava de um bom oponente já que Yul era um noob e Mae não jogava.
Na minha casa nós conversávamos e tirávamos sarro um do outro, na escola era como se tivéssemos um segredo. Éramos desconhecidos, não trocávamos acenos, palavras de bom dia ou ao menos ficávamos perto um do outro. Meu quarto era como uma outra dimensão que entrávamos e ali era possível alguém como eu ser amiga de alguém como ele sem olhares tortos. Park Jimin vivia falando que estar comigo era como estar com seus amigos de sempre, os garotos. Isso para muitas poderia soar como uma ofensa, para mim era um elogio. Comigo ele podia ser quem era de verdade.
Eu estava terminando de cortar os tomates para fazer o molho da minha famosa macarronada quando minha mãe chega do curso de costura com os Park. Os três vêm até a cozinha sentindo o cheiro dos temperos que eu misturava na panela.
- Cecília, como vai? – a senhora Park me cumprimenta com um sorriso.
- Vou bem senhora Park. Fica para o jantar? – sorrio, recebendo o beijo da minha mãe.
- Obrigada querida, mas estamos bem ocupadas hoje. Temos que preparar a primeira entrega ainda esta semana.
Aceito seu "não" mal explicado e deixo minha mãe acompanhá-la até a sala. Jimin se aproxima e trocamos um H5 rápido enquanto dou voltas na cozinha atrás das coisas que preciso.
- O cheiro está muito bom – se apóia no balcão – Não sabia que você cozinha.
- Só consigo fazer massa. Basicamente só macarrão – peguei uma colher passando no molho. Assoprei e depois levei até seus lábios – O que acha?
Ele saboreia fazendo suspense e depois arregala os olhos surpreso.
- Isso é muito bom!
- Está quase pronto – desligo o fogo do macarrão e levo até a pia para escorrer.
- Então jantamos e vamos pra nossa revanche – diz estralando os dedos.
- Acho que hoje não vai dar – seu sorriso murcha na hora – Tenho que lavar algumas roupas.
- Você lava suas próprias roupas?
- Desde que minha mãe manchou minha camisa preferida dos Rolling Stones de rosa.
- Que saco! – bufou, mas não parecia tão frustrado assim – Então eu te ajudo.
Assim que terminei de cozinhar coloquei a mesa para a janta. Estava meio cedo ainda, mas eu ainda não tinha almoçado e Park Jimin disse que também não. Nós repetimos a refeição juntos e ele elogiou bastante a comida, sempre muito fofo até quando não queria. Quando terminamos separei um prato de comida para o meu pai e subi para pegar as roupas sujas. Park Jimin me acompanhou até o porão e "me ajudava" a separar umas peças para colocar na maquina.
- Você nunca me disse por que ficou de castigo – falo despejando sabão em pó.
- Besteira! Levei alguns amigos para a cafeteria dos meus pais e eles não gostaram muito. Minha mãe achou eles muito arruaceiros, oportunistas e aproveitadores. Achou que eles não fossem pagar.
- Aquele grupinho de sempre do Seokjin? – pergunto surpresa.
- Não, esses meus pais conhecem faz tempo. Era uma garota que eu estava me enrolando e alguns conhecidos dela – solto um risinho – O que foi?
- Eu não sei como sua mãe deixa você falar comigo Park Jimin.
- Ela nunca me falou nada ruim em relação a você. Pelo contrário, sempre disse que você é uma ótima garota, ajuda sempre seus pais e tal.
- E quanto a minha cara? E meu jeito... – paro as tarefas o encarando, afim de constatar se seria honesto.
- Você é uma garota normal Céci. Independente de roupa ou maquiagem. Não há motivo para tratar diferente o que é normal.
Uma sensação gostosa se instalou na boca do meu estômago. Acho que eu havia ficado satisfeita com a resposta, mas mais que isso fiquei admirada. Só uma garota que se chama Ásia pra levar como um elogio a palavra "normal".
- Park Jimin, seja qual for o trabalho que seus pais fizeram com você e a sua educação, deveria agradecê-los. Você tem uma mente diferente, opiniões abertas, olhos sem preconceito. Seu rostinho pode até passar uma imagem fofa e imatura, mas sua mentalidade está além de tudo isso.
Ele sorri abertamente apertando os olhinhos numa linha reta, era difícil não acompanhá-lo. Mexi no seu boné, bagunçando seu cabelo, o que faz ele rir sonoramente jogando mais uma peça de roupa na maquina. Quando pegou a próxima peça exclamou alto:
- NOSSA! O que temos aqui? – brinca com a minha calcinha pendurada pelas pontas dos dedos.
- Park Jimin me devolve isso agora.
- É UMA CALCINHA DE URSINHOS E CORAÇÕES!
Pulei para puxar a calcinha de sua mão, mas ele era rápido. Trocava de mão e se esquivava com habilidade, estava dançando, tirando sarro de mim com a minha calcinha na mão.
- Me devolve, isso não era nem para estar no meio da roupa suja. Eu ia usar depois do banho.
- DESDE QUANDO VOCÊ USA ESSAS CALCINHAS? – ele chorava de rir e eu estava cada vez mais brava.
- Cala a boca! O que quer que pensem que estamos fazendo aqui? – disse desesperada – É uma calcinha confortável, é macia e gostosa pra dormir. Agora me devolva.
Agarrei forte seu braço e ele imediatamente segurou minha mão livre. A risada dele foi cessando aos poucos quando nossos olhares se encontraram, nossos corpos se aproximaram sem pressa assim como nossos lábios. Nada aconteceu rápido, ele não tentava me puxar a força apesar de estarmos segurando fortemente um o pulso do outro, eu não tentava me afastar veementemente em seus braços. Nossas línguas eram gentis e calmas, explorando algo novo, como se fizéssemos carícias. Hora eu acompanhava seu ritmo, hora ele acompanhava o meu. Nada foi forçado, pelo contrário, nós parecíamos dois imãs atraindo um ao outro.
Após um longo suspiro contra seus lábios fui afrouxando o aperto em seu braço até me afastar completamente. Era estranho e um pouco constrangedor, tive medo de voltarmos as primeiras semanas do castigo e aquele silêncio das trevas. Bufei impaciente e ele volta a dar risada do meu lado.
- Relaxa um pouco Céci. – ele estava relaxado aparentemente, mas parecia se movimentar demais para quem era uma estátua a poucos minutos.
- E o que faremos depois disso? – pergunto pessimista.
- Nada ué – da de ombros.
Aquilo era interessante, ele estava sugerindo para fingirmos que nada aconteceu? Minha especialidade, evitar constrangimento e esconder sentimentos. Perfeito!
- Ótimo, por que eu não gosto de você Park Jimin. Quer dizer, não desse jeito... você sabe.
Ele sorri.
- Eu também não gosto de você Ceci – aperta meu nariz.
Combinados e entendidos. Trocamos um H5 e ele rapidamente muda de assunto.
Naquela noite antes de fechar os olhos para dormir fiquei muito consciente do fato de que havia beijado Park Jimin.
***
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Tipo Ideal Perfeito - pjm
Fanfiction[Concluída ✓] A gótica das trevas nunca poderia ter nada em comum com o fofo Park Jimin. Ela não era nada parecida com as garotas que o cercavam todos os dias, longe de ser seu tipo ideal perfeito. O que poderia juntar os dois? Início: 2016 Término...