Primeira Batida

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Juliana

Na segunda de manhã eu estava indo ao encontro de Beca no hospital, a mesma havia sido atacada, novamente a sensação de impotência subiu em meu corpo, o sol nascia do lado leste de Montes Verdes fazendo o hospital refletir uma forte luz por conta de suas janelas gigantes.
Parei no estacionamento a frente do local e corri para dentro, ansiosa pra saber como minha amiga estaria, parei na recepção e uma mulher gordinha com uma expressão despreocupada me atendeu.

- Olá, como posso ajudar? - Seus olhos negros me fitaram.
- Gostaria de saber o estado de saúde da paciente Rebeca Elizabeth.
- Só um instante querida.

A mesma começou a digitar freneticamente no computador, o jeito de segurar os óculos com a pontinha do nariz me lembrava a Letícia, a mesma havia sumido da escola a um tempo, arfei e a enfermeira me olhou.

- Ela no momento não está disponível pra visita, sua amiga levou graves golpes no crânio, está na UTI no momento.

- UTI? Sabe mais sobre isso? Por que não informaram as pessoas próximas?- Eu quase gritei.

- Senhora estamos trabalhando para ajudar, não posso ligar pra terceiros, os pais dela a puseram aqui, ela foi atacada por esse tal assassino que está aterrorizando Montes Verdes, espero que fique segura em casa, Deus sabe o que esse louco não possa fazer. - A enfermeira disse enquanto escrevia em uma caderneta.

Virei e sai para o meu carro, o dia brilhava, apertei as pálpebras para enxergar uma pessoa estranha observando o Hospital Central, ele se virou e saiu andando rápido, fiz o que meus instintos mandaram eu fazer, corri atrás dele.
Cruzei uma rua movimentada, os carros buzinavam alto, alguns berros de motoristas irritados, não me dei o luxo de parar e continuei correndo, o homem entrou em uma garagem, eu segui, entrando naquele local vazio e quase escuro, liguei a luz do celular pra ver melhor o ambiente, eu havia perdido o filho da mãe. Meu telefone tocou.

[ Espero que saiba desviar.]
De: Fobos

Arqueei a sombrancelha e ouvi o barulho do carro que avançava para cima de mim, rolei para o lado jogando meu corpo para cima de um carro estacionado, fitei o carro que saia e vi a máscara, merda, o perdi.

Bruna

Eu esperei a ligação da Helena o dia inteiro, e até agora nada, já eram três da tarde e nada, olhei pra televisão e comecei a mudar de canal, vi o noticiário e senti meu telefone vibrar embaixo do meu bumbum.

- Alô?
- Alô, com quem eu falo? - A voz perguntou.
- Com quem você quer falar?
- Com você.
- Quem é? - Disse impaciente.
- Você quer morrer hoje?

Fiquei sem palavras e ouvi o barulho do telefone desligando. Corri para trancar as portas e logo depois liguei pra policia, eu não podia ter um surto, hoje era o dia da festa de São João, Helena iria ser coroada, eu tinha que ir, nada iria acontecer.
Subi pra tomar banho e coloquei uma musica calma pra tocar, tentei mudar os pensamentos, em alguns minutos havia me "arrumado", coloquei uma bermuda, um tênis e uma camisa de banda, prendi o cabelo em um coque e fui para o carro, acho que iria chegar cedo demais, mas eu precisava sair dali.
***********
Eram 7 da noite e eu estava impaciente, Helena havia me dado um gelo por causa do salão de beleza, peguei o celular e mandei outra mensagem.

[ Cadê você? K7 que demora!]
De: Bruna

[ Amor eu tô pronta, já devo entrar.]
De: Helena

A multidão com roupas em comemoração a São João fechavam duas ruas, as pessoas queriam saber quem ganharia o prêmio naquela noite, a luz da lua iluminava o local com um tonalidade clara, o céu limpo revelava estrelas que enchiam o céu de ponta a ponta.
Um Mestre de Cerimônias começou a apresentar a festa, Helena apareceu em um lindo vestido cor prata que realçava seu corpo, a mesma olhou pra mim e lançou um sorriso, eu pisquei em resposta e sorri. Meu telefone vibrou.

[ Você e ela estão lindas nessa noite.]
De: Fobos

Olhei ao redor, nada assustador.

[ Mostre a cara seu idiota, só não banque o jigsaw pois você não é como ele.]
De: Bruna

[ Calma Gata selvagem, tudo tem seu tempo, e o seu tempo chegou.]
De: Fobos.

Olhei novamente ao redor e uma pessoa de máscara se aproximava, comecei a me afastar, percebi que o olhar de Helena estava em mim mas não podia parar, eu sabia que era minha vez, e não deixaria ele me levar.
Entrei em uma loja de conveniência que estava sendo iluminada por lampadas de luz fracas, a do meio piscava freneticamente, a porta atrás de mim se abriu, o sininho tocou, ele estava aqui. Subi a escada para o segundo andar, aonde dava para uma pequena loja de roupas, voltei a caminhar mais rápido, eu podia ouvir os passos, e então fui surpreendida.

Dave

Eu precisava esquecer de Letícia, ela estava em minha mente e isso me pertubava, eu já sabia o que fazer, algo bem idiota e que seria considerado uma idiotice, eu iria fazer uma festa, tinha que encher a cara e esse seria o melhor jeito de fazer ela sumir da minha cabeça, ela não iria me fazer me sentir mal por romper com ela, já que ela me traiu, ela mentiu pra mim, ela e aquele que se dizia meu melhor amigo, só dizia.
Aproveitei que meus pais não estavam em casa e a decorei com todas as coisas que achei no armário, tinha temas do carnaval, ano novo e natal, as paredes e portas estavam pintadas com minha mão, aquela seria uma festa memorável, até porque eu estava bêbado antes dela começar.

[ Festa hoje a noite na minha casa, open bar, e tudo liberado, venham todos, sem horas pra acabar, não aceito desculpas, hoje é noite de esquecermos esses problemas mortais kkkkkk ]
De: Davi
Para: Todos os contatos da lista telefônica.

Bruna

Rolei para o lado quando a faca passou rente ao meu corpo, a mesma fez um pequeno corte, eu senti o sangue quente descer e voltei a correr lançando os manequins no chão, o assassino seguia atrás de mim com a faca em punhos, a máscara de carnaval o fazia ser ainda mais assustador, meu sangue estava pulsando assim como meu coração,as rápido, meus olhos buscavam uma saída, ouvi os passos se aproximarem.
Entrei então dentro de um pequeno elevador para carga, o mesmo estava sendo acionado por uma manivela, o assassino cortou a corda e eu desci rapidamente, sorte que estávamos no segundo andar, só sentir uma densa dor nas costas, sai do elevador e fui cambaleando para fora da loja, acabei esbarrando em Helena que vinha na direção oposta.

- O que esta acontecendo dona Bruna?- Os olhos de Helena me olhavam furioso.
- Precisamos fugir daqui! Agora!
- Fugir, sério? Você me abandona no meio de um momento especial pra mim e...

Helena foi interrompida por uma facada nas costas que o assassino deu, a mesma cuspiu sangue e me olhou com os olhos surpresos e com terror, eu dei um grito ainda segurando sua mão, a mesma caiu e o assassino deu mais uma e mais uma e outra facada nas costas de minha namorada, eu estava parada, não sabia como lidar, nem reagir, ele me olhou através da máscara e apontou a faca pra mim, no exato momento em que o carro da Juliana o atropelou e o lançou para um canteiro.

- Você está bem? - Ela gritou.- Entra!

Eu corri para o carro e ela acelerou, ali foi a ultima vez que vi Helena.

- Você está bem? - Juliana perguntou enquanto avançavamos para a quinta avenida.

- Não.

- Bom desculpa informar, mas o Dave vai dar uma festa, e ali eu tenho quase certeza de que será o ato final.

- Acha que o assassino irá atacar na festa?

- Eu não acho, tenho certeza. Pronta pra acabar com um psicopata?

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