Beca
O som da ambulância chegando me fazia chorar ainda mais, eu estava sentada na escada, observando os vizinhos fofoqueiros de Montes Verdes olhando a cena e comentando, alguns tiravam fotos, mas eu não ligava pra nada daquilo, eu só queria olhar para aquela mensagem no celular, a última que eu tinha, a última que me faria lembra dele.
Avistei Leth chegar com a câmera em mãos, a mesma estava com o cabelo preso, usava seu pijama, e pantufas de ursinho, presente de seu namorado secreto, a mesma se aproximou e me abraçou, deixando com que eu liberasse todas as lagrimas possíveis em seu ombro seco.-- Sinto muito, de verdade. - Leth disse.
-- Ele morreu tentando. Me. Proteger.
Continuei chorando por alguns minutos até que a maca com o saco preto desceu da escada, eles carregavam Rubens já morto para dentro da Ambulância, me afastei de Leth e a mesma disse que iria ficar para tirar fotos, eu corri para a ambulância e sentei no banco a direita, enquanto dois paramédicos conversavam sobre o corpo sem vida, a ambulância seguiu, cortando alguns quarteirões, até entrar na garagem do Hospital Central, retiraram a maca do veículo e juntos entramos no corredor banhado pela luz branca do hospital.
Caio
Suspirei por alguns segundos e decidi sair do quarto aonde Johnny e o pessoal estava, dando de cara a uma maca que seguia rumo a ala do necrotério, olhei para a esquerda e Beca estava a chorar sentada no chão, encolhida, chamei Dave e juntos fomos até ela, a mesma tomou um susto, e abraçou Dave que a olhava sem entender, eu já tinha suspeitas, não podia assustar o pobre Dave, levei a mão a minha nuca e dei uma semi volta, parando no lugar, meus músculos enrijecidos, uma lagrima caiu, a mesma foi aparada pela minha mão direita.-- Cadê. O. Rubens?
Beca apontou para o necrotério, eu dei alguns passos para trás, aquilo não podia estar acontecendo. Dave começou a chorar e gritar com Beca, ele dizia que ela deveria saber que não deviam transar, a chamou de vadia, enquanto Lana e Juliana se aproximavam para contê-lo, eu preferi me afastar de todos, precisava pensar por mim mesmo, comecei a andar até um corredor ao leste e olhei uma placa, parei no chão e coloquei a mão sobre meu rosto, ninguém precisava saber o que eu estava fazendo, lembrei do grande amigo que eu tinha, e então, eu chorei.
Lana
Eu não conseguia acreditar que poderíamos ter tanto azar, o meu irmão sofreu um ataque e agora meu amigo morreu, claro que eu me irritava com as piadas dele, mas Johnny o amava como a mim ou ao Matt, como eu iria contar a ele que o melhor amigo dele havia morrido?
Deixei Dave com Juliana e vi que Caio não estava ali, andei para o quarto do Johnny e vida Matt, e Bruna conversando com ele, não podia deixar o Caio sozinho, não naquela situação, mesmo sabendo que ele era um cara galinha eu me preocupava com ele, e sofrer sozinho era horrível.
Andei até a porta da escadaria e desci para a garagem, ele com certeza deveria estar no carro, foi ai que meu telefone tocou.
Chamada Restrita.-- Alô?
-- Alô? Com quem eu falo? - A voz respondeu.-- Eu quero saber pra quem ligou.
-- Nossa, parece brava, aconteceu algo?-- Olha cara, número errado, não tô com paciência.
E ai, eu desliguei.Entrei na garagem escura, sendo iluminada apenas por precárias lampadas que piscavam de um lado para o outro, a fila de carros passavam de um caminho para o outro, ouvi passos e virei.
Telefone tocou.-- Alô?
-- Alô, acho que liguei pro número errado de novo. - A voz sorriu.
-- Não tem graça, e eu vou desligar.
-- Pois bem vadia estupida, se você desligar esse telefone eu irei te cortar de orelha a orelha.Eu congelei com o telefone na mão.
-- Acha que eu não sei que você e o Rubens estavam tendo um caso? Acha que eu não sei que ele não queria mais pois tinha namorada?
-- O que você quer? Seu idiota.- Gritei irritada, minha voz ecoou pela garagem.
-- Eu só quero ver como você é por dentro, Lana.
No mesmo instante eu corri para perto da porta, merda, estava trancada, comecei a gritar esperando que me ouvisse, e ele voltou a falar.
-- Você não teve muitas cenas, mas a sua morte será memorável, vadia traíra.
E então desligou.
Eu comecei a correr para a porta de emergência, quando ouvi passos atrás de mim, me virei e o assassino estava a poucos metros, comecei a correr e ele me seguiu, eu parei em frente a porta e com a minha força corpórea a arrombei, subindo as escadas que dariam pro saguão, o assassino a poucos metros, eu via a luz da porta fechada com um "Saída" em cima, bati e o mesmo estava trancado, voltei a subir e de porta em porta todas estavam trancadas, eu comecei a chorar, ele estava a menos metros que antes, eu estava cansando, arrombei a ultima porta que dava para o terraço do hospital, o vento frio invadiu a escadaria e eu olhei para baixo, vendo que ele havia chegado ao penúltimo andar, Fechei a porta e corri para longe, peguei o celular e comecei a discar 1,9,0.
Chamada ocupada.
Ele entrou com fúria, eu gritava, o mesmo vinha de passos em passos, o empurrei, ele caiu e me deu tempo para voltar a escadaria, droga, porta trancada, ouvi o barulho no mesmo instante em que levei uma facada na costas, o empurrei e corri cambaleando, ele puxou as chaves e balançou, eu dei outro grito, ele avançou contra mim e me atacou, varias e varias vezes, fazendo meu estomago e intestino aparecerem, comecei a cuspir sangue...Wallace
O jovem repórter parou na frente do Hospital Central, em Montes Verdes, sua cara mostrava o quanto ele odiava aquele lugar, ele odiava o Rio de Janeiro, e odiava o Brasil.
Deu uma batidinha de arroz em seu rosto e chamou o câmera, logo estavam prontos para filmar, seu corpo estava perfeito e impecável em seu terno cinza novo, como o mais jovem âncora de jornal ganhou suas melhores roupas.
O câmera sinalizou com a mão direita, 3,2,1...-- Boa noite! Eu sou Wallace Miranda, e estamos na pequena cidade de Montes Verdes, na região metropolitana do Rio de Janeiro, aonde o assassinato de 3 jovens vem assustado a população, estamos agora no hospital central e teremos o pronunciamento do Delegado da cidade.
Wallace e o câmera seguiram para o mar de repórteres, porém ninguém ousou ficar a sua frente, o mesmo parou em frente ao palanque aonde o Delegado havia se posicionado.
Delegado: Olá a todos, espero que estejam todos bem. A dois dias atrás os adolescentes Guilherme Hernandes e Suzanne Vincent sofreram ataques, ontem o jovem Johnny Ferreira foi atacado mais passa bem e hoje Rubens Moreira foi atacado brutalmente, e infelizmente, foi a óbito.
Wallace: E a população, precisa se preocupar? Estamos a salvo com esses homicídios?
Delegado: Senhor Miranda, posso te assegurar que a policia está fazendo o melhor que pode, e o assassino não oferecerá mais problemas, isso eu garanto.
Nossas atenções foram levadas para uma jornalista que gritou e apontou para o alto da onde uma jovem caiu, indo parar no canteiro, os policias correram para conter as pessoas.
Os cortes mostravam assassinato e não suicídio.-- Jorge, trás a câmera, temos um grande furo para hoje.
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Medo
Fiksi PenggemarTudo começou com um simples fim de semana, logo haviam dois corpos, alguns dizem que assassinato é algo tentador, até aonde você seria capaz de ir pra se salvar nesse jogo? Traição, segredos, morte. Tudo começa com uma ligação. Você é forte o sufici...