Anônimo

11 1 3
                                    

Juliana

Eu não aguentei ficar no hospital pra ver o corpo do Rubens, Johnny estava de alta e já havia ido pra casa com o Matt, parece que esconderam que a irmã dele havia morrido a sangue frio, a semana foi bastante difícil, 2 enterros, provas, muita coisa pra minha mente que já estava quase explodindo, além de eu não estar segura com um assassino a solta.
Me encontrava no sofá vendo a televisao, que só mostrava noticias dos assassinatos, fotos dos adolescentes, aquilo me dava uma tristeza imensa, precisava fazer algo pra minha mente ficar ocupada, talvez a noite com os amigos, como fazíamos quando tínhamos problemas.
Andei até o corredor e peguei o celular que eu deixei em cima da mesinha de madeira.
[ Noite de filmes, quem topa?]
Para: Bruna e Johnny.

[ Tô dentro!]
De: Johnny

[ Nada de terror, por mim tudo bem.]
De:Bruna

[ Vejo vocês as 19:00h.]
De Juliana.

Deixei o celular no bolso e fui para a cozinha preparar algo para a noite, o sol estava se pondo e a luz brilhava no horizonte e passava pela minha janela, hoje não teríamos nada assustador, só a velha e boa noite da trindade, nenhum assassino vai estragar isso. Senti meu telefone vibrar.

-- Alô?
-- Alô, quem tá falando?- A voz parecia de homem.
-- Com quem você quer falar?
-- Com quem você gostaria de falar? - Ele riu.
-- Isso não tem graça.
-- Não é pra ter graça, isso não é comédia. - Ele respondeu.
-- Vou desligar.
-- Mas por que faria isso? Juliana.

Senti um frio subir pela minha espinha.

-- Como sabe meu nome? - Olhei para o corredor.
-- Eu sempre soube, e nesse exato momento estou do lado de fora da sua casa, te observando.
-- Ah é? Está?
-- Se não acredita, vem até sua varanda ver.

Comecei a caminhar lentamente pelo corredor, com o telefone na mão.

-- E então Juliana, gosta de filmes de terror?
-- Não, acho tudo muito igual, sempre tem uma péssima atriz que ao invés de desligar o telefone e fugir pela porta da frente, prefere subir as escadas e morrer.
-- Hum, isso é clássico.

Abri a porta de casa, nada do lado de fora.

-- Você é um mentiroso, boa tentativa Dave, mas depois da morte da Lana isso não é legal.
-- Quem é Dave? E quem disse que eu não estou perto?
-- Ah, está mesmo? Então o que eu estou fazendo?

Coloquei o dedo no ouvido e Girei.

-- Han? O que estou fazendo? Idiota.

Voltei pra dentro e tranquei a porta, ouvi um barulho e me virei.
O assassino saiu do meu armário e foi pra cima de mim, eu comecei a gritar e quando fui ser atacada o empurrei, ele caiu no chão eu tentei correr e ele me derrubou, subindo em cima de mim, eu o atacava com tapas, enquanto ele pegou meu cabelo e bateu minha cabeça no chão, 1, 2. Eu estava zonza demais. Ele levantou a faca, eu senti o sangue gelar, quando de repente...

Caio

Eu estava em meu quarto, ouvindo música e conversando com uma menina por telefone, usava um short preto e estava sem camisa, meu pé estava pra cima, apoiado na parede, senti fome e pensei varias vezes em descer para comer, talvez se eu gritasse para JuJu ela traria pra mim um delicioso sanduíche de frango, mas estava com preguiça de gritar, sentei na cama e olhei meus pés por uns segundos antes de levantar, calcei a sandália e tomei impulso, fui até a porta e ouvi um barulho, seguido de gritos, que merda estava acontecendo lá embaixo?
Comecei a descer as escadas e vi que minha irmã estava sendo atacada por um ser encapuzado, o mesmo bateu com a cabeça dela no chão e ameaçou esfaquear minha irmã, não pensei duas vezes, avancei.
Cai em cima do ser de capa que rolou para o lado, ambos rolamos duas vezes antes de pararmos pela parede, JuJu estava meio zonza, deveria estar se recuperando, montei em cima do assassino e comecei a socar sua cara freneticamente, até que ele me golpeou com uma facada na costela e eu senti a dor aguda me atingir, rolei pro lado e o assassino se levantou mancando, correu para a porta e fugiu. JuJu foi ao meu encontro, minhas costas estavam ficando cheias de sangue.

-- O corte não foi fundo, aguenta, vou fazer o curativo. - Ela disse me acalmando.

-- Você está bem? - Minha adrenalina não estava deixando eu sentir dor.

- Eu estou e, obrigada por me ajudar.

Ela me levantou, me colocou na cozinha e começou a fazer um curativo em minha pele, logo o ferimento estava bem cuidado, ela pegou um pouco de água com açúcar e tomou enquanto tremia.

-- Você está bem mesmo?

-- Sim eu estou, só me senti. Vulnerável. - Ela disse olhando para baixo.

E então eu a abracei.

Matt

O meu irmão estava um caco, eu tentei acalmar ele, mas duas mortes não seriam fáceis de se engolir, perder quem ama duas vezes era insuportável, deixei Johnny dormir com alguns sedativos, ele me pediu pra acordar ele as 6h, assenti e fui para a sala.
Alguém batia minha porta.
Abri e vi que era Wallace Miranda, o que aquele homem estava fazendo ali? Sério, ele era o cara capaz de passar por cima de qualquer um só pra ter fama e poder, suspirei e olhei de cima a baixo, o mesmo sempre engravatado e de boa aparência.

-- No que eu posso ajudar, Sr. Miranda?
-- Não me chama de Senhor, por favor, sou somente Wallace, tenho dois anos a mais que você. - Seu sorriso branco e malicioso apareceu - posso entrar?
- Claro que pode senhor.- abri espaço para ele e o câmera entrarem.

Ele olhou para nossa casa como se fosse uma espelunca, mesmo que fosse uma casa de dois andares muito bem montada, pra ele nada era bom o bastante.
- Você é membro da liga juvenil de vigilância, uma parceria com a policia militar do Rio de Janeiro, correto, senhor...
- Matteus.
- Soubemos que você tinha todos os relatórios de mortes que ocorreram na cidade, o que pode nos dizer sobre isso? - o câmera me fitou.
- Não, não posso, isso é assunto da Polícia e não de, jornalistas, é só sobre isso que quer falar?
- Não! Na verdade eu soube que você perdeu sua irmã e seu irmão foi atacado mas está vivo, como se sente a respeito disso? - Ele sorriu de lado.

Aquilo passou dos limites.

- Você é muito sem vergonha, vem a minha casa falar e ganhar ibope sobre minha tragédia, seu jornalista de quinta.- minha voz estava um tanto alterada. - Fora daqui!

Wallace e o Câmera estavam pra sair, passaram pela porta mas Wallace ainda sim se virou pra mim.

- Isso é culpa do acidente dos pais do Johnny? Soubemos que ele é adotado.

Não pensei nas minhas ações, acertei um soco em Wallace e o mesmo caiu rolando as escadas.

- Nunca mais volte AQUI!

Fechei a porta...

Wallace

Esses moradores passaram dos limites, meu olho estava roxo! Isso era inaceitável, Jorge foi pra me ajudar mais eu o empurrei, sai andando na frente, meu terno um pouco sujo de terra, alguns moradores observavam a cena.
Meu telefone tocou.
Número Anônimo.

- O que você quer?
- Olá Senhor Miranda, soube que está fazendo uma reportagem, e esta importunando moradores, tudo isso pra que? Pra comer? - O homem riu.
- Quem é você? E o que você quer?
- Eu sou sua estrela, e eu quero te fazer ter fama, depois da morte é claro.

O telefone desligou, olhei para os lados, droga, que joguinho infantil, se ele quer jogar. Vamos jogar.

MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora