Um pouco de veneno

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Acordo com o grito de Andrés.

- Merda...que merda!! – troveja me deixando assustada.

Sento-me rápido, esfrego os olhos para despertar. – O que foi? O que aconteceu? – pergunto meio atordoada, sem saber o motivo da gritaria.

- Olha isso??!! – diz apontando para o pé e chacoalhando-o. – Pisei no xixi do cachorro. – resmunga o azedo.

Espontaneamente começo a gargalhar. – Santo Deus, melhor você correr para o médico, isso pode causar infecção grave!

- Não sei como consegue fazer piada de tudo. – franze a sobrancelha em descontentamento.

- Não sei como VOCÊ consegue ser exagerado em tudo, é só um xixi de filhote, acontece. Ele vai demorar um tempo para aprender o lugar certo de fazer suas necessidades.

- Achei que essas coisas já viessem ensinadas. – bufa.

- Nunca teve um cachorro, gato, papagaio, periquito, tartaruga? Algum animal de estimação?

- Nunca. Já te disse que sou alérgico.

- Nem todos os bichos têm pelo. – menciono.

- Sei lá, tem algo neles que não me faz bem.

- Sabe o que reparei, com toda essa sua alergia?! – reflito.

- O que? – considera.

- Que mesmo convivendo com um cachorro, dormindo na cama com um, tendo contato direto com seus pelos. Até hoje não vi você dar um espirro, coçar nariz ou olhos e muito menos erupções cutâneas.

Ele me olha curioso. – Verdade. Que estranho, talvez minha imunidade tenha melhorado.

- Que tipo de médico que te deu esse prognostico?

- Não sei na verdade, desde que me conheço por gente, minha mãe disse que eu e meus irmãos somos alérgicos e não podíamos ter animais de estimação.

- Sabia que tinha o dedo da jara... – engulo o resto da frase, não vou ofender a mãe dele assim, pelo menos não na frente dele. – Isso deve ser invenção da sua mãe, dessa maneira vocês nunca pediriam um animal. – concluo.

- Isso é loucura, que tipo de mãe inventaria uma coisa dessas??!!

- A sua! – afirmo de maneira curta e direta.

- Isso faz um pouco de sentindo, porque sempre brincava com os cachorros dos meus colegas de escola e nunca tive nenhuma reação. Depois dos 8 anos resolvi não me aproximar mais, não queria ficar doente.

- Podemos resolver facilmente, um teste de alergia. – sorrio com a expectativa, se esse exame der negativo, Andrés vai perder o receio e o nojo que sente de bolota.

- Não acho ser necessário. Necessário mesmo é um banho, para tirar essa inhaca do meu pé.

- Então para de resmungar e anda logo, vai se atrasar para o trabalho.

- Sim senhora! – brinca e vai mancando até o banheiro.

Limpo a sujeira de Rui e o deixo na sala, melhor o caminho deles não se cruzar. Vou até o banheiro escovar os dentes, suspiro ao ver o corpo sarado de Andrés através do box transparente, toda aquela água escorrendo...uiii.

Ando devagar vestida com uma camisola bem curta, vou reto a pia e antes de me abaixar para escovar os dentes, vejo através do espelho os olhos de águia que miram meu traseiro. Com um jeito delicado e sensual reclino meu corpo para lavar o rosto, deixando o bumbum empinado. Volto a ficar ereta e enxugo-me com uma toalha pequena. Quando volto a olhar no espelho vejo-o com seus olhos ainda sobre mim e sua pistola carregada e pronta para me atingir.

Sempre AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora