Desabafos

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- Ontem quando vi aquela mulher e toda as lembranças daquele dia vieram a minha mente, logo depois olhei seu rosto iluminado, tranquilo e feliz. Foi uma mistura de sentimentos que não sei nem como explicar, o pior de mim com o meu melhor. Queria sair correndo e pegar aquela vadia pelo pescoço... mas precisava te deixar em segurança, sabia que Tom estaria por perto e atento como sempre e logo apareceria para me ajudar. Porque eu precisava ser dois naquele exato momento e não consegui. Deixei-te e achei que estivesse segura. Até a manhã de hoje a certeza de que a aparição dela poderia ter sido uma simples coincidência, que depois de tantos anos ela voltou e o destino me pôs frente a frente com ela novamente, só que agora sei que apareceu por algum motivo e sabia que estaríamos lá. Que tem de mais de uma peça que não se encaixa nesse quebra-cabeça. E que você é alvo deles. - uma escuridão toma conta do seu rosto e meu coração dói de vê-lo assim.

- Talvez seja apenas um blefe, estão tentando me assustar para te intimidar. Tanto tempo de ameaça, se quisessem já teriam feito.

- Quisera as coisas fossem da maneira simples com que descreve, mas pessoas assim não blefam, não ameaçam a toa.

- E o problema aumento quando eu apareci, não foi? - eu sei que foi.

- Sabem que é a minha parte mais frágil, a que tento defender e esconder. Só que falho desde o começo.

- Não falhou em momento algum, estou aqui inteirinha e viva. - coloco minhas mãos em seu rosto.

- Anna, você não tem ideia do que é perder algo que ama mais que você mesmo. - ele tira minhas mãos e se afasta. – É como se tirassem o seu ar.

- Nunca perdi alguém a quem eu amasse, mas já perdi você temporariamente e foi horrível, é como se precisasse arrancar uma parte do meu corpo, para que parasse de dor. Ou quisesse deitar e dormir eternamente, só para não ter que acordar no outro dia sem você do meu lado.

Ele se senta e passa as mãos nervosas na cabeça, desalinhando seus cabelos.

- Talvez fosse uma boa hora para ir contar a sua família sobre o casamento, ficar lá uns meses, até eu resolver tudo por aqui.

- Não posso me afastar do trabalho. - digo de imediato.

- Pode sim, sabe que pode, falarei com Rafaella.

- Não é essa a questão, tenho compromissos, projetos que quero terminar, não vou sair correndo e deixar tudo largado pelas metades.

- Outra pessoa termina, tenho certeza que Rafaella dará um jeito. Precisamos pensar no melhor para nós dois.

- Por que seria melhor para você ficar longe de mim? Você me pediu em noivado a menos de 24 horas e hoje já quer me despachar para o outro lado do Oceano? - altero meu tom de voz e se for preciso vou gritar até ele entender que não vou arrancar a porra do pé dessa cidade.

- Meu amor, a coisa que eu mais queria é ficar grudado em você, acha mesmo que quero te mandar para perto daquele ex enlouquecido? Não mesmo, mas estou sem alternativas, sei que perto da sua família estará mais segura.

- Não me peça isso, por favor, porque não vou fazer. Vou ficar aqui e te ajudar.

- Me ajudar? Acha mesmo que pode me ajudar diante de alguém que eu nem sei que é?

- Pois bem, se os EXCELENTES profissionais que contratou não encontraram até hoje, quem sabe eu tenha mais sorte.- ele se volta para mim e um sorriso aparece.

- Acho que vou te apelidar de teimosinha atrevida. - se levanta e me abraça forte, colando seus lábios quentes no meu e fazendo as mesmas borboletinhas de sempre se alvoroçarem dentro de mim, enquanto me inebria com seu perfume.

Sempre AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora