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Você sempre fez sucesso no ramo das entrevistas, com vários famosos no currículo. Aquele era o ano das descobertas, onde atores até então com pouco reconhecimento decolavam em sua carreiras brilhantes. Vários deles já foram entrevistados por você ou pelos funcionários que trabalhavam na mesma empresa.
Naquela tarde, os elencos de alguns filmes do ano estavam na cidade e seu chefe mandou os melhores profissionais para o local, inclusive você. Logo ao chegar na sala onde iriam acontecer as entrevistas vocês todos foram divididos pelos promotores dos filmes, cada um foi para um lado com uma pessoa diferente.
Você estava com uma mulher loira que falava rápido demais, e a única coisa que entendeu foi:
"Entreviste o Tom, mas cuidado para não ser íntima demais. O filme é nossa prioridade"
Então, ela te jogou para a sala.
Aquele era um método diferente de entrevistas. Na sala, ficava apenas uma câmera, duas cadeiras onde ficariam o artista entrevistado e o entrevistador, e uma porta trancada. Talvez assim ambos ficassem à vontade.
Você deu alguns passos para frente e encontrou Tom sentado em seu local, bebendo um pouco de água. Ele guardou a garrafa quando percebeu sua presença e sorriu. Você retribuiu.
Caminhou até ele com passos lentos e cumprimentou, embora odiasse parecer formal demais.
Você se sentou no seu devido local e começou com algumas perguntas sobre o último filme que ele havia feito. Ele estava respondendo da melhor forma que podia, era simpático.

No decorrer da entrevista, você notou que ele lhe olhava demais, como se estivesse admirado com algo

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No decorrer da entrevista, você notou que ele lhe olhava demais, como se estivesse admirado com algo. Mas você não reclamou, talvez porque estivesse gostando.
- Escuta - ele interrompeu a pergunta que você fazia - Quer sair comigo? Agora?
- Desculpe, o quê?
- Sair, comer alguma coisa, dar uma volta no parque. Você quer vir comigo?
- Você pode fazer isso? Quer dizer, eu posso fazer isso? Abandonar uma entrevista e sair por aí com um cara que acabei de conhecer, não parece certo.
- É, não parece. Mas e daí?
Você sorriu quando percebeu que ele estava mesmo falando sério. Talvez fosse uma boa ideia.
- Tom, eu não posso.
- Não tem problema, ok? Não vai acontecer nada se a gente sair daqui por aquela porta agora mesmo. Preciso de uma chance.
- Uma chance pra quê?
- Pra te conhecer. Conhecer você, não a garota que quer ganhar uma grana me entrevistando.
- Tudo bem - você disse, se levantou e ele fez o mesmo.
Vocês se olharam por um instante, estavam próximos e de fato poderia ter acontecido alguma coisa naquele momento. Mas ele ainda era um estranho.
Sem que ninguém visse, vocês abriram a porta e saíram rumo à lugar nenhum. Lugar nenhum que logo se transformou em uma volta no parque com assuntos extrovertidos e nem um pouco profissionais.
Talvez dar uma chance pudesse valer a pena. E no fim, valeu.

FIM

tom holland; Onde histórias criam vida. Descubra agora