7: parte 2

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Os raios de sol vindos da janela de seu quarto lhe acordaram naquele último sábado do mês. Seus olhos insistiam em continuarem fechados, embora todo o seu corpo já estivesse acordado.
Aquele era apenas mais um dia qualquer, com a mesma rotina de sempre. Sua vontade de sair da cama não era muita, mas, infelizmente, você não podia ficar ali o dia inteiro.
Você se levantou, deu uma ajeitadinha na bagunça de sua cama e logo em seguida foi ao banheiro. Fez toda sua higiene matinal, se vestiu e foi para a cozinha daquele pequeno apartamento que você dividia com mais duas pessoas. Elas só vieram na sua cabeça naquele momento, te fazendo questionar se elas ainda estavam dormindo ou se simplesmente não estavam em casa. Mas não importava, vocês nunca realmente pararam para conversar.

Sua vida inteira, ou uma grande parte dela, foi solitária. Haviam poucas pessoas com quem você se importava. De fato, poucas até demais.

Você não estava com muita fome, então apenas preparou uma torrada e tomou um pequeno copo de café puro. Em seguida, se jogou no sofá da sala minúscula e começou a utilizar seu celular.
Haviam algumas mensagens de Tom. O que não lhe surpreendeu, pois não havia um dia em que ele esquecesse de falar com você, mesmo que fosse apenas por meras mensagens.

Tom - 23h08

Desculpe ter demorado tanto para te mandar alguma mensagem, estava ocupado com algo importante.

Tom - 23h09

Você já deve estar dormindo agora, não é? Aposto que teve um dia muito consativo. Talvez eu devesse fazer o mesmo, já que estou tão cansado quanto a senhorita.

Boa noite. Eu te amo.

Tom - 03h54

NÃO CONSIGO DORMIR!!! O que não é um bom sinal, preciso estar acordado daqui a pouco!!!

Tom - 06h00

Bom dia, flor do dia. E não, eu não consegui dormir. Sou um idiota, não podia ter feito isso justamente hoje.

Tom - 06h54

Preciso ir agora. Eu te amo.

Você adorava ler as mensagens dele. Elas sempre colocavam um sorriso em seu rosto, até nos dias mais tristes.
Mas dessa vez, você ficou levemente preocupada. Ele parecia um pouco estranho, ou ansioso. Talvez fosse coisa da sua cabeça, se preocupar demais sempre foi um defeito seu.

O relógio marcava exatamente 13h00 quando você ouviu três batidas na porta de seu apartamento. De início, você se assustou, pois ninguém ali jamais tinha recebido qualquer visita, mas depois assumiu que, novamente, estava se preocupando com bobagens. Você se levantou do sofá e foi em direção a porta. Esperou um pouco antes de abrir, e quando finalmente abriu seus olhos quase não foram capazes de acreditar naquela visão.
Tom estava ali, bem na sua frente, com um sorriso no rosto e um buquê de lírios, sua flor favorita, em uma de suas mãos. Ele esperava uma reação instantânea, mas você levou um tempo para processar que ele realmente estava ali. E quando a espera acabou, você pulou nos braços dele, só depois percebendo que estava destruindo as flores.

- Sinto muito - você diz ao notar o que fez com as flores, mas ainda assim as recebeu como se fossem o presente mais precioso que alguém já te deu.
Ele riu levemente e lhe puxou para perto dele novamente.
- Senti sua falta - ele diz, em seguida unindo os lábios dele aos seus em um beijo que por muito tempo vocês esperavam. E se dependesse de você, aquele momento jamais acabaria.
- Eu também senti a sua - você respondeu - Por que não me avisou que estava vindo? Deveria estar preparada.
- Queria fazer uma surpresa. E pelo visto, consegui.
- É, conseguiu sim - você diz e o beija novamente - Acho melhor você entrar, aposto que tem algum vizinho pervertido nos espionando.

Ele riu e entrou. Você fechou a porta e logo se dirigiu em direção ao sofá, onde Tom já estava sentado.
Ele envolveu os braços ao seu redor e lhe aconchegou. Vocês ficaram um tempo sem falar, apenas aproveitando cada segundo daquele momento que parecia mágico.

- Realmente senti sua falta - ele diz com a voz baixa, quase um sussurro que lhe fazia leves cócegas devido a proximidade da boca dele com a sua orelha - Todos os dias pareciam nunca ter fim. E isso é muito injusto, porque quando estou com você as horas se transformam em segundos. Queria ficar aqui, ao seu lado, pra sempre.
- Então, fique - você responde, sem sair da posição em que estava, com sua boca próxima ao peito dele - Ou me leve com você. Eu realmente não me importo. Vou terminar minha faculdade em breve e posso muito bem conseguir um emprego em qualquer lugar. Também quero estar com você, o tempo inteiro. Você foi a melhor coisa que já me aconteceu.

Depois disso ele demorou um pouco para responder. Durante o silêncio, ele apenas acariciava seu cabelo.

- E você também foi a melhor coisa que me aconteceu - ele finalmente respondeu - Mas não quero que sacrifique sua vida por minha causa.

Você saiu da posição em que estava, agora ficando sentada ao lado dele, com seus rostos próximos o suficiente para ouvirem a respiração um do outro.

- Tom... - você disse - ...Não há nada que me prenda aqui além da minha faculdade, e quando ela acabar serei livre para o mundo. Não vou ter que sacrificar nada porque não há nada para ser sacrificado, não aqui. A única coisa de que preciso está bem na minha frente.

Ele não respondeu. Apenas parecia estar admirando cada detalhe do seu rosto. A sua feição preocupada logo se transformou em um pequeno sorriso, que logo se transformou em um beijo.

- Eu te amo - ele disse - Meu Deus, eu te amo de uma forma nada saudável - ele diz dando uma risada no fim, o que também te fez rir.
- É bom saber disso, pois eu te amo da mesma forma. Se vamos ser loucos, é melhor que sejamos juntos.
- Você tem razão, como sempre - ele suspirou - Quer saber? Eu vou ficar aqui com você.
- O quê?
- Vou ficar, pelo menos até você concluir sua faculdade. E quando isso acontecer, nós vamos sair desse lugar e eu vou te levar comigo para todos os lugares que eu for.
- Tom...
- Sei que parece loucura, mas não há outra solução. E não é minha culpa se sou completamente apaixonado por você.

E lá estava você, corando mais uma vez. Podia sentir suas bochechas ficando vermelhas. Tom colocou a mão em seu rosto, acariciando suas bochechas avermelhadas.

- Sabia que adoro isso? - ele pergunta.
- Sim.

Ele sorriu e ficou te admirando por mais algum tempo.

- E então, o que me diz da minha proposta? - ele perguntou - Posso ficar com você até o dia em que você possa ir comigo?

Aquela era uma grande decisão. De fato, não tinha quase nada lhe prendendo naquela cidade, mas um passo como esse era grande demais e isso te assustava. Você tinha medo de estragar as coisas, porque você sempre fazia isso.

Mas com Tom era diferente.

Você se sentia segura. E há coisa melhor do que isso?

- Tudo bem - você respondeu - Também não quero me separar de você.

Ele sorriu e te beijou mais uma vez.
Você percebeu que ele parecia estar cansado, então lembrou que ele não havia dormido noite passada.

- Ei, quer ir dormir um pouco no meu quarto? - você perguntou.
- Só se você vier comigo - ele respondeu, se levantou do sofá e estendeu a mão na sua direção.

Você sorriu e segurou a mão dele, logo também ficando de pé.
Vocês foram até seu quarto e deitaram na cama. Você colocou sua cabeça no peito dele e ele apoiou o queixo no topo da sua cabeça.

- Eu te amo - ele disse, quase adormecendo - Eu sempre vou te amar.

E então, ele dormiu. Você, que agora também quase dormia, disse antes de finalmente dormir:

- Eu também te amo. Pra sempre.

FIM.

tom holland; Onde histórias criam vida. Descubra agora