Recomeçando Uma Vida

OITO

Olho para meu guarda roupa insatisfeita, nem se quer um vestido tenho para vestir, pego um vermelho colado até os joelhos e um salto preto básico, é só um jantar de trabalho, certo? Tomo um longo banho, faço uma maquiagem e coloco o vestido, enquanto calço os sapatos vou a sala e vejo Ysa brincando com as crianças

-Olha, obrigada por ficar com as crianças -Ela me olha sorrindo, estava sentada no chão com diversos brinquedos ao redor

-Mamãe, você está tão linda. Onde vai? -Minha filha corre e me abraça -Vai ver um namolado? Quero um papai -Lili fala algumas palavras de forma engraçada, engulo seco diante de sua pergunta, apoio as mãos em mimhas pernas ficando na altura dela

-A mamãe não vai ver namorado e você não terá um papai -Ela me olha atenta -Tem a mim, apenas a mim

-Mas... -Deposito um beijo em sua bochecha, pego minha bolsa no sofá e saio, pego um táxi, grr, meu carro é uma lata velha, poderia estar com ele, lembro-me de não saber o endereço

" Onde é o restaurante? " -Mando a pergunta para Carlos e logo ele responde com outra pergunta

"Onde você tá? "

" Tentando fazer com que o taxista não fique com raiva de tanto esperar"

"Você não tem carro?"

"Não interessa, diz logo onde é"

"Eu estava indo a sua casa lhe buscar, mas como já está a caminho o endereço é xxxxx xxx"

Não respondo mais, apenas digo ao taxista onde é, e em minutos chegamos ao local onde pedi, pago ele que por um acaso está mais sério que quando entrei ele já estava lá

-Onde estão os outros? -Pergunto colocando minha bolsa na cadeira e sentando

-Outros? -Ele estava distraído

-Me diz, isso não é um jantar de negócios? -Olho nervosa, ele não iria mentir

-Sim, mas os negócios são nossos -Não estava entendendo e ele viu a confusão em meus olhos -Meu amor, não seja rude, era o único jeito de jantar com você -Levanto chateada e ele segura minha mão -Não chame atenção, sente-se, por favor -Decido sentar

-Para que isso? -Eu não entendia o motivo de mentir para jantar comigo

-Você é dificil, só quero conversar -Faz uma pausa -Um momento de paz

-Conversar sobre o que? -Sou o mais seca possível

-Sobre... ah... quero te conhecer e te dar a honra de me conhecer -Ergue a sombrancelha e sorri de lado, seguro a vontade de rir, não poderia me render aos seus encantos -Fique tranquila, já sei que não irei dormir com você, mas podemos ter um relacionamento amigável

-Tudo bem! -Pedimos o que queremos comer, o garçom saí e ficamos nos olhando por longos segundos -Então... fale-me de você

-Oh... eu... bom, estudei uns anos no Brasil e quando voltei eu tinha um cargo, papai odiava a idéia sobre o que escolhi para mim, mas é o que amo -Surge um pequeno sorriso de lado

-Claro, as modelos -Reviro os olhos divertida e nós dois trocamos sorrisos, pela primeira vez estamos sendo normais

-E você? Gosta do que faz?

-Sim e não -O garçom chega com os pedidos e quand saí vejo a expressão confusa de Carlos

-Me explica

-Tá, assim: gosto de administração, mas eu sempre quis ser dançarina-Um sonho de infância na verdade -Quando eu era pequena fazia balett numa escola super ótima, a mais cara da cidade onde eu morava e...

-Espera, ganhou uma bolsa? -Nego com a cabeça e então me dou conta, ele deve achar que sou pobre -E como seus pais pagavam

-São ricos -Dou de ombros

-E você é uma secretária? -Mais confirma que pergunta e afirmo com a cabeça

-É uma longa história -Meus olhos fitavam o nada e o flashback de cinco anos atrás passa em minha cabeça

-Um brinde a nossa amizade? -Ele ergue a taça de vinho e sorrio, ergo a minha e fazemos um brinde

***
Para o carro em frente minha casa, olho por alguns minutos a rua escura e vazia, não tanto, passava alguns carros, e a recordação da noite em que o beijei vem em minha cabeça, fecho os olhos e balanço-a negativamente

-Em que pensava? -Iria mentir mas falo a verdade

-Quando te beijei, foi tão... ridículo de minha parte -Ele me encara por alguns segundos

-Você beija bem -Coça a barba por fazer que o deixava mais sexy

-É... -Aposto que estou corada -Você também -Digo tão rápido que só tenho a certeza dele ter ouvido por conta de um sorriso sacana

-Estamos flertando, e dessa vez não é culpa minha -Brinca fazendo carinho na ponta do meu nariz

-Vamos parar com isso -Abro a porta sorrindo e meu braço é agarrado

-Você está linda -Agradeço apenas com a expressão e saio, chego em meu apartamento feliz e saltitando não entendo o motivo, logo a luz acendeu e a voz brincalhona de Ysadora surgiu

-Alguém está muito alegre -Me assusto de início mas depois me faço de desentendida