VINTE E DOIS

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Gabriela

Dor de cabeça, dor na perna, abro os olhos lentamente vendo assim três pessoas, uma mulher e três homens, mas, quem são? Onde estou? Quem eu sou? Fecho outra vez os olhos e os abro, repito duas vezes e finalmente sento-me de uma vez assustada

-Onde estou? -O homem mais velho toca com carinho em meus braços e me deita lentamente, enquanto estou nervosa e tento me solta -Saí, saí, me solta, saí... Quem.. Quem são vocês? O que querem? -Estava agitada, falo rápido e me olham com certo medo

-Querida, te encontramos na estrada, há quase um quilômetro daqui, qual seu nome? Por que estava desmaiada? -Perguntas que nem eu mesma sei a resposta... A mulher fala tocando minha mão enquanto encaro o nada, ela tem cabelos pretos e alguns fios brancos, olhos castanho escuro, e é bem bonita

-Eu.. Não sei.. O que está havendo comigo? Não lembro de nada... Nada -Sussurro a ultima parte e eles me olham com pena -Por favor me ajudem -Começo a chorar, nem mesmo lembro de meu rosto

-Você... Não parece ser daqui, parece latina, como fala inglês? -Um dos belos rapazes perguntam, o loiro de olhos verdes

-Talvez ela perdeu parte da memória, e... E... Ainda tem habilidades, fala algo em português -O moreno dos olhos verdes, parecem realmente irmãos

-Eu... Nem sei se falo português -Tento e realmente consigo

-Tá... Ah... O que exatamente você disse? -O moreno 

-Eu... Nem sei se falo português, foi o que eu disse -Repito em inglês

-Olha morena, meu nome é Pierre, essa é minha esposa Caren e esses nossos filhos, o moreno Kennedy e o loiro Inácio. -Moreno Kennedy, loiro Inácio e eles Pierre e Caren... Tá

-Eu não sei meu nome -Suspiro derrotada

-Que tal te chamar de Esther? Gosto desse nome, forte e bonito -Adorei a ideia Inácio

-Tá... Me chamo Esther por enquanto -Sorrio alegre, ou fingindo, essa dúvida de quem sou me destrói 

***

Fazia nove dias, eu tinha uma bala na perna que foi retirada com sucesso pelo médico do povoado, o mesmo disse que minha perda de memória é temporária. Luciana, namorada de Inácio me emprestou algumas roupas, apesar de relutante e mesmo que seja mal agradecimento devo dizer que quase não tem roupas aqui, uma saia muito curta e uma blusa que mostra metade de minha barriga, estou sentada na varanda mexendo os pés, Inácio é muito mais aberto que Kennedy, só trocamos poucas palavras, Pierre e Caren desde incio são abertos comigo

-Oi -Kennedy? Como?

-Oi -Falo meio surpresa

-Por que tá assim? Surpresa por falar comigo? -Rimos juntos

-Pra ser sincera? Sim e muito -Suspiro... Você é muito fechado -Dou de ombros, ele senta ao meu lado e balança as pernas assim como eu

-Como está? -Muda o foco e respeito isso

-Mal, queria saber meu nome -Ele me encara e me perco em seus olhos

-Melhor que seu apelido ser Ken -Rimos outra vez

-Gosto de Ken, moreno, vou te chamar assim -

-Moreno? -Questiona

-Assim que eu te chamava na minha cabeça, quando estava naquela cama e todos conversando -Ele balança a cabeça entendendo -Vamos ser amigos?

-Vou adorar -Me abraça e rimos juntos

Carlos

Dez malditos dias sem noticias, DEZ. Estou a beira da loucura, Alex foi preso e interrogado, mas não disse nada, diz não fazer ideia de onde ela está, mas algo me diz que ele desconfia de onde esteja, e eu vou até o inferno para encontra-la, sentado e destruído no sofá, preferia ter morrido, com aquela bala. Tomo mais vinho, não tenho ido a empresa e todos estão preocupados 

-Olha, sei que está mal, mas tem que trabalhar -Rick entra e simplesmente grita

-Sabia que eu achava que era educado? -Levanto e cambaleio caindo outra vez, começo a rir -Que... Que irônico... Estou caindo em todos sentidos

-Você está... Bebado? -Fala como se fosse o maior absurdo

-Ué, você nunca bebeu? Lembro que Paola te rendeu uns porres -Começo a rir e depois a chorar -Quero ela aqui, sentir seu perfume, mas acontece que ela não está e a cada minuto fico mais louco, por não poder... Não tê-la

-Tem que ir atrás dela, mas para isso tem que se recuperar saiu há três dias do hospital e bebe os três dias sem parar, isso é insuportável -Suspira e cruza os braços -Como a Gabriela te veria? Com que olhos? Ela estaria com vergonha! Faça por merecer o amor dela

-Farei! Você tem total razão -Jogo o copo na parede e mesmo cambaleando levanto, ouvimos a campainha e Rick vai atender

-Samanta? -Sua voz surpresa me espanta, vejo a mulher passar e respirar fundo com uns papéis na mão

-Estou grávida, preciso de sua ajuda -Abro a boca e fecho repetidas vezes, ou era verdade, ou o golpe da barriga, tão antigo e eficaz 

Recomeçando Uma VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora