Capítulo 26

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O voo era rápido, durava cerca de uma noite, e eu, surpreendentemente, dormi a maior parte do tempo. Eu não queria ter recorrido a fuga mais uma vez, mas naquela noite achei injusto o que Camila estava fazendo. Nossas decisões e ações estavam indo em direções opostas, e mais do que ficar magoada, eu simplesmente não queria mais a presença dela naquela viagem. 

Devido ao fuso horário, em Barcelona já estava escurecendo quando cheguei. Embora lá se falasse catalão também, não tive problema nenhum em me comunicar com o espanhol. Na minha casa esse tinha sido um segundo idioma e foi uma das razões que levou Taylor a escolher a Espanha pra terminar seu ensino médio.

Enquanto esperava minha mala, verifiquei as mensagens no meu celular. Respondi Vero avisando que tudo tinha corrido bem e lhe dando algumas orientações sobre os cuidados com o Paçoca. Camila tinha mandando algumas realmente longas, dando explicações que eu não queria saber no momento, apaguei sem ler, mas respondi contando rapidamente onde estava, prometi dar notícias e falei que tudo iria ficar bem, embora não estivesse certa disso.

Em frente o portão de desembarque avistei Taylor. Ela parecia mais velha e estava mais bonita, seus cabelos loiros estavam maiores e ela tinha perdido um pouco de peso. Não me contive e corri para o seu encontro, a abraçando fortemente enquanto esquecia por alguns minutos de todo o resto.

- Que saudade, Laurenza. - Sua voz tremeu um pouco e não contive algumas lágrimas.

- Você tá linda, Tay tay. Parece que faz mil anos que não te vejo. - Falei a soltando um pouco e lhe analisando mais de perto.

- Chris não veio com você? E cadê a Camila? Eu não entendi muito essa troca de voo. 

- Só antecipei o meu voo, Chris chega amanhã a noite e Camila não pode vir.

- Que pena, estava ansiosa pra conhece-la. Aconteceu alguma coisa? - Perguntou preocupada.

- Não aconteceu nada, só foi um imprevisto. Vamos? Quero conhecer onde você mora. - Respondi sem dar detalhes e mudando de assunto.

Taylor morava em uma vila estudantil bem localizada, segundo ela. O apartamento era um mini loft, a sala, o quarto e a cozinha eram no mesmo espaço. Tinha um banheiro e era mais do que suficiente pra uma pessoa. Se bem que teria que abrigar mais duas naquela semana, mas não parecia ser problema. Era bonitinho e Taylor tinha colocado algumas fotos e objetos que davam mais personalidade ao espaço.

Na primeira noite saimos pra um pub próximo e senti um pouco o efeito do jet lag, então dormimos cedo. No outro da conheci a Vila estudantil, que era cheia de barzinhos e cafés, tinha estádio e uma arena para shows. Taylor me mostou a sua escola e seu trajeto de todo dia. A noite fomos buscar Chris no aeroporto e definimos os roteiros para os próximos dias.

Cada vez que começa a pensar em Camila, eu empurrava o problema pro fundo da minha mente. Definitivamente nós teríamos que conversar, mas eu não faria isso por telefone ou mensagem, então eu tentava manter o contato e fingir que as coisas estavam bem. Sem alternativas, ela também sustentava esse jogo de fingir que não existia nada pendente entre nós.

No primeiro dia juntos com Chris e Taylor, fizemos os passeios clássicos. Conhecemos o bairro gótico, arrastei meus irmãos pelos museus e tiramos muitas fotos. No começo Chris estava relutante, mas depois se rendeu a nossa tradição de poses ridículas em lugares turisticos. Eu sempre achei que ficaria mal em nossa primeira viagem em família sem nossos pais, mas na verdade, eu tava feliz, parecia de alguma maneira, que estávamos os honrando.  

Para o dia 05, Taylor indicou a praia de Sant Sebastià por ser menos turistica. Como era um dia de semana, o lugar estava tranquilo. Chris banhava no mar, eu tomava um mojito segura embaixo de um guarda sol e Taylor estava estirada tentando se bronzear.

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