Capítulo 21

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Estava com a sensação de que a semana tinha durado mil anos. Primeiro porque Camila quase não tinha tempo pra mim, uma vez que usava suas horas livres com o trabalho de conclusão de curso. Ela dizia que só assim poderia passar o fim de semana em meu apartamento, então eu me conformava com encontros rápidos durante o almoço ou jantar. Segundo porque Chris viria pra casa no sábado e eu estava ansiosa por isso, ele estudava numa cidade não tão longe, mas já faziam quase dois meses que não nos víamos. Eu morria de saudades dos meus irmãos e estava muito feliz com a volta do Chris, mesmo que fosse somente por um fim de semana.

Na sexta, após a aula com Matos, Camila jantava comigo no meu apartamento. Ela tinha avançado muito no AutoCad e seu projeto estava quase concluído. As caixinhas do restaurante do seu Nagami estavam espalhadas pela mesa de centro, eu comia camarão empanado enquanto Camz tentava comer yakisoba com hashi. 

- Porque você tem toda essa rotina de lugares pra comer e pedidos pré determinados? - Ela perguntou 

- Isso tem uma resposta simpes e uma filosófica, você quer ouvir qual? 

- A simples.

- Preguiça. Gasto menos energia quado não tenho que escolher o lugar nem olhar o cardápio.

- E a filosófica? - Insistiu curiosa

- Minha vida mudou completamente há um ano quando meus pais morreram, daí Taylor foi morar fora 6 meses depois e tudo mudou de novo. Então ela disse que criei uma necessidade de ter algo imutável e seguro, por isso inconscientemente sigo uma rotina.

- Ela quem? Quem disse isso?

- Minha terapeuta.

- Você faz terapia?

- Não, mas tentei. Na maioria do tempo eu só ficava calada e ela também, esperando que eu dissesse algo. Um dia notei que poderia ficar calada de graça no meu sofá e deixei de ir. 

 Eu não sabia o que Camila estava pensando, mas eu tinha uma facilidade impressionante de me abrir com ela. Talvez eu quisesse que ela soubesse tudo ao meu respeito, porque tinha curiosidade pra saber se ela ainda ficaria quando o fizesse.

- Em qual resposta você acredita?

- Na simples.

- Por que?

- Porque eu sei que já tenho imutável e seguro na minha vida.

- E o que é?

Limpei minhas mãos com o guardanapo, então me acomodei de frente pra ela e esperei que ela retribuísse meu olhar. Quando ela o fez, enfim respondi

- O Paçoca. - E apontei pro cachorro que dormia no tapete completamente alheio a tudo.   

- Você é muito idiota, Lauren.- Ela falou segurando um riso e balançando a cabeça como se não acreditasse.

- Porque, amor? Que você achou que eu ia responder? - Perguntei com um tom fingido de inocência, enquanto deitava no sofá acomodando a cabeça em suas pernas.

- Não sei, nosso amor ou algo assim, sei lá, era a hora ideal pro romantismo. - Ela falou rindo e apertando meu nariz. - Você tem os olhos verdes mais lindos desse mundo, tem um nariz perfeitinho e tem uma bunda bem incrível, mas seu timing é péssimo. 

- Algo nesse seu pijama amarelo do Bob esponja repele meu romantismo, você parece uma banana gigante. - Sacudi levemente a cabeça pra que ela soltasse meu nariz.

- Se estou parecendo uma banana, quer dizer que estou muito gostosa. - Ela respondeu astuta.

- Você sempre está gostosa, mesmo com esse pijama amarelo ridículo.  

Ela se esticou pra colocar a caixinha do yaksoba na mesa de centro e quase me derrubou, tentamos nos acomodar novamente e Camila começou a passar os dedos pelos meus cabelos. 

- Você entrou em panico quando sua formatura se aproximou? - Ela perguntou após um tempo em silencio.

- Pra ser sincera não, eu costumava ser bem inconsequente. Eu estava triste demais pelo fim das festas na universidade pra me preocupar com coisas banais tipo futuro. - Virei um pouco a cabeça pra poder olhar seu rosto. - Você está com medo? 

- Sim, morrendo. Eu não serei mais estudante, então não haverá mais desculpas. Mesmo depois de quase cinco anos estudando pra isso, as vezes não me sinto preparada.

- Olha, vou te contar um segredo que pode ajudar - Falei tentando tranquiliza-la. - Estou formada a quase 4 anos, no momento sou responsável por 7 obras e sei lá quantos operários, e as vezes não me sinto preparada também.

- Amor, sei que sua intenção é boa, mas não sei como isso vai me ajudar. - Camila ria e no fundo, esse  era meu objetivo.

- Vai ajudar porque meu ponto é: mesmo com minha ocasional insegurança, nenhuma construção pela qual fui responsável caiu e todos os operários saíram vivos dela. - Ela sorriu mais abertamente e sorri de volta. - Se eu consigo, você consegue, porque é uma das pessoas mais inteligentes e dedicada que conheço, amor. Você vai ser a melhor arquiteta do mundo, não tenho dúvidas disso, porque ser ótima em tudo que se propõe a fazer é o seu super poder. 

- Eu estava errada antes, o seu timingpro romantismo é perfeito. - Ela falou e se abaixou beijando meu lábios docemente e apesar da posição estranha, ficamos aproveitando aquele contato por um tempo.

- Nós podemos ir por quarto? - Ela falou após se erguer, encostando no sofá novamente. - Eu te amo mais que tudo, mas se tiver que ver mais algum documentário eu simplesmente não conseguirei continuar com esse namoro.

Concordei e levantamos o mais silenciosamente possível pra não acordar o paçoca.

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No outro dia de manhã a expectativa me fez acordar mais cedo do que era comum. Passei meus braços por cima de Camila pra poder verificar as horas no celular, e ainda faltavam quase 2 horas pro voo do Chris chegar. Ela se mexeu um pouco se acomodando de bruços e agarrando o travesseiro. Estávamos sem os pijamas e analisei suas costas nuas, suas omoplatas sutilmente destacadas e a sua pele lisinha que estava um pouco arrepiada por causa do frio que fazia no quarto. Era inevitável tentar me segurar, então beijei sua nuca e desci ao longo de  sua coluna distribuindo beijos, logo a senti estremecer. 

- Eu acho que você tá querendo me matar, amor. - Ela falou com a voz falhando um pouco, pesada do sono.

Me deitei por cima dela, meu seios pressionados em sua costas e meus quadris encaixados em sua bunda.

- Não amor, você que está me matando. - Falei enquanto mordia sua nuca e descia pelo seu pescoço dando beijos.

Logo Camila se virou e se posicionou encaixando nossos quadris, ambas gemendo quando nossos centros já molhados se encontraram. Comecei a me movimentar lentamente, tentando prolongar aquela sensação enquanto Camz sugava meu pescoço, passando as mãos pelas minhas costas. Nossas respirações já estavam irregulares e me ergui um pouco, olhando dentro de seus olhos castanhos. Ela então cravou as unhas em minha bunda, aumentando nosso contato e começou a rebolar ansiosa por mais velocidade. Baixei a cabeça para lhe dar um beijo intenso e intensfiquei os movimentos dos nossos quadris. Separei nossas bocas quando os gemidos se tornaram inevitáveis, sentindo a tensão no corpo de Camila, que logo arqueou as costas e soltou um gemido mais alto, se agarrando ainda mais em mim enquanto estremecia. Quase que simultaneamente, senti meu corpo explodir e relaxei totalmente em cima do corpo de minha namorada.

- E eu que achava que você não era uma pessoa da manhã. - Ela falou enquanto seu peito ainda arfava em busca de ar. 
 

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