31- Dark Ghost

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Tudo aconteceu quando eu tinha cinco anos, meus pais decidiram se mudar para a nossa casa própria.

Todos nós estávamos muito felizes, conhecemos muito terrenos e um dia papai chegou dizendo que achou o perfeito.

No sábado fomos visitar o tal terreno, era enorme. E ficava num bom bairro. Seguro e todos se conheciam, era perfeito para nossa família pequena.

Eu gostei do lugar, era imenso! Eu poderia brincar em todo esse pátio. Muito melhor que nosso pequeno e limitado apartamento alugado.

Mas o lugar estava abandonado fazia anos, a grama devia ter uns 1,30 ou mais de altura, e eu sempre fui pequena. Então meu pai me levou nos ombros.

Tinha uma pequena cabana de madeira rústica, sem nada, nem móveis. O cheiro era horrível, mofo e algo podre. Tinha uma única sala e um quarto, pois tinha um até então desconhecido beliche de madeira podre com colchões manchados de algo preto.

Me lembro, que eu era uma criança curiosa, e logo subi no beliche. Minha mãe me puxou na hora e me tirou de lá brigando comigo.

Tinha uma coisa que eu me lembro muito bem da minha mãe, ela sempre parecia saber de tudo. Como uma vidente, e ela não gostava de um pouquinho de certas coisas que eu falava. Isso sempre foi uma curiosidade minha, como ela sabia de tudo isso?

Eu fiquei emburrada, e fui dar uma volta pela cabana, estava muito escuro. E a porta aberta não iluminava tudo.

Eu tinha achado uma espécie de porta secreta, quando meu pai me puxou dizendo que achará algo muito legal ali para mim.

Eu esqueci da tal porta na hora, e fiquei perguntando o que era, até ele me entregar um pingente velho de metal. Era uma estrela, bem simples.

Mamãe prometeu que iria limpar e eu poderia usá-la. Fomos embora e papai nos levou em um restaurante, foi um dia agradável aquele.

De noite eu saía do banho, quando mamãe me mostrou o pingente, agora numa corrente de prata que ela tinha.

Era lindo, e parecia novo. Eu quis usá-lo na hora, e nunca mais o tirei.

Alguns dias depois compramos o terreno, e começaram a construir a nova casa. Foi um rebuliço na época, fazia muito tempo que ninguém se mudava para aquele bairro, e também ninguém sabia a história daquele terreno.

Nos mudamos para lá, a casa tinha três andares, meu quarto ficava no segundo. Eu amava aquela casa, era um sonho para mim. E naquela época nossa família estava enriquecendo e eu ganhava muitos presentes.

Eu não gostava muito de ganhar tantos brinquedos, eu não tinha com quem brincar. Meus pais passavam o dia inteiro trabalhando e eu ficava com a babá, que era uma senhora chata.

E naquele bairro não tinha crianças com a minha idade, na verdade todos tinha de dezoito para cima. Eu ficava sozinha muito tempo.

Algum tempo depois do meu aniversário de seis anos, um amigo de meu pai tinha uma neta que vinha aos verões ficar com ele e a avó.

Nos tornamos amigas na hora, e todos os dias desde cedo brincávamos e as vezes passávamos a noite na casa da outra.

Eu tinha começado a estudar e tinha amigas, minha vida era mais alegre. Mas quando eu fiz oito anos a felicidade acabou.

Meu pai acabou por fazer uns negócios escondidos e como seguro estava nossa casa. Perdemos nosso único bem precioso e a família se afundou em dívidas, na mesma época que minha mãe perdeu o emprego.

Eu sempre me lembro das discussões dos meus pais, que as vezes meu pai batia em minha mãe e se eu vinha defende-la apanhava também.

Acabamos ficando na casa, agora sob aluguel. As brigas acabaram, ou eles brigavam sem que eu visse.

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