Acordo com algo se mexendo debaixo dos meus lençóis, tento não me mexer, vou levantando o cobertor aos poucos.
*Miau
- Ah, é você. Não me assuste! Seu folgado. - Disse, com um sorriso. Ele me olha com um olhar raivoso, odeia ser chamado de folgado.
Me retiro da cama, e percebo que o gato me acompanha, olho através da janela, e estava nublado.
- Dias opostos - Falo para o gato, me referindo à sábado que foi ensolarado. Então, continuo:
- Vamos lá para baixo.
- Miau - Entendo como um sim. ( risos )
Então, saio do meu quarto e vou em direção as escadas, e chegando a cozinha, não vejo ninguém.
- Estranho, onde poderiam estar? - Olho para o gato que faz olhar de tanto faz. Começo a procurar por meus pais, vou na sala, banheiro, até no quarto deles, onde estava tudo tão arrumado e cheiroso, tinha cheiro de rosas. Mas nada deles. Decido ir lá fora. O gato por sua vez, saiu em minha frente, como se estivesse mais curiosa que eu.
- Espera apressado! - Digo, me dirigindo a saída.
- Ual! Que frio! - Olho para baixo, e vejo o gato encolhido.
- Coraline! - Minha mãe fala de algum lugar. A procuro, e finalmente os vejo no jardim... Plantando tulipas e outras flores. O que me faz pensar: "Meus pais são normais? Plantas tulipas num tempo desse? Nublado?".
- Tô com fome! - Exclamo, fazendo gestos em minha barriga.
- Sua merenda esta em cima do fogão. - Diz a Srt:Jones, com três tulipas na mão.
Já meu pai, parecia tão concentrado no jardim que não me notara.
Mudo meu olhar rapidamente para o gato, que, corre para o apartamento que era das antigas Sr: Forcible, percebo que ele está em posição ( felina ) de ataque.
*Puf!
Ele pula em algo.
Não vejo muito bem o que é, mas ignoro, deve ser coisas de gato. Entro para casa, e sigo até a cozinha, chego perto do fogão e vejo um pão com alguma coisa melequenta, que ao meu ver parece ser nojento.
- Argh! - faço uma careta de nojo. Eu prontamente, me recuso a comer aquilo.
Vou até a geladeira e a abro, não vejo muitas coisas gostosas ( como sempre ).
Quando, de repente, o gato pula em minha frente.
- Aah! - Meu coração dispara. - Seu maluco! - Grito com o gato.
Olho para ele, e vejo em seus olhos, um certo medo.
- O que foi? - Pergunto para ele.
Com suas patinhas pequenas o gato tenta de uma forma falha, me puxar... Não sei para onde.
- O que você quer gato? - Pergunto novamente. Claro, não esperando uma resposta dele.
Ele me olha com seus grandes olhos azuis e sai em direção a porta de casa... Resolvo segui-lo, e quando chego lá fora, o vejo perto do antigo apartamento das Sr. Spink e Miriam.
*Miau
Ele muda seu olhar para a porta do apartamento... Será que ele sente falta das duas?
Vou me aproximando dele e do apartamento, então, ele corre para dentro.
- Espera gato! - O vejo entrar porta a dentro.
- Hãm? - Olho para a frente, e vejo que a porta está entre-aberta, ouso me aproximar ainda mais.
Olho entre a brecha da porta, e olho para o grande ( ou quase ) vazio que se formava lá dentro.
- Gato!... - Susurro devagar, com o objetivo de o achar.
* Miau
Olho ainda mais lá dentro, e não o vejo.
Com pegadas leves, vou aos poucos adentrando no apartamento que antes era chamado por mim, apenas como "F", ainda pudia sentir o cheiro de lavanda que se instalara naquele lugar por causa de Spink e Miriam. Estava um pouco escuro, meus olhos andavam por cada lugar daquele apartamento, apesar de não ser muito grande, mas, era cheio de detalhes.. As antigas estantes, prateleiras, cortinas, ainda estava tudo ali... Do jeito que deixaram. Até o grande e lindo espelho com detalhes florais na beirada.
Sempre o achei tão lindo, tão chic.
* Miau
E o susto veio novamente.
- Gato! - exclamo. - Você está aí.
Ele me olha assustado. Mas, por poucos segundos, seu olhar estava fixado mesmo, no espelho...
É difícil interpretar o que o gato de fato queria dizer. Então, como um fantasma, eu escuto:
- Coraaalineeee. - os pelos do meu braço se arrepiou, meu corpo fica gelado, e o gato mais assustado do que já estava.
E eu... Pude jurar.. Que aquela voz fantasmagórica vinha de dentro do espelho.
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Coraline - A segunda Chave
FantasyLIVRO COMPLETO * PLÁGIO É CRIME CONFORME A LEI Nº9.610 de 19 de fevereiro de 1998 * O vento batia forte em minha janela, galhos arranhando o vidro, era como naqueles filmes de terror, só que sem um monstro. Embrulho-me e fecho os meus olhos, tento e...