CAPÍTULO 4 - O segredo do Ap."F" / Pt.2

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Fiquei estatalada, imóvel, por assim dize.

" O espelho realmente falou comigo?". Pensei...

Olhei para o reflexo do gato, que parecia mais assustado do que eu.

Meus pensamentos gritavam: Corre Coraline!. Deveria obedecer?. Isso tudo era assustador. Resolvi me afastar, lentamente, quando na beira do espelho vejo um camundongo, não era um simples camundongo, e sim um saltador, ele estava comendo um pedaço de queijo; então, viro meus olhos para o mesmo lado onde o camundongo aparecia, só que fora do espelho. Nada havia ali...

- Como assim? - indaguei. Olhei de novo para o espelho e lá estava ele, comendo o mesmo pedaço de queijo.

Fui me aproximando, aproximando, e quando cheguei perto próximo ao espelho, ele me olhou e saiu correndo, olhei para trás de mim, eu via apenas o gato.

Me voltei para o espelho, e quase como uma ação involuntária, minha mão que estava tremula, levantou e tocou o espelho.

- Aahh! - O grito pode ter sido tão alto que o pelo do gato ficou todo estufado.

"Era mesmo real?". Minha voz ecoava dentro de minha cabeça.

- Não pode ser. - falava ao meu próprio reflexo no espelho.

Mas não, aquilo era verdadeiro, minha mão realmente atravessou o espelho. Fiquei parada por uns instantes até o gato se aproximar e tirar minha atenção do espelho.

*Miau - Ele olha para mim.

O coloquei entre meus braços, e então fiz algo que jamais pensei em fazer...

Me auto empurrei contra o espelho.

Calafrios chegavam a minha nuca. O frio até as pontas dos meus dedos.

De olhos fechados, eu não pude ver se tinha de fato atravessado o espelho ou se apenas era loucura minha. Sinto o gato pulando de meus braços e uma voz grave e familiar saindo da "escuridão".

- Você achou que tudo tinha terminado Coraline?

A voz ecoava.

Lentamente fui abrindo meus olhos.

Realmente estava uma escuridão ou quase, havia apenas uma lâmpada embutida na parede emanando alguma luz. Olho ao redor e o que eu vejo me assusta... Aquele lugar era idêntico ao que a "outra mãe" me prendera, com exceção de que parecia um pouco maior e tinha alguns móveis velhos.

Vou me aproximando ... E a voz me interrompe:

- Vai responder? Ou o gato comeu sua língua? - Volto meus olhos para um "bolo" preto que se encontrava em cima de uma cadeira velha.

- Gato? - pergunto. E aos poucos o "bolo" preto vai ganhando forma, que de fato era o gato, que não demorou para responder:

- O próprio. - Ele me olha de canto de olho.

O olhei, e ao mesmo tempo lembrei de que, a última vez que o gato falou, estávamos na "outra casa".

- Se você está falando, então... - O gato me interrompe rapidamente.

- Não, não estamos na outra casa, ou no outro mundo. Isso é apenas uma outra sala. - O gato termina com sarcasmo.

- E o que estamos fazendo aqui? - Pergunto tropeçando em algumas palavras.

O Gato responde:

- Sua curiosidade Coraline, e, uma ajudinha minha... Claro. - Ele começa a se lamber.

- Mas gato, se estamos aqui, isso significa que ainda não acabou? - Minha pergunta já poderia ter uma resposta bem clara, mas crer nela, não era minha opção. O gato volta a olhar pra mim, e com sua voz grave, fala:

- Não Coraline, a casa está impregnada com a essência d'ela. E há algo aqui que a mantém presa.

Não podia acreditar que ele estava se referindo a "outra mãe". Com palavras certas, disse:

- Mas gato, eu consegui derrotala, eu joguei a chave no velho poço, não tem como ela sair.

Ele se voltou para mim e falou: - Nem se ela quisesse, - Talvez ele se referia a ela não poder sair do outro mundo. Então continuou - ela não precisou sair para lhe atrair. E não, você não a derrotou, você a enfraqueceu. É diferente.

Então, ignorando praticamente o que ele dissera, o lancei mais uma pergunta:

- Gato? Você já sabia desse lugar? - O vejo pensativo, como se estivesse escolhendo as palavras certas...

- Não Coraline, como você sabe, sou um gato caçador, e como você também já sabe, odeio ratos, então apenas segui meus extintos, e quando vi tal rato, eu ataquei, e foi quando ele correu espelho a dentro. O que me fez achar interessante e resolvi achar uma maneira de lhe avisar. - Ele parecia ser mais sábio do que realmente aparentava ser. Ele continuou - E, para aquele rato está por aqui... Algo deve estar acontecendo lá.

Rapidamente algo dentro de mim fala: - Vamos descobrir! - Não acredito que falei isso, depois de tudo que aconteceu. Mas talvez, esse fosse meu destino. Nada acabou, e é meu dever botar um ponto nisso tudo.

O gato dá meia volta e começa a fuçar o lugar.

"Talvez eu deva fazer o mesmo". Pensei. E então eu e o gato começamos a explorar a sala secreta.

Uma pequena mesa, quase perto da lâmpada embutida, me chamara a atenção, fui até ela. Olhei para o gato, e ele estava olhando debaixo de umas outras mesas... Atrás do rato?. Talvez. Voltei a olhar para a mesa, cujo, tinha uns papéis, tão velhos que tive medo de pegar e rasgar... Mas um em particular me chamou a atenção. Peguei com cuidado e fui desdobrando ele, não dava pra ler muito bem o que estava escrito... Mas pude perceber que era uma escrita antiga.

Quando finalmente consegui desdobra-lo por completo, pude ler ou quase, o que estava escrito:

" Quando se abrir pelo dia, nada deverá ser.

Pela noite que o completa, você deverá ver."

- Você deverá ver? - Sussurrei a mim mesma. O que isso queria dizer?. Quando fui tentar ler o resto, percebi que o que deveria completar o que parecia um poema, estava faltando... Voltei meus olhos para a mesa, a procura da outra metade, mas, o que eu achei foi mais intrigante do que o singelo poema...

Coraline - A segunda ChaveOnde histórias criam vida. Descubra agora