Coraline - A segunda Chave

CAPÍTULO 11 - Face a face

Sua voz atravessou meu corpo como uma adaga, perfurou a parte mais profunda de minha alma, meus olhos estavam travados. Não sabia o que falar ou mesmo fazer.

Ela deu um passo a minha frente e disse vagarosamente: - O que foi Coraline? Assustada com o que ver?

As memórias martelavam em minha cabeça.

Ela não era a mesma de antes, sua fisionomia. Ela estava realmente diferente. Uma outra pessoa.

Então, meu corpo foi tomado por uma coragem que eu jamais pensara que tinha, e com uma voz firme, falo:

- Oi... você pode estar diferente, mas sua voz continua a mesma. - Digo, olhando-a.

Ela sorrir com o canto da boca, e entre dentes ela pronuncia:

- Sim, sou a mesma, mas... depois de você me fazer fracassar, tive que tomar outras providências, um outro plano... uma outra criança.

Outra criança? como assim? Wybie?, Ela queria o Wybie???. Me ergo para frente e grito:

- Você não vai ganhar! E acredite, não vou deixar você pegá-lo! - Estava tão confiante, tudo desapareceu, como num passe de mágica... medo... fraqueza..

- Há, Há, Há! - Ela sorrir maleficamente. - Garota estúpida, você acha que farei questão dele? - Era como se ela sabia que eu estava me referindo ao Wybie, então, ela continua: - Não, não é ele, na verdade, nem seu eu quisesse, aliás, dependo daquela velha idiota, querendo ou não... estou presa aqui. - Ela se vira, ficando de costas para mim.

- Você tá falando da vó do Wybie? - Uma forte trovoada aparece, e me faz tremer... Luzes de relâmpago deixam a outra mãe muito mais sombria. Ela leva seu braço até a sua face, fazendo sinal de pensamento.

- Coraline... ah Coraline... Você acha que sabe demais não é? - Ela continua de costas para mim.

Me movo um pouco mais para frente, e um pouco trêmula, digo:

- O que eu não sei? - Ela para de se mexer, se volta para mim, e por um segundo pensei que ela iria me atacar, mas não...

- Uma nova criança vem para cá. - Meu corpo rapidamente fica gelado... uma nova criança... esse é o plano dela... Antes dela continuar, eu a interrompo:

- Como você sabe disso? Que eu saiba você não pode sair daqui. - Ela olha para mim com um olhar desafiador.

- Eu não. Mas meus queridos ratos sim, eles são meus informantes.. sabe.. E eles me disseram que uma nova família virá para cá... Uma nova criança. - Ao terminar, seus olhos negros brilham.

Rapidamente lembro-me do que ela dissera antes, e sem medo, eu pergunto:

- Você disse que dependia da vó do Wybie, por quê?

Ela sorrir e me responde com uma outra pergunta intrigante:

- Seu querido parasita não lhe disse? Ele não fala no seu mundo, mas naquela sala, ele ganha língua, e eu sei que vocês estiveram lá... - Fico olhando para ela, minha vontade era de acabar de uma vez por todas com isso, mas retomo meu controle, e calmamente mas rapidamente respondo:

- O gato? O que ele deveria me falar? - Me aproximo mais ainda dela... o medo já passara.

- Isso mesmo. Achei que ele por ser seu amigo, tinha te falado, ou melhor, explicado. Ele não é o bom samaritano que aparenta ser.

Fico assustada com o que ela dissera. Será que o gato não é quem ele diz ser? Então, em forma de defesa, rebato:

- E nem você! - Não sei se ela está falando a verdade, provavelmente não.

- Você esta com a foto? - Ela pergunta.

- A foto? - Digo.

- Sim, a que você e... Wybie acharam na sala... você esta com ela aí? - Ela olha para a minha pequena bolsa azul.

Abro a bolsa, e pego de dentro dela a foto.

Rapidamente ela move seus braços e pega a foto de mim.

- Ei! - Eu grito, indo para cima dela, tentando de uma forma ( falha ) pegar a foto.

- Acalme-se garota tola!, eis aqui suas respostas.

Ela aponta a foto para mim. Não entendo.

- Todas as suas respostas estão aqui. Ou metade delas. Mas... essa foto diz muita coisa... Você não acha que o Magnus era muito melhor antes?

Meus olhos ficam arregalados.

" MAGNUS?.... O GATO?"