DOIS

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2004

Nunca me achei muito bonita. A verdade é que, enquanto todas as minhas amigas tinham tido seus primeiros namoradinhos com 11 ou 12 anos, eu nunca tinha beijado ninguém aos 14.

Vestida com minha saia preferida, um modelo rosa até o joelho, uma blusa de alcinha azul clara e sapatilhas quase brancas, eu estava tomando sorvete na escadaria do MET com Mark e Belle, nossa amiga inseparável, que usava uma calça jeans, que deixava a barra da sua calcinha aparecendo, um top branco e boina rosa brilhante.

Meu pai acabara de passar por nós e pedira para que eu não chegasse tarde em casa. Ele estava atrasado para alguma reunião e falava sem parar no celular.

- Liz, eu estou falando sério, ok?

É claro que ele também deixou um segurança me vigiando para onde quer que eu e meus amigos decidíssemos ir.

Desde o ataque no metrô que matara minha mãe, meu pai só me autorizava a sair de casa com um segurança à tiracolo.

Ele ficou extremamente protetor e controlador em relação a mim.

- Eu não posso me dar ao luxo de te perder também, Lizzie.

- Mas pai, eu só vou ao aniversário da Belle! Ele não pode ir comigo! – Tentei argumentar, apontando para o homem de 2m de altura que estava parado com uma expressão blasé ao lado da porta.

- Sem "mas", Liz. Se quiser ir, George irá com você.

Nunca mais o contrariei. Era inútil. Confesso que achava que não passava de uma paranoia boba de papai, mas uma vez que ele colocara a ideia em sua cabeça, nada seria capaz de tirar.

- Nós podíamos ir alimentar os patos, o que vocês acham? – Disse Mark.

Ele sabia como eu gostava de ir até o lago do Central Park para alimentar os bichos com pequenos pedaços de pão.

- É meu aniversário, não podemos ir a algum lugar mais legal? – Belle reclamou.

- O Fantasma da Ópera?

- Eu topo! – Nós duas gritamos ao mesmo tempo.

Como ainda faltava tempo para a sessão, George nos levou para comprar os ingressos na bilheteria do Teatro Majestic e depois para jantar em algum restaurante ali mesmo pela Times Square.

Estávamos esperando uma mesa quando o vi pela primeira vez. George, claro, estava parado há apenas alguns passos de mim.

Ele estava com um grupo de amigos, todos mais velhos do que nós alguns anos. Pareciam ter 18 ou 19. Estavam sozinhos e a maioria vestia uma blusa de manga comprida por baixo de uma de manga curta e tênis all star.

Eles, que chegaram depois da gente, foram chamados antes e é claro que Belle foi brigar. Ela disse que era um absurdo, que não queria mais comer naquele lugar, que ela, Isabelle Marie Mason, filha de Kurt Mason, não deveria ter que esperar por mesa alguma, principalmente no dia do seu aniversário.

O tio Kurt era um ator muito conhecido dos anos 80 e 90 e Belle se aproveitava da fama do pai para conseguir o que fosse.

- Não seja por isso, belezura, você pode se juntar a nós. – Um dos garotos disse, cutucando outro ao seu lado.

- Mas só se a moreninha do seu lado vier também. – Outro disse, rindo.

George sussurrou no ouvido de Belle para ela recuar, ao que ela respondeu que ela não era responsabilidade dele.

Isabelle tinha 1,75m de pura arrogância. Era tudo o que eu queria ser. Ruiva, magra, mas com curvas nos lugares certos, olhos castanho. Em sua casa havia um cômodo reservado para seus troféus, faixas e prêmios dos concursos de beleza que participava.

Para Sempre Nova York  [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora