DEZENOVE

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2014

Estava tudo escuro e gelado quando acordei.

Minha cabeça latejava tanto que poderia explodir a qualquer minuto.

Pior do que isso, percebi que o que me acordou foi um enjoo que quase me fez vomitar ali mesmo.

Pelo menos senti o tapete felpudo que eu tanto conhecia do meu quarto quando pus os pés no chão e tateei o caminho até o banheiro.

Era o medo de perder o controle e passar mal desse jeito que me impedia de beber como na noite passada. Ao mesmo tempo que meu estômago se contorcia, o banheiro inteiro girava ao meu redor.

Fiquei um tempo ajoelhada, com as costas escoradas pela banheira. Volta e meia me inclinava com a ânsia e quis que o chão frio me engolisse de uma vez.

Alguns flashes da noite passada pipocavam em minha memória, o que me deixava ainda mais tonta.

E aí eu percebi que estava só com a calcinha bege e o bustiê combinando que eu vestira por baixo do vestido. Mas eu não me lembrava de ter tirado a roupa.

Quando tomei coragem e voltei para o quarto, tomei um susto tão grande que eu quase caí para trás, por mais clichê que isso pudesse soar.

Deitado em minha cama, mexendo no celular, estava Gabriel. Ele estava tão lindo quando eu me lembrava, exceto que dessa vez ostentava um peito nu e uma barriga sarada.

- Está se sentindo melhor? Achei que fosse colocar até as tripas para fora.

- O que você está fazendo aqui?

- Você bebeu muito ontem, não conseguia nem ficar em pé. A Belle ia te trazer para casa, mas, você sabe, ela e meu irmão tinham... assuntos inacabados para resolver. Então eu me ofereci. Você devia me agradecer sabia?

- E você dormiu aqui?

- O plano era te deixar sã e salva aqui e ir embora. Mas aí você estava toda gemendo e tremendo e eu resolvi ficar. Sei lá se você ia sufocar e morrer durante a noite. Não quis correr riscos.

Então olhei novamente para ele e para os meus trajes e quis chorar. Eu não podia acreditar que, por causa de alguns poucos drinks, eu tinha feito qualquer coisa com Gabriel.

- Fica tranquila, eu não abusei de você. – Ele riu, adivinhando meus pensamentos.

Eu respirei aliviada na mesma hora. E, como se alguém tivesse estalado dedos em minha frente, quis morrer de vergonha por estar seminua na frente de um cara praticamente desconhecido.

- Obrigada, eu acho... Que horas são?

- Nove horas em ponto.

- O quê? – Eu dei um grito. – Eu tenho uma reunião daqui uma hora em Nova Jersey!

Gabriel deu mais uma risada e levantou da cama em um salto. Para minha surpresa, ele estava ainda de calça jeans e logo puxou a camisa da noite passada para vestir.

Pensei no que meu pai acharia se o visse saindo do meu quarto. Essa hora ele certamente já estava acordado, provavelmente me esperando para ler o jornal com ele, como eu fazia todas as manhãs.

Nunca na vida eu tomei banho e me arrumei tão rápido. Minha cabeça latejava, o que dificultou um pouco o processo de me concentrar no que eu estava fazendo.

Quando voltei para o quarto, Gabriel não estava mais lá, mas eu não tinha tempo para me preocupar com ele. Certifiquei com Donna que ele havia ido embora e pedi desculpas para o meu pai, mas eu precisava correr se pretendia encontrar Mariah e a mãe a tempo.

Para Sempre Nova York  [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora