TRINTA E CINCO

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2014

O dia em que eu reencontrei Benjamin no escritório, toda a desordem dentro de mim pareceu voltar para o lugar.

Nós conversamos muito sobre o motivo que nos levou a terminar e ele me prometeu mundos e fundos de que iria mudar. Talvez ele tivesse percebido finalmente que uma relação é composta a dois, e não apenas um ou outro.

Desde sempre ele contornava as coisas para que eu achasse natural que ele decidisse tudo a respeito do nosso relacionamento, desde o restaurante que iríamos almoçar ou jantar até o destino e a data das nossas viagens. E, quando eu resolvi bater o pé e fazer a minha vontade, terminamos.

Benjamin disse, para me agradar ou não, que deveria ter me ouvido, ter sido mais flexível em relação à situação, e pediu desculpas por ter ficado longe por tanto tempo.

- Eu me arrependi no momento que pisei no aeroporto de lá. – Ele disse com a cabeça baixa. – Pensei em voltar na mesma hora, mas você sabe como eu sou cabeça dura e...

- Não precisa explicar nada. Eu amo você. – Falei. – Eu queria tanto que você voltasse... Desde o dia que foi embora.

- Eu também te amo tanto.

Ter as mãos de Ben segurando meu rosto era a segurança que eu precisava.

Eu precisava dar um voto de confiança de que ele mudaria, de que me daria mais espaço e liberdade, assim como fiz uma promessa para mim mesma de que trabalharia para não me deixar mais ficar à margem nem de Ben, nem de ninguém.

E, como eu percebi que, para fazer funcionar nosso relacionamento, não poderíamos guardar segredos – fossem eles sobre sentimentos ou qualquer coisa –, eu contei a ele sobre Gabriel.

É claro que ocultei alguns detalhes, mas o principal ele ficou sabendo. Eu falei que o conheci em uma festa de Lionel e que estava na Philadelphia com ele quando meu pai foi para o hospital.

E, apesar de eu notar o desconforto, Ben agiu com uma maturidade que eu não sabia que ele tinha. Ele não deu um ataque de ciúmes ou nada do tipo, só apertou minha mão e agradeceu por eu ter confiado nele e no nosso relacionamento para contar. Depois me contou que teve um caso de não mais do que duas semanas com uma mulher, mas que desistiu quando percebeu que só estava perdendo o tempo dela e dele próprio.

- Você ainda acha que podemos dar certo juntos? – Ele perguntou, segurando forte minha mão.

- Acho que falar sobre isso prova que amadurecemos e estamos mesmo dispostos a deixar o passado para trás. A partir de agora, seremos um novo casal, que confia, conversa e debate.

Logo depois do almoço tardio, Benjamin me deixou no lobby do hotel de Gabriel e, ao invés de já planejar alguma coisa para de noite, me perguntou se eu não gostaria de ir ao cinema ou jantar. E aceitou sem contestar, quando eu disse que eu preferia ficar um pouco sozinha na casa de Mark.

Desde o enterro de meu pai, minha rotina se resumia a acordar, ir trabalhar, garantir a todos que eu estava viva e então voltar para o apartamento de Mark e me afundar debaixo de cobertores no sofá mais macio do que eu gostaria.

Fiquei meio receosa ao tocar a campainha, não porque não tivesse certeza do que falar, o problema era como falar. Nunca fui muito boa com as palavras, e tendia a me atrapalhar ainda mais quando estava sob pressão.

- Olá.

Eu estava me sentindo um pouco sem graça por falar com Gabriel, afinal, não é como se algum dia antes na vida eu tivesse estado minimamente envolvida com alguém além de Benjamin. E eu não podia ser hipócrita o suficiente de pensar que ele não deveria esperar por uma satisfação.

Para Sempre Nova York  [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora