OITO

2.4K 259 29
                                    


2014

Benjamin estava muito bonito, de camisa polo e bermuda caqui, um visual que eu quase não podia imaginar vê-lo usando na cidade. Ele estava sentado na areia com as pernas abertas, me chamando para me aconchegar naquele espaço entre seus braços. Seu perfume automaticamente me atingiu.

Era uma noite muito bonita. Não havia uma nuvem sequer no céu e um vento fresco soprava do mar até nós.

Ao lado, Ben havia preparado uma bandeja com uma panelinha de fondue de chocolate, uma cestinha com vários tipos de frutas e marshmallow, um vinho doce francês e uma garrafinha de vidro com duas peônias brancas.

- Você é incrível, sabia? – Sorri ao sentar no espaço que me foi destinado. – Muito, muito incrível.

- Eu faço tudo por você, Liz.

Quando Ben entrelaçou sua mão direita na minha, encarei por alguns minutos o contraste de nossas peles. Ele era mais bronzeado, com traços mais duros e maiores, enquanto meus dedos finos pareciam se encaixar perfeitamente entre os seus.

De maneira geral, seu corpo parecia se moldar ao meu, completando cada espaço vazio. Ele respirava em meu pescoço, me deixando arrepiada. Sua mão livre acariciava meu braço e minha perna.

Então ele pegou um papel dobrado da bandeja e abriu em minha frente, lendo em meu ouvido:

Tu es ma came
A toi tous mes soupirs, mes poèmes
Pour toi toutes mes prières sous la lune
A toi ma disgrâce et ma fortune

Tu es ma came
Quand tu pars c'est l'enfer et ses flammes
Toute ma vie, toute ma peau te réclament
on dirait que tu coules dans mes veines


Ben cantou numa afinação um pouco torta, mas com um francês perfeito.

- Que lindo, Ben!

- É uma música da Carla Bruni, uma cantora italiana. Conhece?

- Uma noiva uma vez me falou que era seu escritor preferido, mas nunca tinha lido nada. Eu amei – Sorri.

- Sabe, eu arrumei tudo isso porque achei que pudéssemos definir a data do nosso casamento. O que acha?

Benjamin tinha um sorriso que cortava seu rosto de orelha a orelha. Sua empolgação era quase tangível e, de repente, eu fiquei gelada.

De certa forma, me senti um pouco angustiada de cortar sua felicidade. Eu tinha certeza que queria casar com ele algum dia, mas não tanta sobre marcar logo a data. Enquanto os planos ainda estavam no campo das ideias, era tudo mais fácil. Mas definir quanto, onde e como era concretizar muito algo que eu não gostaria que acontecesse em um futuro próximo. E isso me assustava.

- Mas agora? – Perguntei incerta.

- Por que não? Por mim eu casaria amanhã mesmo! – Ele riu.

Me senti muito estranha. Minhas mãos suavam e era como

- Casar amanhã? Você está louco, Benjamin? E os preparativos? Eu sempre imaginei um casamento incrível, com meu buffet preferido, na minha igreja preferida... Essas coisas levam tempo!

- Eu sei que organizar tudo leva um certo tempo. Mas não seria mais fácil, até para reservar tudo, ter uma data?

- Não sei... E se nós marcarmos uma data e, no final, ela já estiver reservada? Essas coisas não são assim, Ben. Não é escolher o dia e achar que vai tudo se encaixar.

- Mas nós podemos estipular um período. O que acha de Março? Ou no máximo Abril... Ainda não é tão quente e tem um tempo considerável para organizar tudo. O que você acha, meu amor?

Para Sempre Nova York  [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora