Capítulo 4 Antoni

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Eu estava cuidando para que tudo saísse como o planejado, estava orientando os garçons de como eles deveriam servir, quando a vi entrando

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Eu estava cuidando para que tudo saísse como o planejado, estava orientando os garçons de como eles deveriam servir, quando a vi entrando. Seus olhos azuis da cor do mar, seus lábios vermelhos e sua pele branca como porcelana faziam uma combinação perfeita. Ela era, simplesmente, perfeita, ao mesmo tempo em que tinha um ar angelical, ela transbordava sensualidade, tudo nela parecia um encaixe perfeito.
Ela estava acompanhada pelo senador Rogério, que, depois de exibi-la para todos, deixou-a sozinha e foi conversar com seus colegas de partido.
A bela moça estava andando pelo salão, quando se sentou perto de algumas mulheres, mas, não puxou conversa com nenhuma delas, depois de algum tempo, ela se levanta e vai em direção à mesa de doces e fica olhando admirada para a mesa como se estivesse se segurando para não pegar nenhum deles.
Eu chego perto dela, que não nota minha presença, então resolvo dizer algo.
- Está gostando da recepção? – pergunto, me arrependendo no segundo seguinte ter falado essa besteira. Sempre fui bom em flerte, mas, por alguma razão, essa bela mulher me deixa nervoso. Ela volta seus olhos em minha direção e me dá um pequeno sorriso nervoso.
- Sim. Está tudo muito bonito. – diz com a voz doce.
- Antoni Vasconcelos, eu sou o gerente do restaurante. – digo, estendendo minha mão em sua direção.
Ela olha para minha mão, em seguida, olha ao redor do salão, como se estivesse à procura de alguém, antes de pousar sua delicada mão sobre a minha.
- Sou Samantha Monteiro. – ela parece insegura e nervosa ao dizer seu nome.
- É um prazer te conhecer. – digo usando todo o meu charme.
Ela cora, baixando seu olhar para nossas mãos ainda entrelaçada e quando volta novamente seu olhar para mim, há um sorriso tímido em seus lábios.
Ela abre a boca para falar, mas, nesse momento, o senador aparece. Ele olha, furiosamente, para Samantha, antes de fitar nossas mãos.
- Estou atrapalhando alguma coisa? – pergunta ele com a voz baixa e feroz.
Samantha, que até então não tinha notado a presença do senador, tem um sobressalto retirando a mão da minha.
- Não está atrapalhando nada. – se apressa a dizer. Sua voz está trêmula e ela parece prestes a surtar.
- Creio que o senhor Vasconcelos tenha coisas mais importantes para fazer do que ficar dando atenção às moças comprometidas. – diz o senador com ironia, apertando ainda mais a cintura de Samantha.
Minha vontade é de socá-lo. Rogerio é um homem desprezível, conhecido como corruptor e mulherengo. Não consigo entender porque jovens como Samantha se sujeitam a sair com homens como ele.
Fecho minhas mãos em punhos e forço um sorriso.
- O senhor tem razão. Tenham uma boa noite. – digo friamente e, antes de ir embora, olho uma última vez nos olhos azuis de Samantha, que parecem desesperados.
Observo-a atentamente.
Há algo de errado na forma como o senador enlaça sua cintura, lhe puxando para junto de si. O corpo de Samantha parece estremecer com o contato do senador e, instintivamente, quero perguntar- lhe se há algo errado. Mas, me contenho, afinal, conheço a influência do senador e não quero arrumar problemas para mim e nem para Miguel.
Eu a observei partir e depois voltei aos meus afazeres, mas, a imagem daquela moça me perturbou durante a noite toda e isso não me deixou trabalhar em paz. Eu estou ajudando a recepcionar as pessoas quando vejo que ela está indo embora com o senador e, algo em seus olhos, me chama a atenção, algo como medo, mas isso deve ser coisa da minha cabeça, por que o senador parece venerar aquela mulher.
Depois que eles vão embora, não consigo tirá-la da minha cabeça, então resolvo ajudar os garçons, quando todos partem, começamos a arrumação e depois de uma hora e meia terminamos.
Eu estou destruído, meu corpo todo dói, mas, graças a Deus deu tudo certo, tudo saiu como o planejado.
Depois que saio do restaurante, eu passei pela casa de minha irmã para ver como anda minha barriguda mais linda, Mel está gravida de sete meses, espera a chegada de uma menininha. Eu não vejo a hora de me tornar tio, vou estragar muito essa criança. Eu sempre quis ser pai, mas, depois da traição de Joyce, esse sonho me foi arrancado, fico por lá conversando com ela apenas uns vinte minutos, porque já está tarde e ela entra cedo em seu serviço.
Melissa é enfermeira em um hospital pediátrico, seu sonho sempre foi ser mãe e agora finalmente ela conseguirá realizar esse sonho. Depois de me despedir de Mel, vou para casa tudo o que mais quero nesse momento é um banho e minha cama, o cansaço me consome. Quando, finalmente, chego, acendo a luz da sala e me abaixo para pegar as correspondências. Olho-as, mas, não tem nada de importante.
Vou para meu quarto e retiro minha roupa e meus sapatos, caminho para o banheiro, abro o registro e me enfio embaixo da agua quente. Olhos azuis veem me atormentar, algo naquela moça mexeu comigo e eu não sei explicar ao certo o que foi, porém, de qualquer forma, não consigo tirá-la de minha mente. Depois do banho, enxugo apenas meu corpo e me deito e, mesmo em meus sonhos, ela vem me perturbar.

[...]

Estava correndo quando algo me chama atenção. Vejo uma cabeleira ruiva que me parece familiar, vou atrás, porém, no meio da multidão, eu a perco de vista.
Quando chego em casa, depois de minha corrida, vou direto para a ducha e fico ali embaixo da água pensando o que deixei passar, pois segundo a gerência do banco que me ligou, eles não foram capazes de descobrir nada e isso me leva a estaca zero.
Depois do banho, me enrolo na toalha e vou tomar meu café, faço uma xícara enorme de café forte. Depois de tomar café vou e arrumar, visto um meu terno risca de giz com uma gravata vermelha, quando, finalmente, estou pronto, vou até minha garagem e pego o carro, seguindo para o restaurante para ver se consigo descobrir quem é que está por trás do roubo no restaurante.
Quando estou abrindo a porta do restaurante percebo que a luz do escritório que fica bem de frente para a porta de entrada foi apagada às pressas, olho ao meu redor e vejo que tudo está, aparentemente, no lugar, penso ter sido algo de minha mente e vou andando entre as mesas que estão com as cadeiras sobre elas. Mas, quando estou perto da porta grande de metal da cozinha, escuto algo cair dentro do escritório, penso que possa ser Miguel, mas quando chamo pelo seu nome ninguém me responde.
Uma sensação estranha toma conta de mim, sinto que a algo de errado acontecendo ali, chamo novamente por Miguel, mas, não tenho nenhuma resposta, eu até penso que poder ser uma brincadeira muito sem graça dele, vou caminhando em direção do escritório e, ao abrir a porta, já sei que não se trata de Miguel. Coloco minhas mãos no interruptor, então, sinto que sou golpeado na cabeça, mesmo tonto tento me virar para ver quem foi que me bateu, porém, outra pancada me atinge, me deixando tonto até que eu caia e não veja mais nada.
No momento em que acordo, eu dou de cara com Miguel e ele está com cara de confuso. Eu quero bater nele, mas, ele se esquiva.
- Que foi cara você está maluco?
- Você que está maluco! Você me bateu...
- Quê? Eu não te bati coisa nenhuma, quando eu cheguei aqui, te encontrei caído aqui no chão. – retruca.
- Então, se não foi você... Quem estava aqui? Quem me deu uma pancada na cabeça? – pergunto ainda confuso pela dor.
- Cara, isso eu não sei, mais pela pancada tenho certeza de que a pessoa queria te matar. – sentencia.
Nesse momento, eu me lembro das câmeras.
- Vamos olhar as câmeras para achar esse maldito.
- Eu já verifiquei, cara! Quem fez isso, teve a audácia de apagar tudo sobre hoje, agora vamos pra delegacia para prestar queixa.
[...]
De volta no restaurante, eu me perguntei se adiantaria em algo ter ido à delegacia. Eu não quis ir para casa. Eu não ia conseguir ficar em casa sabendo que alguém tentou me matar. Mas, quando entro, lembro-me de um detalhe: apenas três pessoas tinha a porra da chave do restaurante.
- Mauricio!
- Quê?
- O Mauricio, o nosso entregador, ele é a única pessoa que, além de nós dois, tem a chave daqui.
Vamos até à cozinha e perguntamos por ele, mas ninguém ali sabe nos informar onde que ele se encontra, no momento em que estamos saindo, damos de cara com ele, e na mesma hora sei que foi ele que estava dentro do escritório e que foi ele quem me bateu. Apesar da sua tentativa de correr, Maurício é apanhado por Miguel.
- Qual é a pressa, Mauricio? Onde pensa que você vai?
Eu chego mais perto e seu olhar me arrepia. É um olhar frio, cínico, um olhar de quem não tem medo e que fará de tudo para conseguir escapar antes de ir para a delegacia.
Pego meu celular e ligo para a polícia e informo que estou com quem me atacou detido dentro do restaurante. Quando desligo, Mauricio me olha e sorri.
- Você não tem como provar que fui eu quem atacou você.
- Mas, eu sei que foi e farei de tudo para que apodreça atrás das grades. – eu grito a última parte, porque já estou com ódio desse infeliz.
Miguel está segurando-o para que não fuja e para que dê tempo da polícia chegar.
Ao ser interrogado, ele olha para o policial e diz que tem álibi para hoje à tarde e que eles podem checar. O policial liga para o número que ele passa e depois que desliga diz para que soltemos, pois o álibi confere.
- Mas como assim confere? Você nem sequer sabe de onde é esse número. E se for algum conhecido ajudando ele?
- Olha, meu senhor, eu sinto muito mais creio que o senhor esteja levando isso para o lado pessoal, o rapaz passou o número, eu liguei e foi confirmado o álibi, então não poderei fazer nada.
- Mas, é claro que eu estou levando para o pessoal, esse maldito quase me matou. Ou você acha que eu mesmo fiz essa porra na minha cabeça? – eu estou nervoso e acabo gritando a última parte, tudo bem que a justiça nesse país é uma porcaria, mas esse policial só pode estar de brincadeira na minha cara, pois nem levar Maurício para prestar depoimento ele quer.
- Senhor, se o não maneirar esse tom de voz comigo eu terei que levar o senhor para a delegacia e creio que o senhor não irá gostar nem um pouco.
Eu dou uma gargalhada cínica.
- Ah sim, claro, pois eu que fui atacado posso ser levado para a delegacia, mas esse marginal que me atacou vai sair daqui livre. É muita cara de pau.
Miguel pede para que eu me acalme, pois daremos um jeito de provar que foi aquele maldito quem invadiu o escritório e me agrediu, mas que por agora é para deixarmos ir.
Depois que o policial vai embora, Mauricio cai na gargalhada, pois conseguiu sair ileso de tudo isso.
- Vocês sabem que eu posso processar vocês, não sabem? Mas é claro que eu posso esquecer esse pequeno incidente se vocês contribuírem para que minha boca fique fechada.
Eu sem pensar em nada dou um soco na cara de pau daquele babaca, e, quando vou bater de novo, Miguel me segura para que eu não me complique.
- Cara, se acalma, não podemos nos prejudicar! Precisamos é provar que ele está metido no roubo do restaurante, eu sei que você quer mata-lo, eu também, mas temos que ter calma, agora não é a hora.
Eu não aguentava mais ficar olhando para a cara daquele imundo, saio do restaurante, pego meu carro e dirijo sem rumo.
Quando dou por mim, estou na rodovia Presidente Dutra, decido parar num posto para comer e abastecer o carro.
Ao entrar, peço um café e um pão de queijo, depois que sou atendido, sento em uma mesa e passo a observar tudo ao meu redor. Toda essa gente indo ou vindo de algum lugar, e tudo que eu quero é ficar aqui sentado e esquecer toda a merda que anda me acontecendo todos esses dias.

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