Quando meu telefone tocou, eu praguejei, pois, não queria perder aquele contato com Samantha por nada. Estava tão gostoso. Essa sensação que há tempos eu não sentia. Nem Joyce foi capaz de me deixar do jeito que Samantha apenas com seu olhar me deixa.
Ela me enlouquece, eu ainda não sei o que estou sentindo, mas, sei que é mais que uma mera atração. Quando volto para a sala depois de atender a ligação, vejo-a dormindo, chego perto dela e a chamo.
- Samantha! - digo tocando nela com calma.
Quando ela abre os olhos, me parece um anjo, ela me olha confusa e eu explico.
- Eu tenho que ir, era meu chefe no telefone, temos mais problemas no restaurante.
- Tudo bem, eu vou arrumar as minhas coisas e deixo a sua chave com o porteiro, pode ser?
- Você tem para onde ir? - ela olha para baixo.
- Sim.
- Certo! Leve o tempo que for preciso.
Digo, já pegando minhas coisas para sair e, quando estou virando as costas para ir para a garagem, eu me lembro de que não tenho o número do celular dela.
- Será que você poderia passar o seu número de celular para mim?
Ela me olha e se levanta vindo até perto de mim.
- Me passa o seu. Depois eu te ligo, e você marca meu número.
Eu passo para ela o número e, antes que ela se afaste, eu a puxo para junto de mim e a beijo.
O nosso beijo começa a esquentar, ela leva suas mãos aos meus cabelos e os puxa levemente, eu aperto sua cintura fazendo com que venha mais para perto de mim, mordo seu lábio inferior e ela sorri, e puxa mais um pouco meu cabelo.
Eu a levanto, colocando em meu colo e a levo para o sofá, mas quando vou para beijá-la novamente, ela me para.
- Você não estava atrasado?
- Sim, mas, meu compromisso pode esperar mais um pouquinho.
- Não, vá para seu compromisso que eu vou resolver meus problemas, depois, mais tarde, eu te ligo e conversamos, tudo bem?
Respiro fundo, frustrado, mas tenho que concordar, temos que resolver nossas vidas antes de nos envolvermos.
Dou-lhe um último beijo e um abraço bem apertado, me despedido dela, e vou para a garagem pegar meu carro, entro no carro e, quando paro na portaria, aviso que Samantha irá deixar as minhas chaves lá.
Seu Joaquim apenas diz que tudo bem e eu sigo meu caminho.
Quando estou com ela, eu a quero proteger, quero mantê-la em meus braços e não soltar nunca mais. Mas, sei que ela esconde algo, sei que ela não confia em mim ao ponto de se abrir, eu até entendo, mas eu preciso saber, para tentar ajudá-la e para protegê-la melhor. Quero saber quem é esse tal de Fernando e o porquê do pai dela estar envolvido com pessoas como ele.
O que me intriga também é o porquê de ela não ter ido pedir ajudar para o senador, já que os dois eram namorados, pois, mesmo que ele tenha traído-a, ele é poderoso, poderia livrar ela de todos esses problemas, fico pensando em tudo isso até que percebo que já estou na frente do restaurante.
Quando desço do carro, ligo o alarme e me encaminho para a porta, assim que abro dou de cara com um Miguel nervoso.
- O que houve cara?
- Sumiram mais cinquenta mil de nossa conta!
- Como assim? Eu não acredito que Mauricio teve a coragem de nos roubar mais uma vez! Eu vou matar esse cara.
- Ai é que está o problema, ontem, depois de toda aquela confusão, eu coloquei o Nogueira atrás dele e eu já liguei para o Nogueira e ele me disse que Mauricio não saiu de dentro de casa ontem e nem hoje o dia todo. E, outra, ele já não tem mais a cópia da chave daqui do restaurante.
- Mas, e se ele tiver outra cópia e deu para outra pessoa?
- Sim, mas, quem?
- Não sei, mas, que deve ter alguém com ele por trás disso. Ah isso eu tenho certeza, só temos que descobrir quem é.
Chamamos a polícia e, em menos de quinze minutos, eles estão ali, mas para o meu desgosto são os mesmos policiais que estiveram aqui à noite.
Eles entram e veem até nós com um sorriso divertido nos lábios como se estivessem se divertindo com a nossa cara.
- Vocês de novo? Quem vocês vão acusar dessa vez, espero que tenham provas, pois não temos tempo para perder com palhaçada não.
- Nós chamamos vocês exatamente para descobrir quem é que está nos roubando, pois ontem anoite depois que fechamos alguém estrou aqui e roubou mais cinquenta mil de nossa conta.
- Vocês tem certeza de que foi roubo? Pode ter sido a mulher de vocês que pegaram para fazer compras. - ele diz sorrindo, como se fosse uma piada.
- Em primeiro lugar, não temos mulheres e, em segundo, não chamaríamos vocês até aqui se não tivéssemos certeza de que se trata de um roubo.
- Então nós vamos dar uma olhada no local para saber se quem invadiu aqui deixou alguma pista. - eles passam a andar pelo restaurante, mexendo aqui e ali e depois meia hora eles voltam.
- Nós olhamos e recolhemos algumas possíveis evidências, iremos precisar das digitais de vocês para descartar vocês.
Depois de fornecermos nossas digitais eles passa a arrumar as coisas deles.
- Qualquer informação, nós entramos em contato com vocês, vamos mandar essas digitais que achamos para analisar.
Me controlo para não dizer o que penso. Apenas estendo minha mão e sorrio.
- Muito obrigado por virem tão rápido, estaremos esperando por notícias, passar bem. - apertamos nossas mãos e eles se vão.
Me viro para Miguel e ele está pensando o mesmo que eu.
- Eles não darão a mínima para esse assalto. - diz Miguel se sentando, passando as mãos em seus cabelos em sinal claro de nervosismo.
- Você viu a cara daquele policial, ele está zombando com a nossa cara, eles não vão fazer nada, assim como não fizeram nada com Mauricio. - bufo estressado e me levanto.
- Aonde você vai cara?
- Eu vou atrás de pistas sozinho, e, quando achar, esfrego na cara desses imbecis. - falo já me virando e saindo.
Vou até a loja de Carlos, um antiquário que, segundo ele, tem coisas lá até de Dom Pedro Segundo. Eu não acredito muito, mas, Carlos é um cara muito legal, sempre que precisamos, ele nos ajuda se pedir nada em troca. Bato em sua porta e ele não demora abre.
- Antoni! Meu amigo, quanto tempo! A que devo a honra?
- Cara, será que eu poderia ver as câmeras de segurança aqui da loja?
- Aconteceu alguma coisa?
- Ontem à noite invadiram o restaurante e roubarão mais de cinquenta mil. Eu queria saber se as suas câmeras registraram alguma coisa, pois as daqui foram desligadas. - digo apontando para o restaurante.
- Vamos até à sala de segurança.
Eu acompanho-o até a sala e ele passa a procurar pelas imagens, mas, não as encontra. Ao que tudo indica elas foram apagadas.
Ele está confuso e eu o compreendo, pois, estou do mesmo jeito.
- Antoni, meu amigo, eu não sei o que está acontecendo, pois, deveria estar tudo gravado.
Respiro profundamente, já era de se esperar, se quem entrou lá no restaurante teve a audácia de desligar as câmeras de lá, aqui também não seria diferente, quem está por de trás desse roubo é muito bem treinado e não quer ser descoberto.
- Tudo bem Carlos, eu já deveria adivinhar que as imagens não estariam ai, eu vou dar uma olhada nas próximas lojas para ver se os deles também foram apagados. - falo já me despedindo dele e indo para a próxima loja.
[...]
Durante toda aquela tarde, eu andei de loja em loja a procura de alguns vestígios que indicasse quem estivera dentro do restaurante, mas assim como as câmeras do restaurante e como as de Carlos todas tinham sido desligadas no mesmo momento.
Quando volto para o restaurante estou exausto, tudo o que eu quero é sentar e é exatamente o que faço, vou até o escritório e me sento.
Miguel está ao telefone com Gustavo.
Gustavo é amigo de Miguel desde que eles estavam no maternal, e isso acabou nos tornando amigos também. Gustavo é medico trabalha em um hospital pediátrico e tem a sua própria clínica.
Depois que Miguel desliga ele me olha e suspira.
- Pela sua cara, já sei que não conseguiu descobrir nada, não é mesmo?
- Cara, eu fui a cada maldita loja e, em todas, é a mesma coisa, as imagens foram apagadas, ou a câmera foi desligada, eu já não sei o que faremos para descobrir quem foi o maldito que esteve aqui e se ele tem alguma ligação com Mauricio.
- Calma, cara, com o tempo nós vamos conseguir descobrir, agora o que temos que fazer é não deixar mais aqui os computadores e muito menos dinheiro, pois quem fez isso sabe muito bem a rotina do restaurante, só não entraram no cofre, porque somos os únicos que sabemos a senha.
Depois de descansar um pouco mesmo com minha mente ainda martelando para saber quem está por trás de tudo isso, olho para meu relógio e vejo que já está na hora de começar a me arrumar.
Me levanto e vou em direção ao vestiário, no caminho passo pela cozinha e vejo que todos estão prontos para mais um dia, todos em seus uniformes brancos impecáveis, as panelas, frigideiras pendurados sobre um balcão de alumínio brilhante, comprimento alguns dos funcionários e vou em direção à porta do vestiário.
Assim que abro a porta, vejo Natália terminando de se arrumar, ela é uma garota incrível, mas, que não se dá ao devido valor, todos aqui já ficaram com ela, eu, inclusive. Não vou negar, ela é linda. Logo que ela sai, eu ainda fico ali olhando a minha volta, seu perfume de jasmim toma conta do ambiente, as paredes brancas dão um ar calmo para aquele vestiário, mas, quando está na hora de todos entrarem ou saírem, aquilo vira um verdadeiro hospício.
Retiro meu terno tranquilamente e vou rumo ao chuveiro e o abro colocando na água fria e assim que coloco minha cabeça em baixo da água, cabelos vermelhos como fogo veem em minha mente. Eu me lembro de que ela havia dito que iria entrar em contato, mas, eu nem tive tempo de olhar para o celular hoje.
Termino o meu banho rapidamente para ver se há alguma ligação perdida, mas, assim que pego o celular em minhas mãos não há nenhuma ligação nem dela e nem de ninguém. Me pergunto se ela esqueceu ou se apenas não quis entrar em contato, sei que, com apenas uma ligação para Raul, eu consigo o número dela, mas decido esperar até estar em casa para tomar alguma decisão.
[...]
A noite no restaurante foi muito corrida, depois de mais uma briga de Miguel com Alexia ele resolveu que vai embora.
- Cara, como assim você vai embora?
- Não estou com cabeça para mais nada...
- Mas, isso já está virando mania né?! Você não acha que já está mais do que na hora de se acertar de vez com Alexia? Ou de contratar um cozinheiro para ficar no seu lugar a cada briga que você e Alexia tiverem.
- Cara, não é para tanto, eu sempre estou aqui.
Olho para ele achando o cúmulo o que ele acabou de dizer.
- Só essa semana vocês já se desentenderam duas vezes e eu tive que ficar no seu lugar. E, eu não sei se você se lembra, mas eu sou gerente e não cozinheiro.
- Eu vou resolver essa merda toda. - ele diz indo embora e mais uma vez fico ali me desdobrando em duas funções.
Como de costume, na hora de ir embora, eu passo na casa de Mel para saber como ela está. Desço do carro e o travo, caminho lentamente, pois, todo meu corpo dói, mas mais alguns passos e eu estou de frente a porta da casa em que cresci.
Tantas lembranças me invadem a cada vez em que estou parado aqui. Essa porta branca cheia de detalhes de flores, que eu sempre achei muito afeminada para uma casa em que moravam homens, mas, mamãe nunca quis trocar. Ela sempre gostou assim e se mamãe gostava eu também gostava, eu fazia de tudo para agradar a minha mãezinha.
Hoje tudo o que ela quer saber é de viajar o mundo com papai, o que eu acho mais que certo, afinal eu e mel já estamos criados e sabemos muito bem nos cuidar agora é hora deles se divertirem.
Eu toco a campainha e, depois de uns dois minutos, minha irmã atende com lágrimas em seus olhos.
- Mel o que foi, vocês estão bem? - digo me referindo a ela e ao bebê.
Ela tenta se acalmar, mas, não tem sucesso.
- Toni... Eu... Eu recebi uma encomenda hoje destinada a você, e, como sou curiosa você sabe, fui lá e abri, pois há muito tempo não chegava nada para você...
Ela respira profundamente mais uma vez, mas quando olha em meus olhos vejo medo.
- Mel, que encomenda é essa? Diz logo, pelo amor de Deus, que eu já estou ficando apavorado.
- Venha é melhor que você mesmo veja. - ela diz já me puxando pela mão me levando para dentro da casa.
Quando paro de frente a uma grande caixa de isopor, meu coração gela.
Dentro a minha cachorra, Babi, que estava sumida. Eu não sei como ainda estou de pé, pois minhas pernas estão tremendo, meu estômago está embrulhado e eu fico zonzo. Eu tinha Babi desde que havia me mudado para o meu apartamento, ela tinha sido presente de Mel para que eu não me sentisse sozinho quando chegasse em casa depois de uma noite cansativa de serviço.
Eu choro, pois, meu amor por aquela cachorra não tinha tamanho e vê-la naquele estado está me matando. Minha cachorra está morta ali naquela caixa, meu estômago embrulha mais e eu acabo vomitando ali mesmo.
Quando me recupero, fecho a caixa rapidamente sem conseguir olhar para dentro de novo. Minha irmã está com um papel em suas mãos e me entrega.
- Isso estava junto!
Pego o papel em minhas mãos e tudo o que diz é: FIQUE FORA, OU A PRÓXIMA SERÁ SUA LINDA IRMÃ.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tudo Por Você
RomanceEle foi marcado pela dor de um passado de mentiras, enganado pela mulher que amava, Antoni já não acredita mais tão facilmente nas mulheres. Ela, uma mulher mais forte do que parece, para salvar a família, se submeteu ao mais destrutivo d...