Capítulo 4 : Garoto

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Fiquei em choque ao ver aquela pena. Sabia que alguma coisa estava errada, mas eu não sei o por que. Fiquei encarando aquela pena muito tempo tentando entender como é possível. Não deveria ser possível.

Depois de um tempo, comecei a notar que a dor na minhas costas apareceu. Ela se fincou em mim e eu não consegui me livrar dela. Parecia que algo dentro de mim queria sair! Eu levantei em pânico e precisava entender, mas a dor era tanta que fez eu perder o controle do meu corpo e eu bati e derrubei tudo. Não conseguia relaxar. Após uns minutos, senti que aquela dor queria sair, então eu deixei e logo depois, a dor parou. Senti algo nas minhas costas e quando me olhei no espelho, não acreditei no que vi. Asas! Em mim! Nas minhas costas! Como ou porque ecoaram na minha mente. Sentia como se tivesse todo o mundo do nas costas, mas o barulho irritante do telefone me salvou desses pensamentos.

-O que houve? Eu te esperei no refeitório. - ouço a voz de Leo e suspiro.

-Sinto muito, eu fui embora. Eu estava cansada.

-Tudo bem, Mas e a sua apresentação?

-Fui expulsa. Acabou as minhas chances. -fico triste ao pensar nisso.

-Não fica assim. Olha, vem aqui no bar e a bebida é por cortesia da casa.

-Obrigada, mas vou ficar um tempo sem beber depois daquilo.

-Tudo bem, eu estou indo trabalhar. E você? 

-Vou ficar aqui em casa. Tchau.

-Tchau e se cuida, maluca. - esse é o jeito de Leo me dizer que me amava.

-Eu também te amo, Leo. Não seja demitido. - ouço sua risada e desligo, encerrando a chamada.

Leo é um ótimo amigo, mas acho que ele não entenderia esse segredo da asa, principalmente por que nem eu entendo. Depois desse telefonema, fui ao banheiro e olhei elas com cuidado. Elas não eram muito grande nem muito pequena. Acho que era no tamanho perfeito. Eu conseguia movimentar e mexer elas, mas voar? Acho que não. 

Qual seria o sentido de asas? Não consegui pensar em mais nada. Mas elas eram tão lindas e não compartilhar seria um pecado. Mas eu não posso. Eu me arrumei e coloquei uma jaqueta tampando as asas e sai. Precisava tomar um ar no chão não há mais de dez metros do chão. Fui caminhando e quando percebi estava na escola. Apesar de ser almoço, tinha muitas pessoas no pátio, e um medo constante de que alguém me pegaria foi aterrorizante. Me encolhi e comecei a caminhar onde vi um garoto sentado num banco e algo me chamou a atenção dele. Não foi suas roupas, ou o cabelo, muito menos a beleza. Era outra coisa. Algo que eu não tinha ideia.

Comecei a encara-lo e eu comecei a ouvir os sentimentos dele. "Ela nunca iria prestar atenção em mim". Isso ecoou na minha mente. Parecia que ele estava falando comigo, ou melhor, eu ouvia ele. Era estranho, mas eu tinha uma sensação reconfortante. Como se... eu devesse fazer aquilo, como se fosse uma missão é eu estivesse destinada a fazer aquilo. Agora, eu entendi. Eu devia fazer aquilo pelas pessoas. Eu finalmente entendi. Eu era o Cupido. Por mais improvável que seja.

Meu Cupido [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora