Alone

o primeiro dia de aula

"Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

Abro a porta de casa e me deparo logo com minha companheira de sempre, a lua. Vou andando até chegar á praia, como sempre faço toda noite.
É noite de lua cheia, a minha fase de lua preferida. A lua é sempre bem clara onde eu moro, como a cidade é pequena e afastada da minha casa, não tinha muita claridade ali, me deixando a luz a lua.
Me sento sobre a areia e abraço minhas pernas.

-Como você está linda hoje.- falo, com a lua.

Fico observando o mar, o incessante ir e vir das ondas. Sempre quis ser uma onda. Por quê? Bom, quando eu era pequena, vinha com meu pai todo dia á praia, sempre fiquei me perguntando por quê as onda nunca cessavam, por quê o mar nunca ficava quieto? Será que ele nunca cansava disso?
Um dia perguntei ao meu pai. Ele me disse: "Filha, as ondas nunca param pôr que elas tem um motivo para nunca pararem de vir, é como se o amor delas estivesse aqui, na praia. Mas elas nunca acham ele, nunca. E como você vê, as ondas nunca desistem de procurá-lo, elas não cansam de vir porque elas tem um motivo para nunca parar. E, kristy, toda vez que eu saio para trabalhar eu só volto por sua causa, VOCÊ é meu motivo."

Uma lágrima perdida escapa no canto do meu olho. Queria tanto poder ter meu pai ao meu lado... Bom, mas eu tenho a lua. A lua é minha única amiga porque eu sei que a lua nunca vai morrer. Ela nunca vai me deixar.

*~*~*~*~*~*
Acordo com a brisa suave da praia, e o sol, pouco á pouco invadindo o quarto pela janela.
Me levanto e vou me arrumar para a escola.

Depois de me vestir e merendar, saio de casa e tranco a porta.
Enquanto ando, areia entra por dentro do sapato, mas já estou acostumada com isso. Vou me afastando casa vez mais da praia.

Ao chegar na escola, vários adolescentes estavam espalhados por todo o lugar. Um bando de meninas (as patricinhas da escola) estavam olhando para mim e rindo baixo.

-Chegou a esquisita da escola.- falou a garota do meio, Anne, a líder do grupinho.

Passo na frente delas com a cabeça erguida.

Só mais um ano Kristy, só mais um ano.

Falo para mim mesmo, em pensamento.
Vou até meu armário e abro ele para pegar os livros, quando eu pego, eu fecho o armário, e uma garota estava lá, encostada no armário do lado.

-Olá.- ela diz.

Olho para trás.

- Estou falando com você.- ela diz, e ri.

-Porquê você tá falando comigo? Ninguém fala comigo aqui.

- Eu não sou eles. E não te acho esquisita. Sim, eu vi aquelas garotas zombando de você.

Fico olhando para ela. Fazia tempo que eu não conversava realmente. Claro que eu falava com algumas pessoas, mais não passava de "obrigado" "com licença" e tal.

-Am... Você é de que sala?- pergunto.

-Eu sou novata aqui. Achei que você poderia me ajudar.

Ela me entregou um papel e lá tinha o número da sala dela.

-É a mesma que a minha.- eu disse.

-Ótimo! Vamos.- começamos a andar pelo corredor. Algumas pessoas olhavam para ela, tipo " qual o problema daquela garota?"

-Então, como é seu nome?- ela pergunta.

-Kristy. Kristy Adams. E o seu?

-Mary Lancaster.

*~*~*~*~*
Quando a aula terminou, estávamos no corredor, e tinha muita gente lá, sabe como é né, hora da saída é sempre um alvoroço.

-... Então eu disse: mãe eu não posso me mudar, eu tinha uma vida lá, sabe. Pois é, aí ele disse...-Mary estava me contando sobre a vida dela. Eu estava escutando, e concordando algumas vezes, mas minha cabeça não estava lá.

Até que as pessoas que estavam na nossa frente foram abrindo passagem, mais eu não. Anne, suas amigas e os jogadores de basket do time da escola estavam passando pelo caminho que havia sido aberto para eles.
Mary segurou meu braço, e me puxou, mais eu não fui. Eu me recuso á abrir caminho para alguns idiotas.

-Gente, cadê o zelador dessa escola? Tem um lixo na minha frente.- Anne falou. Algumas pessoas riram.

Ela estava segurando o braço do líder do time de basket. Ele era muito bonito. Realmente muito bonito. E estava olhando para mim, diretamente para mim...

Todo mundo está olhando para você, claro que ele também estaria, penso.

Olho para Anne.

-Tem espaço para você passar. Não vou sair daqui para você passar. Não vou mesmo.

-Olha aqui sua...- Anne falou gritando, mais foi interrompida.

-Qualé Anne, deixa a garota ir.- disse o líder do time. Ele não tirou os olhos de mim.

-Ok, mais só por você...- ela ia dar um beijo nele, mais bem na hora ele começou a andar. Acho que foi proposital. Eles passaram do meu lado, todos me encarando.

Depois que os chefões da escola dobraram o corredor, todos voltaram ao normal, e começou o barulho de novo. Fui em direção a saída.

-Nossa... Você é MUITO corajosa.- Mary disse.

-Eu só fiz o que tinha que fazer. Babacas não merecem respeito.

-Acho que nem todos daquele grupinho você considera babaca não é...

Olhei para ela.

-Tá falando do líder do time de basket? Haha, ele é o mais babaca.

-Nem vem com essa ok? Eu vi vocês dois se olhando.

-Tudo bem, aquilo foi um pouco estranho...

Estávamos na rua.

-Ok... Até amanhã Kris.

Apenas acenei com a mão, e me mandei.